A aplicação do conhecimento acadêmico produzido pela Unimontes em benefício da comunidade passa também pelo bem-estar dos próprios servidores e colaboradores. Uma destas ferramentas está no programa “Mudança de Hábito & Estilo de Vida – Nutrição & Saúde”, de incentivo às práticas saudáveis na prevenção de doenças e na melhoria da qualidade de vida, que completou recentemente uma década de implantação, como iniciativa do Serviço de Nutrição Clinica Ambulatorial com o apoio do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) e da Diretoria de Desenvolvimento de Recursos Humanos (DDRH).

Um dos diferenciais está na participação voluntária dos servidores e colaboradores, que se propõem a uma intervenção nutricional, com mudança nos comportamentos alimentares e no estilo de vida.Consequentemente, as ações de educação em saúde ajudam no combate à obesidade, ao risco de doenças cardiovasculares e do Diabetes e, até mesmo, aos distúrbios psicológicos.

Nesses dez primeiros anos, foram atendidos 850 servidores, muitos deles ainda em acompanhamento na fase de manutenção do estado nutricional, com retornos periódicos. Semanalmente, novos servidores ingressam no programa.

Diante da grande adesão dos servidores, a Universidade conta com o Ambulatório de Nutrição Clínica, que funciona no prédio do Centro Ambulatorial de Especialidades Tancredo Neves (Caetan).

PESQUISA

Coordenadora do programa, a nutricionista clínica Gislaine Cândida Batista Jorge é mestre em Ciências da Saúde e, atualmente, está em fase de conclusão do doutorado na mesma área, ambos pela Unimontes. Ela lembra que o excesso de peso é, atualmente, uma epidemia mundial e um problema de saúde em nível nacional, já que acomete um a cada dois adultos no Brasil. Entre as crianças, o número também é preocupante: uma em cada três convive com o excesso de peso.

A nutricionista clínica e coordenadora do programa Gislaine Batista em atendimento à servidora Jaqueline Santos

Diante desse cenário, a partir da possibilidade de efeito multiplicador junto aos familiares e em pessoas mais próximas, surgiu como estratégia intensificar a proposta do programa: uma pesquisa com a participação de 400 indivíduos (a partir dos 18 anos), com acompanhamento ao longo de 12 semanas contínuas avaliou os efeitos de uma intervenção nutricional individualizada sobre a perda de peso e os fatores de risco associados à Síndrome Metabólica.

Trata se de um estudo de desenho longitudinal quase-experimental, com avaliações compreendendo um período de intervenção dietética de 12 semanas com base em aconselhamento nutricional. Sendo avaliados antes da entrega do plano dietético individualizado, no Tempo zero (T0), por anamnese nutricional, RD24h (relato alimentar), avaliação antropométrica (peso, altura e dimensões corporais) e metabólica. Um primeiro dado impressionou: 79,4% dos participantes não faziam qualquer atividade física. A frequência de sobrepeso foi de 37%; e de obesidade 36,5% na população avaliada.

A partir daí, todos os participantes receberam o plano nutricional, com orientações específicas sobre cada característica, biótipo e diagnóstico verificado. As avaliações foram feitas mensalmente, com o retorno a cada quatro semanas.

Dos 400 iniciantes na pesquisa, 59,2% seguiram até a última fase de acompanhamento. Segundo os dados, os homens apresentaram uma perda média em 6,7% do peso inicial e as mulheres de 5%, com redução significante do índice de massa corporal (IMC) e nos níveis de glicemia, colesterol total, triglicérides e o aumento do HDL-c (o chamado colesterol “bom”).

“Os participantes experimentaram uma redução dos fatores de risco individuais na síndrome metabólica (SM). Como conclusão, entendemos que os resultados obtidos indicam que os efeitos de uma intervenção nutricional sobre a gestão de perda de peso e controle metabólico foram bastante efetivos”, explica Gislaine Batista Jorge, que exerce a assistência nutricional há 21 anos nessa universidade.

Sérgio Sousa Santos, doutor em Fisiologia e Farmacologia, foi o orientador da nutricionista durante a pesquisa. “A pesquisa é um marco nos estudos nutricionais realizados em Montes Claros e possui relevância internacional, com parte dos dados publicados em uma das mais prestigiadas revistas da Europa na área de nutrição clínica. Os achados enaltecem a relevância da assistência em nutrição clínica realizada pela profissional no Hospital Universitário e se torna um ponto marcante e diferencial na promoção da saúde no Norte de Minas.”

Sérgio Sousa Santos, doutor em Fisiologia e Farmacologia

Os relatos demonstram melhor saúde física, psíquica e social, como da auxiliar administrativo universitário Heloísa Rodrigues Moreira, que trabalha no prédio da Reitoria, no campus-sede. “Desde adolescente, alternava dietas e oscilava na perda e ganho de peso. Mas sempre fui sedentária. Fazia o serviço de casa, trabalhava o dia todo e me sentia muito cansada. Percebi que não tinha mais a mesma disposição de antes”.

Em 2013, Heloísa passou por um susto. Ao sair de casa para embarcar no ônibus que a levaria à Unimontes, desmaiou e recobrou a consciência minutos depois. “Aquele fato foi crucial pra mim. Foi aí que procurei o programa Nutrição & Saúde. Em 2013, após uma mudança de hábitos e adoção da prática diária de atividade física, ganhei saúde e perdi peso, exatamente 31 quilos no decorrer de um ano”.

Segundo ela, é preciso ter foco e consciência de que tudo será benéfico. “O processo de emagrecimento é longo, mas compensador. Minha mudança também impactou nos hábitos da família. Todos à volta ganharam mais qualidade de vida”, disse.

Em um ano, Heloísa Rodrigues Moreira adquiriu novos hábitos e recuperou a saúde.

Quem também relata a experiência é Jaqueline Rodrigues Ferreira Santos, técnica em enfermagem que atua na Pediatria do Hospital Universitário Clemente de Faria. Ela aderiu ao programa em julho de 2019. Aos 37 anos, ela lutava contra uma hipertensão resistente, que a levou inclusive a uma internação de mais de 30 dias. “O medo da morte e deixar minha filha sem mãe foram fundamentais para que eu decidisse mudar de vida”, recorda.

Diagnosticada com obesidade grau 3, Jaqueline recebeu orientações sobre reeducação  alimentar e prática de atividade física e já perdeu mais de 15 quilos. “Aos poucos, fui recuperando a autoestima que eu não tinha. Não sentia vergonha de ser gorda. Participar do programa me ajudou a querer cuidar da aparência e saúde. A hipertensão está controlada e me sinto cada dia mais estimulada e feliz”.

O antes e depois da servidora Jaqueline Santos: autoestima recuperada.

“É gratificante desenvolver este programa de grande relevância clínica, eficaz no tratamento, na prevenção da obesidade e suas comorbidades e promoção da saúde. No dia a dia de atendimento ambulatorial são vários os relatos dos pacientes sobre a dificuldade de perda de peso. Muitos já tentaram de tudo para emagrecer, não aderindo a uma reeducação alimentar de fato, justamente por colocar em prática procedimentos radicais e não sustentáveis em longo prazo. Além da reeducação alimentar, adoção consistente de práticas alimentares saudáveis, é preciso de fato mudar os hábitos de estilo de vida  e abraçar de vez uma proposta de melhor qualidade de vida, isso é, mudança comportamental”, destaca a pesquisadora Gislaine Batista Jorge.

Programa

Os servidores interessados em participar do Programa Nutrição & Saúde, assistência nutricional clínica devem agendar consulta diretamente no ambulatório 2º andar/agendamento do Centro de Especialidades Tancredo Neves – CAETAN/ HUCF (Av. Cula Mangabeira) para a Nutrição Clínica, não há necessidade de encaminhamento médico.

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