A obra do escritor Manoel Ambrósio Alves de Oliveira (1865/1912), natural de Januária (Norte de Minas), é abordada no livro “Pedro brabo e o diabo”, que tem como organizadores a professora Jonice dos Reis Procópio, do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e três egressos da instituição.

Professora Jonice

Dois deles são graduados em História: Aparecido Pereira Cardoso, que é mestre em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Franca) e Jorge Luiz Teixeira Ribas (também mestre na área pela Universidade Estadual de Montes Claros). Ainda participou da organização da obra Aimeé Lafetá Guimarães, graduada em Letras e mestre em Estudos Literários pela Unimontes.

O livro reúne nove contos de Manoel Ambrósio, dos quais oito foram publicados na revista carioca “A Noite Ilustrada” entre setembro de 1935 e julho de 1936. Apresenta ainda o conto inédito “A oração de Caim” (original sob guarda do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Professor Manoel Ambrósio, em Januária-MG

Entre os personagens da coletânea de contos destacam-se o coronel Serpa, o velho chefe de jagunços chamado Cangussú, o facínora e valentão Pedro Brabo, o fazendeiro João e sua “orgulhosa doença da branquidade”, o escravo Pai João, o homicida Gervásio Cascavel e a sinistra oração do “Creio em Deus Padre ao contrário”, “cachaceiro e brigão” Joaquim da Ponte e a bela Evangelina — Vanjú —, que aparou “à escovinha o cabelo” e “trajou-se de homem” para vingar o assassinato dos filhos.

Os contos de Manoel Ambrósio foram ambientados nos sertões do Rio São Francisco (Norte e Noroeste de Minas Gerais) entre 1865 e 1892, resgatando, nas palavras do autor, as histórias das “populações do interior com seus primitivos e coloniais costumes”.

Pesquisa no Centro de Documentação da Unimontes

Os textos são antecedidos por um perfil biográfico de Manoel Ambrósio, elaborado a partir de pesquisa documental no Centro de Pesquisa e Documentação da Unimontes, na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro), no Arquivo Público Mineiro e ainda com base na Coleção Mineiriana da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Belo Horizonte).

O professor Manoel Ambrósio foi, nas sábias palavras de seu biógrafo, Francisco de Vasconcellos “o maior expoente da cultura barranqueira de todos os tempos. Manoel tinha a alma popular dentro de si. Não era o intelectual encastelado na sua sabença e sim o homem simples e acessível, amante do contato com o povo, observador atento, espírito de elevada sagacidade”. “O ineditismo foi, aliás, um fato marcante em sua vida de escritor” e, sua obra, “é madeira de lei que não cede à voragem das pragas temporais”.

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Livro Garganta das Minas

O escritor e egresso em História da Unimontes Aparecido Pereira Cardoso também é autor do livro “A garganta das Minas: ensaios de História Regional”. O livro reúne 33 documentos relativos aos primórdios da formação histórica da região norte-mineira, focalizando a trajetória da família Cardoso no sertão do Rio São Francisco a partir do final do século XVII.

Conforme explica o autor, “em confronto com a visão mítica e heróica do sertanista Matias Cardoso de Almeida”, o livro está embasado em volumosa documentação e nos estudos acadêmicos mais recentes para dar contornos mais humanos à figura desse bandeirante paulista.

“A guerra, o cativeiro e o extermínio dos originários combatidos por Cardoso resultou na tomada das terras e formação dos primeiros latifúndios na região. Com o descobrimento das Minas, esse paulista e sua família comandaram vasta rede de descaminho e contrabando de ouro e mercadorias pelos caminhos do sertão, possibilitando-lhes a constituição do maior plantel de pessoas escravizadas e o controle político e administrativo da região”, descreve o historiador e egresso da Unimontes.

Ele destaca ainda que o livro questiona a “ideologia da catrumanidade” ao investigar a origem e os sentidos do termo “catrumano”, revelando sua verdadeira etimologia e o sentido racista que a palavra traz.

Entre os documentos inéditos presentes no livro destacam-se “Notícia das minas da América chamadas Geraes Pertencentes a El rei de Portugal, relatada pellos tres irmaos chamados Nunes os quaes rodaraó muytos annos por estas partes” e a “Descrição das Minas Gerais do Brasil”, documentos da Companhia Bosch, em Stuttgart/Alemanha.

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