Análise do Departamento de Economia da Unimontes é feita com base na reposição de estoques dos lojistas e há variações que chegam a quase 40%

O acúmulo da inflação nos últimos três meses terá influência direta na ceia de Natal do montes-clarense. É o que aponta o Índice de Preços ao Consumidor, do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (IPC/Unimontes), ao divulgar a mais recente pesquisa, com base nas cotações de setembro, outubro e novembro dos itens mais comuns para os festejos natalinos.

“Ainda vivemos um cenário influenciado pelas dificuldades financeiras causadas desde o início da pandemia da COVID-19, com a redução de renda e desemprego. E mesmo diante da queda do poder de compra do consumidor, celebrar o Natal é uma tradição principalmente afetiva”, justifica a professora doutora Vânia Villas Bôas, economista que coordena o IPC/Unimontes. “Focamos no período destes três meses porque é nesta linha de tempo que os lojistas fazem suas encomendas para compor os estoques de Natal”, acrescenta.

Entre as proteínas, por exemplo, as altas são bem consideráveis: filé mignon (38,5%), picanha (16%), frango (14,28%), lombo suíno e peru (9%), chester (8,5%) e pernil (6,5%).

Tradicional panetone entre os vilões na inflação calculada pelo IPC nos últimos 3 meses (imagem pública)

Da mesma forma, subiram os preços dos demais itens natalinos. O maior vilão é o tradicional panetone, com alta de 24%. Os vinhos nacionais subiram menos, mas é preciso saber escolher, já que o reajuste médio foi de 16,1%. As castanhas (16%), bombons (11%) e frutas (5,8%) prometem também pesar no bolso do consumidor que não mostrar criatividade para ceia natalina. Isso sem contar as azeitonas, com inflação de 22% nos últimos três meses.

DÓLAR

A influência do dólar aparece nítida para os produtos importados, como o bacalhau (16,5%), os vinhos italianos, chilenos e argentinos (24%) e as frutas importadas (18%), todos cotados a partir da moeda estrangeira.

“Diante deste cenário, o que eu sugiro para as pessoas é se reinventarem; usarem de muita criatividade para adaptar receitas”, destaca a pesquisadora. Entre as dicas que a professora Vânia Villas Boas faz é pesquisar bem antes de comprar, organizar bem a lista de convidados, fazer a “ceia compartilhada” (com os custos divididos entre os participantes)

Coordenadora do estudo sugere criatividade e muita pesquisa para encontrar o melhor preço para montar a ceia de Natal (Foto: Ailton Cruz)

O estudo mostra, ainda, a oscilação das cestas prontas de Natal, que contém porções fracionadas de 12 itens, tais como passas, pequenos panetones, chocolates, castanhas e nozes, espumantes em pequenas garrafas e biscoitos finos. “É uma opção de compra mais prática pela variedade de produtos que oferece, mas a variação média foi de 21,1% de setembro a novembro, o que exigirá do consumidor uma pesquisa mais precisa mais economizar no bolso”.

EXTRA?

Sobre o 13º salário como possibilidade para garantir a ceia, a professora Vânia Villas Boas se mostra bem realista. “Aparentemente, este salário extra seria um alívio para muitas famílias, mas ele chega praticamente comprometido porque o número de pessoas inadimplentes é alto neste período de pandemia. Além do que, a remuneração média do montes-clarense não é alta. Quem não tiver noção desta restrição orçamentária, vai continuar no vermelho com gastos descontrolados no Natal”, finaliza.

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