As imagens e gráficos são organizados diariamente, desde o primeiro registro da doença na mesorregião, no início de abril

O atual cenário de pandemia ampliou a demanda pelas diversas formas de abordagem sobre o Novo Coronavírus e, simultaneamente, a necessidade da população de acesso às informações confiáveis, em especial, de fontes na comunidade científica. E entre os trabalhos sobre a Covid-19 desenvolvidos pela Unimontes está a espacialização da doença na mesorregião do Norte de Minas, a partir de um projeto da Geografia da Saúde, disciplina optativa do curso de bacharelado em Geografia (campus-sede).

A iniciativa consiste na produção de mapas e gráficos com a ocorrência da doença nos quase 90 municípios da mesorregião. Os acadêmicos do 4º período são responsáveis pela construção das imagens, com a utilização de softwares de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) com a base cartográfica do IBGE e informações geradas pela missão SRTM (Nasa) – que são disponibilizadas pelo serviço de monitoramento por satélite da Embrapa.

QUASE 40%

No comparativo dos dados oficiais divulgados pelo Governo do Estado entre a primeira semana de abril e o último dia de maio (31/5), dos 89 municípios do Norte de Minas, 34 possuem casos confirmados da Covid-19. A marcha da doença representa 38,2% de incidência sobre a área da mesorregião.

A professora doutora Iara Maria Costa da Silveira é coordenadora do projeto e responsável pela disciplina. “A Geografia da Saúde tem por finalidade o estudo da distribuição e da predominância de doenças, bem como as alterações que podem ocorrer por intervenção dos diversos fatores geográficos e antropológicos verificados nestas manifestações”, explica.

No caso específico da Covid-19, a pesquisadora ressalta que, a partir deste projeto, a Unimontes disponibiliza os subsídios científicos capazes de demonstrar à população interessada, aos profissionais das diversas áreas e aos gestores da saúde detalhes do cenário da pandemia, como a distribuição dos casos, fluxo da contaminação; e onde estão os casos mais graves (e óbitos). “Com isso, a Geografia passa a contribuir na identificação rápida da distribuição dos casos, especialmente através das pesquisas elaboradas com os recursos técnicos e estudos regionais, utilizando como mediadores a Ciência Cartografia, o Geoprocessamento e a análise de dados”.

Primeiro mapa após o registro inicial de casos da Covid-19 no Norte de Minas…
… ao final de abril, eram 36 casos em 13 cidades…
… no último dia de maio, a ascensão: quase sete vezes mais o número de casos em relação a 30 de abril (Mapas: Alexon Alves)

DESDE O PRIMEIRO CASO

A base de dados para a elaboração dos mapas e dos gráficos são os relatórios oficiais divulgados periodicamente pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Os mapas e gráficos organizados pela Unimontes são diários e começaram a ser produzidos em 7 de abril, logo após a confirmação dos três primeiros casos no Norte de Minas (Montes Claros e Janaúba). Para se ter uma ideia da curva da Covid-19 na região, em 20 de abril o registro era de 13 casos (três mortes) e a doença havia avançado para mais quatro municípios (Espinosa, Monte Azul, Pirapora e Varzelândia).

No fechamento de abril (30/4), a Covid-19 já foi identificada oficialmente em 13 municípios norte-mineiros, com 36 casos oficiais na região (sendo seis mortes confirmadas). E agora, em 31 de maio, 250 casos (mais 9 mortes) em 38,2% das cidades da região.

“O mapa te permite visualizar a espacialização crescente dos casos dentro do Norte de Minas. Poderíamos ampliar a base de dados além do que dispõe a Secretaria de Estado de Saúde, mas nem todos os municípios oferecem um acesso mais fácil às informações oficiais”, avalia Alexon Alves, um dos acadêmicos do 4º período responsáveis pela organização dos mapas.

“RANKING DO ESTADO”

Norte de Minas ocupa o oitavo lugar entre as mesorregiões em número de casos…

Entre 5 de abril (primeiros registros) e o último domingo (31/5), são 250 casos confirmados (além de 9 óbitos) na mesorregião norte-mineira, sendo que 80 foram identificados no intervalo somente entre os quatro últimos dias (28 a 31 de maio). O gráfico mais recente, divulgado na manhã desta segunda-feira (31/5), identifica, ainda, na comparação com o restante de Minas Gerais há uma quantidade menor de casos. Das 11 mesorregiões, o Norte de Minas ocupa a 8ª colocação, com 250 casos, apenas 2,5% do total registrado em todo o Estado, à frente somente do Vale do Mucuri (2,5%), Central Mineira (2,3%), Noroeste (1,4%) e Jequitinhonha (1%).

No ranking de óbitos causados pela doença, com nove mortes, o Norte sobe para a sexta região com mais registros no Estado, 3,4% do total em Minas.

… e a sexta posição na listagem de óbitos causados pela doença

Mesmo com os números mudando a cada dia, com a tendência de ascendência, o projeto da Unimontes considera ainda é cedo para se associar a maior incidência nos municípios do Norte de Minas a alguma particularidade regional, como, por exemplo, se a migração que a população local realiza ou realizou foi fundamental para o crescimento de casos ou a influência do entroncamento rodoviário nacional que a região possui.

E ainda, a condição de referência de Montes Claros, com a economia baseada em indústria, comércio e serviços e que, por isso, recebe pessoas de várias partes do País, além do deslocamento acentuado de sua população na busca por mercadorias para o abastecimento de um modo geral.

“É necessário avaliar, também, se a população está sendo testada em cada localidade ou se há limitações na realização dos exames que, por enquanto, estão concentrados em Belo Horizonte”, acrescenta Alexon, que concilia os estudos da Geografia da Saúde com a profissão de engenheiro civil (área de estruturas de concreto armado e fundações).

Para o professor Gustavo Cepolini, coordenador do curso de bacharelado em Geografia/Unimontes, além da sistematização dos dados através dos mapas, gráficos e infográficos, os estudantes também poderão organizar ensaios e outros materiais para divulgação técnica-científica juntamente com os docentes. “Reforçamos e revelamos o potencial e responsabilidade social da Universidade”.

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