Após três meses de saldo negativo desde o inicio da pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19), o Norte de Minas registrou em junho último um saldo positivo no mercado formal de empregos e esta recuperação permaneceu em julho. A constatação é do Observatório do Trabalho do Norte de Minas (OTNM), implementado pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

O projeto é coordenado pelos professores Roney Versiani Sindeaux e Rogério Martins Furtado de Souza, do Departamento de Ciências da Administração (DCA), e está vinculado ao Grupo de Estudos de Pesquisas em Administração (Gepad).

O OTNM divulgou o segundo boletim especial com a análise dos efeitos da pandemia da Covid-19 no emprego formal no Norte de Minas e em Montes Claros, maior cidade da região com mais de 410 mil habitantes. E conforme o relatório do estudo, após a ampliação dos postos de trabalho em fevereiro, a partir de março – início da pandemia –, o saldo começou a ser negativo e, em abril, foi o pior mês para o mercado de trabalho na região, com a perda de 375 vínculos formais.

Pelo segundo mês consecutivo, o Norte de Minas teve índice positivo no mercado formal de empregos (Fotos: Christiano Jilvan | Ascom Unimontes)

Em maio, os desligamentos também foram maiores do que as contratações. Mas, em junho, depois de três meses de saldo negativo, houve saldo positivo, com as contratações superando os desligamentos em 324 vínculos formais.

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“Se em junho a recuperação dos postos de trabalho perdidos sinalizava um alento, em julho os números parecem demonstrar um início efetivo de recuperação do emprego formal, com as admissões superando os desligamentos em 712 vínculos”, destaca o boletim do Observatório do Trabalho.

DOBRO

Os coordenadores da pesquisa lembram que o saldo verificado em julho representa o dobro do saldo do mês de junho, “embora a região não tenha ainda atingido o nível de emprego que havia em fevereiro”. Assim, diz o informativo do OTNM, o Norte de Minas atingiu em julho o total de 165.989 vínculos formais ocupados.

As 712 contratações registradas em julho representaram um acréscimo de 0,43% em relação ao total de vínculos formais de empregos na região do mês de junho (165.277).

O professor Roney Sindeaux destaca que, até agora, abril foi o mês que teve o maior impacto dentro da pandemia na perda de empregos formais não somente no Norte de Minas, mas também em Minas Gerais. Ele ressalta que os dados de julho demonstram que é necessária a recuperação de cerca de 4 mil postos de trabalho para que a região volte a ter o mesmo número de vínculos de fevereiro (170.204), período anterior à pandemia.

“Se mantivermos o ritmo dos últimos dois meses de contratações e desligamentos, ou seja, de crescimento do saldo, levaremos em torno de quatro a seis meses para chegarmos ao patamar que registramos em fevereiro”, afirma Sindeaux.

No entanto, lembra o professor da Unimontes, “a dinâmica econômica não é linear e o ritmo de retomada desses empregos pode ser mais rápido ou até mais longo, dependendo de como os setores que mais empregam na região respondam à retomada da “pseudonormalidade”, bem como às políticas públicas que têm sido implementadas – e àquelas que ainda serão desenvolvidas – pelos diversos níveis de governo.

ANÁLISE REGIONAL – A coordenação do Observatório do Trabalho da Unimontes destaca que a análise das variações ocorridas no mês de julho demonstra que seis das sete microrregiões do Norte de Minas tiveram saldo positivo nos empregos formais. A única exceção é a microrregião de Janaúba.

As microrregiões que mais contribuíram para recuperação do mercado formal de postos de trabalho foram Montes Claros (412), Salinas (190), Bocaiuva (60) e Pirapora (36). As microrregiões de Januária e Grão Mogol contribuíram com 5 e 11 contratações de saldo, respectivamente.

A microrregião de Janaúba registrou saldo negativo (-2). De acordo com a pesquisa, os municípios norte-mineiros que apresentaram maiores saldos positivos nas admissões em julho foram Montes Claros (335), Salinas (73) e Buritizeiro (58). Na outra ponta, as cidades da região com maiores quantidades de desligamentos foram: Porteirinha (-46), Januária (-28) e Várzea da Palma (-21).

DINÂMICA

Os coordenadores do estudo ressaltam que a dinâmica interna nas microrregiões também apresenta diferenciações, sendo que os municípios-sede em geral são os principais responsáveis pelos resultados apresentados naquela microrregião.

No entanto, na microrregião de Janaúba, embora o município sede tenha registrado saldo positivo de 34 contratações, os demais (08 entre 13) apresentaram resultados negativos de saldo, com destaque para Porteirinha, cujo saldo foi de 46 desligamentos a mais do que as contratações realizadas.

Na microrregião de Januária, por outro lado, o município sede apresentou o pior resultado em saldo, com 28 desligamentos a mais que as admissões. Porém, o resultado da microrregião foi positivo devido, principalmente, aos municípios de São Francisco e Chapada Gaúcha, que contribuíram com saldo positivo de 16 e 13 contratações respectivamente.

Na microrregião de Pirapora, no mês de julho, destacam-se os resultados dos municípios de Buritizeiro, que apresentou 58 contratações de saldo e, por outro lado, de Várzea da Palma, que registrou 21 desligamentos de saldo.

A microrregião de Bocaiuva teve no município de Olhos d’Água o principal responsável pelo resultado positivo, com 37 contratações de saldo. Já os municípios de Grão Mogol (10) e Salinas (73) foram os que mais contribuíram para o resultado das respectivas microrregiões. No caso da microrregião de Salinas, a contribuição de Taiobeiras (49) também foi expressiva.

SITUAÇÃO EM MONTES CLAROS

Segundo o relatório do OBTN, o município de Montes Claros (335) foi o que mais colaborou para os resultados positivos da respectiva microrregião, sendo responsável por 90,6% das admissões ocorridas e 92,9% dos desligamentos.

No município de Montes Claros ocorreram 47,3% das admissões e 47,4% dos desligamentos no mercado formal de trabalho na região, no mês de julho. Tal situação reflete a participação do município no total dos vínculos formais do Norte de Minas. Em julho 46,4% desses vínculos estiveram concentrados em Montes Claros.

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