Ao abordar civilização e barbárie, “O Enigma de Kaspar Hauser“ estimula uma discussão muito atual sobre os processos culturais de aprendizado
Na próxima quarta-feira (17/04), o Cinema Comentado Cineclube em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) – através do Programa de Pós-Graduação em Letras-Estudos Literários (PPGL) e do Centro de Comunicação e Referência Audiovisual (CCRAV) – exibe “O Enigma de Kaspar Hauser”, do premiado diretor alemão Werner Herzog. A sessão será às 19h, no 2º andar do prédio 2, no Auditório do Centro de Ciências Humanas (CCH-Unimontes).
Em 1828, um jovem chamado Kaspar Hauser aparece de repente na cidade de Nuremberg e mal consegue falar ou andar, além de portar um estranho bilhete. As autoridades descobrem que ele ficou trancado desde a infância em um cativeiro, desconhecendo toda a existência exterior. Inicia-se o processo de “inserção” do personagem na sociedade sendo tratado, inicialmente, como figura exótica circense até encontrar apoio no processo de aprendizado e entendimento das normas sociais.
O filme se fundamenta na proposta de contrapor as perspectivas de natureza e cultura, ou civilização e barbárie, identificando os conflitos entre modernidade e atraso. Herzog construiu uma filmografia que revela as possibilidades deste embate em obras consagradas como “Aguirre, a Cólera dos Deuses” (1972), “Nosferatu – O Vampiro da Noite” (1979), “Fitzcarraldo” (1982); documentários diversos (“O Homem-Urso”, “Meu Melhor Inimigo” e “Caverna dos Sonhos Esquecidos”); e inclusive produções policiais e de aventura – “Vício Frenético” (2009), “O Sobrevivente” (2006).
De acordo com o crítico Fernando JG, do site Plano Crítico, “Werner atua como um cientista, forjando e estudando o homem a partir de uma réplica cinematográfica, a qual ele tem o direito de manipular e obter resultados ótimos, por exemplo, quando questiona a ideia de Deus – noção esta inconcebível para Kaspar. O diretor brilha e é possível ver a sua mão em cada frame e em cada detalhe, que se não te faz admirar pela narrativa, com certeza te leva para outra dimensão através da trilha sonora e da fotografia”.
Em síntese, “O Enigma de Kaspar Hauser” é um convite para o público pensar e questionar o processo civilizatório e social ao qual estamos subordinados; as ideias de caos e de conhecimento atravessam a narrativa cinematográfica provocando o encantamento da plateia com um história de forte humanismo e reflexão.
As sessões do Cinema Comentado Cineclube são gratuitas e seguidas de conversas com o público para compartilhar opiniões e democratizar a compreensão a todos e todas. Afinal, um dos fundamentos do Cineclube é proporcionar uma experiência cinematográfica estética e reflexiva ao público.