Potencial de aumento da produção passa pela melhoria do arranjo produtivo, como formação profissional e o desenvolvimento de pesquisas
Além de ações diretas que ajudam a fomentar o incremento da cadeia produtiva do mel, a Universidade Estadual de Montes Claros desenvolve estudos para viabilizar uma cadeia cientifica específica para a apicultura do Norte de Minas. O planejamento passa pelo envolvimento de professores e acadêmicos em projetos de formação profissional, estudos ambientais e biológicos e análise socioeconômica para dinamizar o arranjo produtivo local.
Uma das ideias iniciais neste sentido está na implantação do curso técnico em Apicultura, com sede no campus de Bocaiuva (Norte de Minas) e oferta dirigida aos alunos do ensino médio. O assunto foi tema de encontro do reitor Antonio Alvimar Souza com o presidente da Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas, Luciano Fernandes de Souza, nesta quarta-feira (2/12), no campus-sede.
A viabilidade do curso faz parte do projeto de novas ofertas do Centro de Ensino Profissionalizante e Tecnológico (CEPT/Unimontes), por meio do Pronatec. A demanda apresentada pela Universidade está em processo de análise e aprovação junto ao Ministério da Educação (MEC). Além deste, serão mais 60 cursos técnicos, tecnólogos e profissionalizantes financiados pelo Governo Federal por meio deste programa.
NÚMEROS
Além do potencial regional, uma das motivações está no desafio para que a produção norte-mineira, até 2025, seja duas vezes maior que as atuais 900 toneladas de mel, de forma que possa atender, além do Brasil, o mercado europeu e do Oriente Médio. O Norte de Minas possui uma variedade de 14 tipos de mel, denominados monoflorais por causas das diferentes espécies de plantas que as abelhas utilizam em sua fabricação.
LOCAL – Uma vez oficializada, a oferta do curso será em Bocaiuva, a 42 KM de Montes Claros. O município já possui a identificação geográfica para a produção apícola, mas o alcance do projeto será bem maior, com a projeção de benefício direto e indireto aos 1,5 mil produtores de outros 63 municípios do Norte de Minas que integram a Cooperativa. O chamado “ciclo do mel” no Norte de Minas tem, ainda, a capacidade de geração de até 6 mil empregos indiretos.
O envolvimento da Unimontes nesta mobilização, segundo o reitor Antonio Alvimar, “é essencial”, principalmente por incentivar o desenvolvimento regional por meio da educação e da ciência. Segundo ele, o trabalho de viabilidade do curso e das demandas afins envolve, ainda, lideranças públicas e a representação política da região para atendimento da necessidade de investimentos como laboratórios, infraestrutura e adequação à sustentabilidade – como na geração de energia a partir do sistema fotovoltaico.
CADEIA CIENTÍFICA
O professor Dario Alves de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGB/Unimontes), também participou do encontro e justificou a proposta de criação da cadeia científica do mel no Norte de Minas. “A atividade está em franco crescimento e, além da necessidade de pessoas qualificadas para o manejo, há o desafio de se atingir os melhores indicadores para a produção de excelência, com certificação para o mercado internacional”, explica.
Segundo ele, a cadeia científica assumiria estes processos de estudos e pesquisa para melhor manejo das abelhas, controle de pragas, aumento da produtividade e controle de qualidade, dentre outros pontos. Atualmente, já há vários estudos produzidos no âmbito do mestrado em Biotecnologia da Unimontes que destaca a cadeia produtiva do mel no Norte de Minas.
Além do curso técnico, acrescenta Luciano Fernandes de Souza, as parcerias viabilizariam a formação contínua, com curso superior de tecnólogo em Apicultura, e a atração de investimentos para a estrutura secundária de suporte à comercialização como produção de embalagens, rótulos e caixas, além dos meios de transporte. Assim como a cana de açúcar e o leite, o mel também gera derivados para outros mercados, como o aguardente, cuja produção piloto em Bocaiuva chegou a 450 litros. Há demandas, ainda, para linhas de cosméticos, como xampus, sabonetes e cremes faciais.