Como é a vida e as dificuldades de pessoas com necessidades e deficiências visuais nos seus deslocamentos e no cotidiano? E a reação das pessoas? É comum o exercício de se “colocar no lugar do outro” ou posicionar-se na defesa de direitos coletivos? Alunos do ensino fundamental e médio fizeram essas e outras dezenas de perguntas ao viverem uma experiência sensorial promovida por acadêmicos e professores do curso de Serviço Social da Unimontes. A proposta foi apresentada durante o

“UniDay – Unimontes de Portas Abertas, evento que integra a comunidade e estudantes do ensino médio de Montes Claros, realizado de terça-feira (22/10) a quinta-feira (24/10), no campus-sede da Unimontes.

UNIDAY Estudantes do ensino médio de Montes Claros durante experiência pelo campus-sede (foto: Ascom/Unimontes)

No exercício, os visitantes , interessados pela experiência, têm os olhos vendados e, assim, andam pelo campus, sendo acompanhados e auxiliados pelos estudantes de Serviço Social. Vivenciam as mais diferentes possibilidades, sejam ligadas às acessibilidades (que, na maioria das vezes, são verdadeiros obstáculos ao direito de ir e vir) ou relacionadas ao acesso a bens, direitos e serviços (como à informação, necessária em vários momentos de suas vidas). O objetivo é provocar inquietações ao passo que também se divulga a graduação e o trabalho de profissionais, como assistentes sociais, cujas intervenções são salutares para o acesso coletivo aos direitos humanos e sociais dos cidadãos.

RESULTADOS

A participação dos estudantes do curso de Serviço Social no UniDay foi enriquecedora. O processo de ensino-aprendizagem se estendeu para além da sala de aula. A atividade contribui para que outros estudantes e até mesmo os demais envolvidos no evento se atentassem para algumas dificuldades, limitações e violações de direitos das pessoas com necessidades especiais, avaliam professores do curso.

Aluna do terceiro ano do ensino médio na Escola Estadual Américo Martins (Bairro Jaraguá 2/região Norte de Montes Claros), Jéssica Saory Gonçalves, 17, foi uma das visitantes do campus da Unimontes que tiveram os olhos vendados.  “Achei muito interessante a experiência. Senti como é a vida das pessoas que precisam de ajuda para ir  e vir. Mas,  existem pessoas que são capazes de ajudar os deficientes visuais”, afirmou Jéssica.

A estudante do ensino médio destacou que também teve a oportunidade de conhecer a função do profissional da área de serviço social. “Gosto de ajudar as pessoas. Mas, ainda não sei qual curso escolher. Pretendo escolher um curso da área de tecnologia ou da área de saúde”, disse a aluna

Hellen Kauane Soares, de 19, colega de sala da estudante Jéssica, na Escola Américo Martins, também ficou impressionada com a experiência de, por alguns instantes, ter a visão coberta. “Esbarrei em algumas pessoas, que me reclamaram por isso. Mas senti a empatia das pessoas. A experiência valeu para ter uma noção de como as pessoas ajudam as outras”, alertou Hellen Kauane, do Bairro Jardim Primavera, que vai tentar uma vaga na universidade para Enfermagem.

Outro estudante que viveu a experiência sensorial foi Diogo Leite Lopes, 16, do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Salvador Filpi, na Vila Sion. “Achei muito bom sentir como é a vida de uma pessoa que não enxerga”, disse Diogo Lopes. Ainda indeciso em qual curso escolher quando formar, tem preferência por “História ou um curso da área de Tecnologia”, projetou.

“A experiência sensorial mostra que os assistentes sociais trabalham para assegurar os direitos das pessoas e, entre eles, estão os direitos das pessoas com deficiência visual”, destaca João Vitor Dias de Souza, acadêmico do 2º período. “Nosso objetivo é provocar inquietações, socializar conhecimentos, informando que o profissional formado em Serviço Social não é assistencialista, mas  auxilia os cidadãos a buscarem o direitos”, completa.

“Foi uma oportunidade para nos colocarmos no lugar do outro e sentir, de fato, como a violação dos direitos compromete a dignidade humana”, comenta a coordenadora do curso, professora Geusiani Silva e Nascimento. “Por meio da experiência sensorial socializou-se que o Serviço Social não é uma ajuda e, tampouco, assistencialismo”, enfatiza.

Ela destaca que trata-se de uma profissão socialmente necessária, regulamentada pela Lei 8.662/1993, e que demanda a formação em nível de ensino superior. Tal profissão defende princípios como o da “ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade” e a defesa “da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais”, previstos no Código de Ética Profissional.

Durante o UniDay, participaram das atividades 11 professores e 35 acadêmicos do curso do segundo, quarto, quinto e sétimo períodos.

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