As sucessivas estiagens prolongadas acarretam pesados danos para os pecuaristas do Norte de Minas, causando a falta de pasto para a manutenção do rebanho bovino. A grande maioria das pastagens (87,6%) da região está degradada. A informação foi apresentada pelo professor Virgílio Gomes Mesquita, pró-reitor adjunto de Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, doutor em forragicultura e pastagens e docente do Departamento de Ciências Agrárias, durante oficina trabalho do Grupo Gestor do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas, em Belo Horizonte.

O evento, realizado ao final de agosto, contou com a participação de professores e especialistas de várias instituições de ensino e de pesquisa em Minas Gerais. Na oportunidade, foi discutida a situação das pastagens em Minas Gerais e, ao mesmo tempo, a melhoria do manejo.

O pró-reitor adjunto de Pesquisa representou a Unimontes a convite do coordenador do Grupo Gestor “Agricultura de Baixo Carbono” – ABC/MG –, Fernando Costa. A atividade do grupo está inserida em programa do Ministério da Agricultura que tem como objetivo incentivar o desenvolvimento de uma agricultura sustentável – baseada em baixas emissões de carbono –, contribuindo para mitigação dos gases do chamado “efeito estufa”.

Foram apresentados e discutidos dados do “Estudo sobre a Situação das Pastagens do Estado de Minas Gerais”. O estudo foi realizado pelo Instituto Ernesto de Salvo (Inaes), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).

NÚMEROS

Prof VirgilioO professor Virgílio Mesquita explica que o Norte de Minas tem aproximadamente 3,7 milhões de hectares de pastagens, das quais 87,6% estão degradadas, correspondendo a uma extensão de 3,2 milhões de hectares. Ele salienta que “as perdas das pastagens em decorrência da seca acarretam sérios para a pecuária do Norte de Minas, que tem um rebanho estimado em dois milhões de cabeças”.

O professor da Unimontes lembra que, em “condições normais”, é possível a manutenção, em média, de 1,4 animal por hectare em áreas de sequeiro do Norte de Minas. “Mas, com a degradação, não dá para manter o percentual de um animal por hectare”, comenta.

”A área da forragicultura e pastagens é estratégica no Plano ABC, pois o País detém o maior rebanho comercial do mundo, algo em torno de 200 milhões de cabeças de gado criadas basicamente em sistemas de produção que tem a exploração às pastagens como principal fonte de alimentos. As estimativas apontam, porém, que, em torno de 40% destas pastagens estão com algum grau de degradação e, com isso, avaliando apenas a possibilidade de emissão de gases, o setor se torna um dos grandes emissores dentre os setores produtivos”, avaliou o professor.

ESPÉCIES ADAPTADAS

Na oficina de trabalho, o pesquisador da Unimontes participou de um Grupo da Pesquisa com diversas instituições de ensino do País, no qual foram destacadas as estratégias para aplicação de instrumentos de pesquisa na área de pastagens de modo a contribuir com a agropecuária do Estado e do Norte de Minas. Entre as propostas, foi sugerida a elaboração de projetos de pesquisa para introdução de espécies forrageiras mais adaptadas às mudanças climáticas; programas de aplicação de resultados de pesquisas já comprovados na área de recuperação de pastagens degradadas, no manejo da fertilidade dos solos sob estas pastagens e na integração lavoura-pecuária

E, ainda, segundo o professor Virgílio Mesquita, foi discutida a possibilidade de integrar a pesquisa e a extensão ao produtor, de modo a facilitar a aplicação e uso das tecnologias disponíveis na área de convivência com as mudanças climáticas nos sistemas de produção da pecuária.

O documento final dos trabalhos deve ser divulgado pelo Grupo Gestor do Plano ABC em Minas Gerais, o que irá permitir ao Governo do Estado traçar, de maneira mais eficiente, políticas públicas de incentivo à recuperação das áreas degradas como impulso aos índices zootécnicos de produtividade da pecuária mineira.

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