Unimontes, Fadenor e UFMG realizam ação multidisciplinar de recomposição de área verde, preservação de nascentes e monitoramento da fauna 

A expertise científica da Universidade Estadual de Montes Claros é uma das estratégias aplicadas no processo de recuperação do Parque Caminho dos Gerais, com extensão de 56,2 mil hectares e que abrange o território de quatro municípios na região Norte de Minas. Iniciado em abril de 2020 e com a duração prevista para mais dois anos, o projeto Sendas pretende recobrir a vegetação de 85 hectares do local, entre mata nativa, mata ciliar e área de empréstimo (onde houve retirada de solo para construção dos diques de barragem). 

Pela imagem de satélite mais recente percebe-se o grau de desmatamento do Parque e as poucas “ilhas de vegetação” (Imagens: Divulgação Projeto Sendas)

Os trabalhos envolvem a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior do Norte de Minas (Fadenor) na operacionalização dos recursos, com financiamento do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) – Projeto de Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre). O Instituto de Ciências Agrárias da UFMG (ICA) é outro parceiro estratégico nas pesquisas. 

Os investimentos para os três anos completos de projeto são da ordem de R$ 2.707.871,96, sendo R$1.449.610,96 em aporte do FUNBIO e R$ 1.258.261 como contrapartida – com recursos humanos e utilização dos equipamentos para as pesquisas, que incluem, também, o monitoramento e catalogação da flora, da fauna e do solo, além do georreferenciamento. 

EQUIPE 

Meta é de produzir 38 mil mudas para “repovoar” o Parque ao longo de três anos

Professor no campus avançado em Janaúba, o engenheiro agrônomo Luiz Henrique Arimura Figueiredo é mestre e doutor em Solos e Nutrições de Plantas e coordenador do projeto. A equipe de pesquisadores da Unimontes reúne, também, os professores doutores Marcílio Fagundes (coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Uso dos Recursos Naturais/PPG-BURN), Marcos Esdras Leite (coordenador do mestrado em Geografia/PPGEO), Marcos Koiti Kondo (coordenador do doutorado em Produção Vegetal do Semiárido) e Cristiane Alves Fogaça (Departamento de Ciências Agrárias).  

Pela UFMG, participam os doutores Geraldo Wilson Afonso Fernandes, Adolf Heinrich Horn, Maria Auxiliadora Pereira Figueiredo e Rubia Santos Fonseca e três universitários em Engenharia Florestal do ICA. A Unimontes conta, ainda, com o envolvimento de cinco alunos do curso de Agronomia (Janaúba), um acadêmico do curso de Geografia (Montes Claros) e uma mestranda do PPG-BURN. 

HISTÓRICO – O Parque Caminho dos Gerais foi instituído em 2007, em decreto do Estado, com área nos municípios de Mamonas, Gameleiras, Monte Azul e Espinosa. São três biomas característicos (cerrado, caatinga e mata seca) na região da Serra Geral, mas que, ao longo dos anos, sofreram uma série de degradações por conta do plantio desordenado de eucalipto por mais de uma década, além de uma tentativa frustrada de cultivo de café ainda nos anos de 1970. 

Conter as voçorocas é um dos desafios dos pesquisadores

Segundo o coordenador do estudo, a área de empréstimo é de uma barragem abandonada, que atenderia à plantação de café e se rompeu logo nas primeiras chuvas após a construção, ainda na década de 70. “Como o solo era arenoso, a barragem não suportou o volume de água”, explica Arimura. Já a silvicultura foi iniciada no local a partir de 1994, numa área de 7,1 mil hectares. Dez anos depois, houve um novo desmatamento para ampliar o plantio, mas como ocorreu o processo de transformação da área em parque e a desapropriação, o local foi abandonado como estava, sem qualquer trabalho de recuperação vegetal. 

AÇÕES – Embora seja o período de pandemia, os pesquisadores seguem todos os protocolos de prevenção ao risco de contágio do Novo Coronavírus e realizam entre uma e duas visitas mensais à área do parque para o levantamento dos pontos que serão atendidos inicialmente pelo projeto. No suporte estão 18 trabalhadores rurais que residem ao entorno da reserva e são responsáveis pelo plantio de 14 mil mudas de espécies nativas – que são produzidas no horto e na fazenda experimental do campus da Unimontes de Janaúba. A meta total é de 38 mil mudas. 

“ILHAS” 

Professor Luiz Henrique Arimura é o coordenador do projeto

Ainda de acordo com o professor Luiz Henrique Arimura, houve a regeneração natural de algumas espécies no Parque, formando as chamadas “ilhas de vegetação”, mas a recuperação precisa ser uniforme e, por isso, a realização do projeto Sendas. Dos 85 hectares previstos neste primeiro triênio, 75ha são de matas nativas, 10ha de mata ciliar ao redor da nascente do Rio Piranhas e meio hectare da área de empréstimo. 

Outra ação será a construção de barraginhas, uma técnica para controlar o fluxo da água pluvial, combater a erosão e, consequentemente, o assoreamento do Rio Piranhas, além das paliçadas: uma espécie de cerca feita com estacas de madeira que diminui a velocidade da água que causa e impede o surgimento ou a expansão das voçorocas (grandes buracos que surgem com a erosão). 

Uma das importâncias estratégicas do Parque Estadual Caminho dos Gerais está nos recursos hídricos, com a oferta de água para a população distante até 30 quilômetros em um sistema por gravidade. O lugar registra algumas espécies de animais silvestres de médio e grande porte, como o lobo-guará e a onça. Aliás, sobre o lobo-guará, há uma pesquisa paralela do PPG-BURN/Unimontes para estudar a importância do mamífero no reflorestamento natural, já que ele se alimenta também de frutas e, a partir das fezes, o animal faz a disseminação das sementes.

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