Mais investimentos em educação básica e na ciência, pesquisa e tecnologia como condições para acelerar o desenvolvimento do Norte de Minas, com transformações sociais e econômicas substanciais. A recomendação é do ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, e da economista Eleonora Cruz Santos, diretora da Fundação João Pinheiro (FJP), que estiveram como convidados na conferência “Mesa Minas”, da Unimontes.
O debate virtual foi realizado na noite dessa quinta-feira (12/8), integrado à programação da XVII Semana de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros. O evento está em sua 17ª edição e tem como tema central a “Retomada do Crescimento e Promoção do Desenvolvimento: Perspectivas para o Cenário Atual”.
Ex-reitor e professor emérito da UFMG, Clélio Campolina apontou que a corrida científica e tecnológica é justamente a grande responsável pelo impulso na expansão asiática nas últimas cinco décadas. Cita como exemplo mais atual a Coreia do Sul, cujos investimentos em C&T chegam a 4,5% – contra apenas 1,7% do cenário brasileiro, em crise na atualidade.
O exemplo de países da Ásia, como Japão, Índia, Taiwan e Cingapura, segundo ele, deveria ser regra para que a economia do Estado e do Norte de Minas seja diversificada. “Ciência e Tecnologia devem ser vistas como prioridade, especialmente porque podem se atrelar à diferenciada base acadêmica e de pesquisa universitária existente em Minas Gerais”, opinou Clélio.
No entanto, o passo mais urgente, segundo o ex-ministro, está na promoção da educação básica com qualidade, que afeta diretamente a formação da mão de obra e impacta na produtividade. “A disparidade territorial e a necessidade de expansão econômica com incorporação social são outros desafios, especialmente nas regiões Leste e Norte de Minas”, analisou.
ANÁLISE
Diretora de Estatística e Informações da FJP, a Economista Eleonora Cruz fez uma apresentação sobre a Região Geográfica Intermediária (RGInt) de Montes Claros, que abrange 86 municípios. A pesquisadora reforçou que a educação associada à pesquisa e desenvolvimento é imprescindível para ampliar os índices sociais e econômicos do Norte de Minas, especialmente para a maior participação regional no total de exportações oriundas do Estado.
Conforme dados da FJP, a RGInt soma 1,67 milhão de habitantes, o que corresponde a 8,0% da população do estado, e tem na administração pública e nos serviços privados (exceto comércio) suas principais atividades econômicas. Em 2018, o percentual de participação do PIB da RGInt no PIB mineiro foi de 4,2%.
A representante da FJP fez a apresentação de pontos do Índice Mineiro de Responsabilidade Social – IMRS, que avalia o atendimento de questões sociais, como segurança pública, vulnerabilidade, saneamento e meio ambiente, cultura e esporte, saúde e educação. Os números são de 2018 e, no período, quase 62% dos municípios norte-mineiros estavam entre os piores resultados do IMRS de Minas Gerais.
Por outro lado, dos 214 melhores índices por município na escala de todo o Estado, apenas 5% são do Norte de Minas. A avaliação considera que “vulnerabilidade e saneamento” são pontos críticos. E mesmo com a chegada de empresas de grande porte, isto não garante que haverá melhora imediata nas questões sociais e econômicas porque a tecnologia de ponta já vem definida e empregam menos, ainda mais sem a mão de obra local especializada já existente na região.