Mês teve o maior registro até aqui e impulso foi motivado pelo reajuste dos combustíveis e influência dos aspectos climáticos e deixa índice local maior que o das regiões metropolitanas

Altas da gasolina e etanol refletiram mais além dos tanques: custo com a logística de transporte de produtos e serviços pesou ainda mais no cálculo da inflação na maior do Norte de Minas (Imagem Pública)

Além do aumento na comparação com o índice do mês anterior, a inflação de agosto em Montes Claros potencializou ainda mais o reajuste dos combustíveis e, com isso, superou a média das dez principais regiões metropolitanas do Brasil. Isso porque a gasolina causou o chamado “efeito dominó” de alta dos preços por causa dos custos com logística. A análise é da professora doutora Vânia Vilas Boas, coordenadora do Índice de Preços ao Consumidor (IPC/Unimontes), projeto de extensão do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros.

Conforme o IPC/Unimontes, em agosto, a inflação na maior cidade do Norte de Minas foi de 1,20% contra 0,87% na média nacional nas principais capitais, que é calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em julho, o percentual registrado em Montes Claros foi de 1,18% e a média nacional foi de 0,96%.

Agosto teve o maior índice do ano até aqui e, no acumulado do ano, Montes Claros segue também à frente da média nacional. De janeiro a agosto, o índice foi de 6,13% contra 5,67% das maiores cidades brasileiras.

“Historicamente, os índices de preços em cidades do interior são maiores que nas regiões metropolitanas. Isso porque nós temos a questão os custos logísticos. Os grupos de alimentação e habitação, por exemplo, responsáveis pelo maior peso na inflação, têm praticamente todos os seus produtos vindos de fora”, reforça a pesquisadora. Na medição em Montes Claros, em agosto, o litro da gasolina teve alta de 2,58% e o litro do álcool (etanol) um pouco menos: 2,38%.

MAIS DETALHES

Soma-se ao aumento dos custos dos combustíveis e o reflexo sobre a logística, outras duas particularidades observadas pelo IPC/Unimontes em agosto. A massa fria que atingiu o Estado comprometeu a cultura do café com o registro de geadas e o produto entre os mais populares entre os brasileiros subiu de cotação no mercado. A alta em Montes Claros foi de 11,66%.

Outro detalhe observado pelo relatório do IPC está na variação positiva dos preços dos hortifrutigranjeiros influenciada também pelas condições climáticas, como limão (24,02%), quiabo (20,11%), batata (10,27%), banana prata (8,51%), tomate (5,23%), mamão (4,96%) e laranja (4,79%), por exemplo. “O final de julho e o início de agosto já se caracterizam como período de entressafra, o que contribui com o aumento do preço dos alimentos, mas tivemos ainda os efeitos climáticos da escassez de chuvas. Considera-se, ainda, a concorrência de mercado”, acrescenta.

Outras vilãs não menos importantes foram as proteínas. O preço da carne bovina subiu, em média, 1,01%. A possibilidade de mudança de hábito no cardápio não vingou, já que as outras carnes tiveram altas ainda maiores: aves, com 4,19%, e de porco, com 2,52%.

Embora o feijão, farinha e óleo de soja tenham se mantido com preços estáveis, e a variação negativa do arroz ( – 1,74%), a cesta básica é outro reflexo importante sobre a elevação do custo de vida em Montes Claros. A alta foi de 2,93% em agosto, contra 1,23% de julho.

“Sinceramente, não tem para onde fugir. A recomendação de antes era para que o consumidor modificasse os hábitos alimentares por produtos alternativos. Mas, com a perda do poder aquisitivo da moeda a cada mês, fazer as substituições já não seria mais uma possibilidade. Sugiro a prática de realmente não consumir temporariamente alguns produtos mais caros ao orçamento mensal”, finaliza a coordenadora do IPC.

Para setembro, ela prevê mais altas no custo de vida, por influência do reajuste das tarifas energéticas em 7% e, outra vez mais dos combustíveis. Além disso, há historicamente a entressafra do rebanho bovino, com maior interferência nos preços do leite e seus derivados na região do Norte de Minas.

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