Pesquisa foi elaborada por mestrandos em Desenvolvimento Econômico, avalizada por professores do Reino Unido e Suécia e revela que ¼ dos brasileiros vive com renda familiar menor que R$ 400,00 –
A produção científica da Universidade Estadual de Montes Claros estará em destaque na Conferência sobre Relacionamentos, Complexidade do Conhecimento e Desenvolvimento Econômico, do Institute for New Economic Thinking, programada para os dias 3 e 4 de junho, em Santiago de Compostela (Espanha). Trata-se de pesquisa elaborada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico e Estratégia Empresarial (PPGDEE/Unimontes), que identifica os efeitos da renda per capita e do “Coeficiente de Gini” no número de pessoas consideradas pobres dos estados brasileiros após a implantação do Plano Real (em 1994).
Desenvolvido entre o início de 2018 e março de 2019, o estudo intitulado “Poverty in Brazil: A statistical analyse about the states” (Pobreza no Brasil: a Análise Estatística nos Estados) tem como base de dados relatórios do Banco Mundial e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA-Data).
A autoria é dos mestrandos Jéssica Pereira Soares, Raiane Benevides Ferreira e Paulo Ricardo da Cruz Prates, como parte dos estudos na disciplina “Econometria Aplicada”, ministrada pela professora doutora Maria Elizete Gonçalves e que apresenta no âmbito do mestrado “os diversos métodos estatísticos que um pesquisador pode usar como ferramentas para dar maior robustez e confiabilidade aos estudos”.
“Os resultados obtidos na pesquisa indicaram a importância da distribuição renda para a redução da pobreza nos estados do Brasil. Logo, um aumento de 1% na renda dos estados brasileiros, reduz a pobreza em aproximadamente 41% (o que mostra uma relação negativa) desde o período da implantação do Plano Real até os dias atuais”, explica o mestrando Paulo Ricardo Prates. Ainda conforme o autor, o Banco Mundial estima que cerca de 50 milhões de brasileiros (25,4% da população) vivem na linha de pobreza e têm renda familiar menor ou equivalente a R$ 387,07.
Ainda segundo Paulo, “o Coeficiente de Gini é, na verdade, é um índice que mede o grau de concentração de renda e aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). Este, por sua vez, revela que a cada aumento do nível de concentração de renda aumenta o número de pobres nos estados brasileiros”. E justifica: “o crescimento econômico acompanhado de uma menor concentração de renda é peça fundamental para atingir níveis cada vez menores de pobreza”.
Na elaboração do estudo, os mestrandos utilizaram o método de análise de dados em painel, que permite verificar os estados brasileiros ao longo do tempo. O Distrito Federal não foi considerado.
Para ser apresentada em exposição no evento na Espanha, a pesquisa foi aprovada pelos professores doutores Neave O’Clery (da Universidade de Oxford/Reino Unido), atualmente pesquisadora sênior no Instituto de Matemática e referência mundial em temas associados ao desenvolvimento econômico e ao surgimento de complexidade para sistemas urbanos; e Martin Henning, da área de Geografia Econômica da Universidade de Gotemburgo (Suécia) e com atuação em temas associados à Mudança Econômica Estrutural e Mobilidade do Trabalho.
Na abertura das atividades em Compostela, o Institute for New Economic Thinking, por meio do YSI (Young Scholars Initiative), promoverá uma pré-conferência sobre “Relacionamentos, Complexidade do Conhecimento e Desenvolvimento Econômico em Cidades e Regiões”. O YSI, da qual os mestrandos da Unimontes fazem parte, é uma comunidade internacional de jovens estudantes de pós-graduação formada por mais de 8,7 mil pessoas em 125 países e que propõe a integração de pesquisas consideradas de alto nível.