O mês de maio inicia com a marca do “dia do trabalhador” e o Cinema Comentado Cineclube reforça as discussões da data com a exibição de “Você Não Estava Aqui”, dirigido por Ken Loach. As sessões são uma parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), através do Programa de Pós-Graduação em Letras – Estudos Literários (PPGL) e do Centro de Comunicação e Referência Audiovisual (CCRAV).

A proposta é exibir obras que auxiliem no processo de ensino/aprendizagem do público e estimulem o conhecimento utilizando as possibilidades do cinema como arte, mídia e representação cultural.

O filme aborda a difícil realidade econômica e social da Inglaterra após a crise financeira de 2008. Ricky Turner é o pai de família que decide adquirir uma pequena van para trabalhar, como autônomo, com entregas; enquanto isso, sua esposa Abbie luta para manter a profissão de cuidadora. Obviamente, não há direitos trabalhistas e Ricky tem que seguir à risca sua rota pré-determinada e regulada em tempo real. O “trabalho empreendedor” não traz a recompensa prometida e os problemas passam a afetar as relações familiares e o próprio convívio entre eles.

No site Papo de Cinema, o crítico Francisco Russo afirma que “Ken Loach jamais escondeu seu posicionamento político. Em muitos casos, fez de seus filmes verdadeiros baluartes em defesa da classe trabalhadora britânica, sempre pensando no fator humano em detrimento do capital, denunciando abusos constantes no sempre difícil (e complexo) relacionamento entre Estado e cidadão. Em Você Não Estava Aqui, o diretor mais uma vez aponta a câmera para tais contrastes, mas, desta vez, com um particular interesse para que o espectador perceba que o mundo ali retratado é o que está à sua volta, independente do país em que esteja. Este, talvez, seja o filme mais universal de sua carreira”.

Bicampeão da Palma de Ouro, em Cannes, Loach é um cineasta que revela o humanismo dos personagens em trama políticas que abordam temas históricos, trabalhistas e sociais. A filmagem naturalista enquadra e destaca a linguagem e os gestos dos protagonistas revelando uma ternura melancólica e um humor de sorrisos francos. É um diretor cada vez mais atual e que merece ser conhecido, discutido e divulgado.

As sessões presenciais acontecem no Auditório do Centro de Ciências Humanas da Unimontes, a partir das 19h, no 2º andar do prédio 2, seguidos de debate com o público. Os encontros são gratuitos e abertos para todos os espectadores: interessados na sétima arte, acadêmicos, docentes e cinéfilos.

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