Permanecer sentado por tempo prolongado aumenta três vezes o risco de mortalidade, dizem os estudos
Iniciativas de enfrentamento à epidemia causada pelo coronavírus têm influenciado diretamente os hábitos e a rotina da população. Com o isolamento social, o acesso às academias e aos clubes esportivos ficou restrito. Consequentemente, a medida inibiu a realização de atividades físicas mesmo em casa. Aqui cabe o primeiro alerta do professor do Departamento de Educação Física e do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Renato Sobral Monteiro Júnior: cuide da saúde física, mas também da saúde mental.
Renato Sobral é pós-doutor em Psiquiatria e Saúde Mental, doutor em Medicina (Neurologia – Neurociências) e mestre em Ciências do Exercício e do Esporte.
Mesmo quem não praticava atividades físicas anteriormente, vale a pena iniciar os exercícios físicos nesses tempos de isolamento social. É fundamental buscar a orientação de profissionais da educação física, ainda que virtualmente.
PORTAL UNIMONTES – Como fazer para superar a ausência dessas atividades?
Professor Renato Sobral – É importante manter-se ativo, não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental, especialmente devido ao isolamento social. Mesmo quem não fazia exercícios anteriormente, pode iniciar. É fundamental buscar orientações de profissionais de educação física, ainda que virtualmente, pois é necessária uma triagem prévia para estratificar possíveis riscos. As pessoas que não têm a possibilidade de uma assessoria profissional devem aumentar a quantidade de movimentos durante a quarentena. Estudos mostram que o simples fato de permanecer sentado por tempo prolongado aumenta 3 vezes o risco de mortalidade. Então, alternar o tempo em pé e sentado ao assistir TV, por exemplo, já ajuda.
Sem equipamentos específicos, que tipo de atividade pode ser feita em casa?
Sentar e levantar da cadeira pode aumentar ou manter a força muscular nas pernas; pular corda em períodos alternados de 10 minutos pode melhorar o funcionamento cardiovascular; atividades que necessitam da sustentação do peso do corpo (subir escadas). Todas essas atividades ajudarão na manutenção da saúde física e mental. O acompanhamento profissional, ainda que virtual, é necessário. Outra opção caseira é dançar ouvindo a música preferida; caminhar ao redor da casa ou quintal, ou ainda, na vizinhança, mantendo distanciamento de outras pessoas e usando máscara.
“Diversas atividades podem ser recomendadas. Por exemplo: sentar e levantar da cadeira pode aumentar ou manter a força muscular nas pernas; pular corda em períodos alternados de 10 minutos pode melhorar o funcionamento cardiovascular”, orienta o pesquisador da Unimontes. Leia a entrevista abaixo concedida ao Portal Unimontes.
A caminhada parece ser a atividade menos complexa e mais recomendada. Há um tempo correto para executá-la?
Sim, mas existem cuidados que considero necessários. Além do distanciamento de pelo menos 2-3 metros de outras pessoas, o uso da máscara é fundamental. Recomendo 150 minutos por semana (30 minutos diários). Com o uso da máscara pode ocorrer uma interferência na troca de calor do corpo com o ambiente. Durante a atividade, é importante avaliar a intensidade, uma vez que pode gerar tontura e outros problemas. Escolha um horário com temperatura agradável, preferencialmente, no início da manhã, fim da tarde ou noite. O ideal é usar roupas leves e manter-se hidratado.
E pra quem estava habituado a praticar exercícios físicos e esportes diariamente. Que tipo de atividade pode substituir um futebol com os amigos, por exemplo?
Para quem já tinha um estilo de vida muito ativo e realizava exercícios em academia, os exercícios calistênicos (tipo militar), como flexão de braços, polichinelos e outros podem ser utilizados. Temos um perfil no Instagram, do grupo de pesquisa. Lá postamos recomendações e exemplos, tanto para jovens e adultos, quanto para idosos. https://www.instagram.com/geneses.unimontes.
* Renato Sobral Monteiro Junior concluiu o pós-doutorado em Psiquiatria e Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com estágio de curto prazo na Norwegian National Advisory Unit for Aging and Health (Oslo, Noruega). É doutor em Medicina (Neurologia-Neurociências) pela Universidade Federal Fluminense, mestre em Ciências do Exercício e do Esporte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Possui graduação em educação física pela Universidade Salgado de Oliveira, sendo especialista em Fisiologia do Exercício e Avaliação Morfofuncional (UGF) e em Recuperação Musculoesquelética (UniFOA).
Ele é professor e pesquisador efetivo da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), atuando no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde, no Departamento de Educação Física e do Desporto e na Universidade Aberta do Brasil. Além disso, é pesquisador líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Neurociência, Exercício, Saúde e Esporte (GENESEs – Unimontes), pesquisador do Laboratório de Neurociência do Exercício (LaNEx UFRJ) e do Grupo de Estudos em Neurociência e Exercício (GENE – UFVJM)