A Doença Renal Crônica (DRC) é a incapacidade dos rins efetuar suas funções adequadamente, comprometendo a taxa de filtração glomerular. A causa da DRC envolve eventos agudos, como quadros de lesão renal aguda que se cronificam ou está relacionada a perda progressiva da função por outros fatores, principalmente as malformações congênitas do trato urinário e glomerulopatias. Na infância os sinais de alerta mais comum são as infecções urinárias, que podem acometer até 50% daquelas crianças que evoluem para quadros de DRC em estágios avançados.
Em todo o mês de março, a International Society of Nephrology (ISN), sigla em inglês para Sociedade Internacional de Nefrologia, chama a atenção para os cuidados e prevenção da doença renal. Este ano, a campanha do Dia Mundial do Rim (DMR) gerida no Brasil pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) foca justamente na educação sobre a doença renal como arma preciosa para prevenção.
Médica nefropediatra do HUCF, Anne Caroline Bicalho Fagundes explica que a DCR é uma patologia silenciosa e que no caso das crianças, os pais devem ficar atentos aos sinais de que algo não vai bem com os pequenos, já que as lesões renais costumam evoluir mais lentamente e tem sintomas inespecíficos, sendo causadas, principalmente, pelas malformações congênitas do trato urinário ao nascimento.
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“Nas crianças os principais sintomas são alterações no aspecto da urina, especialmente as infecções urinárias, inchaço nos olhos e região abdominal, alteração na pressão arterial e déficits no crescimento e desenvolvimento sem justificativas cabíveis. Esses são os principais sintomas nos pequenos”, ressalta a especialista.
Outros sintomas são a fadiga, dificuldade de concentração, diminuição do apetite; sangue e espuma na urina, incômodo ao urinar, dor lombar, anemia e fraqueza.
Segundo a médica Anne Caroline, não há cura para a DCR, mas o tratamento retarda ou interrompe a progressão da doença. “Quanto mais cedo o diagnóstico, mais chance terá o paciente de não evoluir ou evoluir tardiamente para tratamentos como a diálise e o transplante renal. A insuficiência renal pode ser tratada com medicamentos e controle da dieta”, pondera.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o número de pacientes com DRC avançada é crescente, sendo que atualmente mais de 140 mil pacientes realizam diálise no país.
A especialista informa ainda que a DRC é uma doença crônica não transmissível. Até 2040 projeta-se que será a quinta mais comum no mundo. “Hoje a gente sabe que a cada 10 crianças que evoluem em algum momento da vida para diálise, cinco apresentaram em algum momento infecção urinária. Então, este pode ser o primeiro sinal de alerta aos pais que as crianças estão com problemas renais congênitos crônicos e que não são diagnosticados nos postos de saúde. É preciso investigar e procurar ajuda de um especialista”, completou.
Daniella Fernandes Medeiros, mãe da pequena Valentina Ianni Medeiros Rocha, de 4 anos, relata que levou um susto ao saber do diagnóstico da filha. Ela está em observação na pediatria do HUCF. “Minha pequena começou a sentir dores abdominais muito fortes e fomos orientados a procurar o hospital. Ela tem uma síndrome e inchaço nos olhos foi o que me chamou a atenção. Levava ao alergista, tomava antialérgico e não resolvia. Foi um grande impacto e um momento difícil em minha vida. Nunca imaginei que uma criança poderia ter problemas renais, mas estou confiante que ela se recupere logo, pois 80% das crianças se recuperam quando diagnosticadas a tempo. A mudança em casa foi para todos. Não comemos mais com sal e a alimentação tem sido bastante balanceada”, conta.
Funções renais
Entre as principais funções dos rins estão: limpar todas as impurezas e as toxinas de nosso corpo; regular a água e manter o equilíbrio das substâncias minerais do corpo (sódio, potássio e fósforo); liberar hormônios para manter a pressão arterial e regular a produção de células vermelhas no sangue; ativar a vitamina D, que mantém a estrutura dos ossos, dentre outras.
Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (MS), estima-se que haja atualmente no mundo 850 milhões de pessoas com doença renal, decorrente de várias causas. A Doença Renal Crônica (DRC) causa pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano, com uma taxa crescente de mortalidade. No Brasil, a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença.
A disfunção renal pode ser identificada por meio de dois exames: um de análise da urina e outro de sangue. O primeiro identifica a presença de uma proteína em quantidades acima do normal na urina, e o exame de sangue verifica a presença de outra, a creatinina, que também se eleva em situações de DRC.