São feitos testes de medicamentos e atendimento ambulatorial de pacientes

A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em parceria com outras instituições, realiza estudos voltados para a melhoria do tratamento da Doença de Chagas, além de assegurar a assistência gratuita aos portadores da moléstia. A Unimontes desenvolve as ações de dois projetos de pesquisa, com a realização de testes sobre a eficácia de medicamentos usados no tratamento da Doença de Chagas: o Parachute e o Bem Brasil.

Equipe de pesquisadores da Unimontes com o paciente voluntário.

Além da participação de pesquisadores de diferentes instituições, os estudos contam com financiamento de órgãos de fomento nacionais e internacionais. As ações envolvem pesquisadores, professores e acadêmicos dos cursos de graduação da área de saúde e do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde da Universidade, além dos profissionais do Hospital Universitário Clemente de Faria – HU – Unimontes. Na unidade funciona o Ambulatório de Chagas da Unimontes.

Projeto Parachute avalia medicamentos

A Unimontes desenvolve o projeto de pesquisa Parachute. Trata-se de um ensino clínico que visa avaliar os efeitos de dois medicamentos usados contra a Doença de Chagas. O estudo é financiado pela Empresa Farmacêutica Novartis, que produz e fornece os medicamentos testados.

O experimento tem como objetivo avaliar o efeito de 200 mg do “medicamento 1” duas vezes ao dia em comparação a 10 mg do “medicamento 2” (também duas vezes ao dia), além do tratamento convencional para insuficiência cardíaca, informa Dardiane Santos Cruz (mestre em Ciências da Saúde), auxiliar de estudos do Projeto Parachute.

Ela lembra que são oferecidos aos participantes do estudo atendimento clínico especializados e exames laboratoriais de ecocardiograma e eletrocardiograma, gratuitamente.

O Projeto Parachute tem como pesquisador principal Israel Molina (infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz) e como subinvestigadores o cardiologista Paulo Emílio Clementino Almeida e o professor Luciano de Freitas Fernandes, do curso de Medicina da Unimontes. A professora Ariela Mota Ferreira (doutora em Ciências da Saúde), vinculada ao Departamento de Enfermagem da Unimontes, é a responsável pela coordenação e administração do projeto.

O estudo foi iniciado em dezembro de 2022, tendo 128 pacientes já triados e outros 41 cadastrados em fase de tratamento. Os testes com os pacientes sobre os medicamentos terão duração de dois anos. Os primeiros resultados serão divulgados em 2026. O nome Parachute deriva do termo “Patients With Chagas Cardiomiophaty”.

Projeto Bem Brasil

A Universidade Estadual de Montes Claros também implementa o Projeto de Pesquisa Bem Brasil, que tem como objetivo analisar a eficácia do tratamento da Doença de Chagas a partir do uso do medicamento BNZ (benznidazol), com doses de 300 mg/dia durante oito semanas, com base na origem geográfica do participante no Brasil. O ensaio clínico será iniciado no segundo semestre de 2023.

O estudo está inserido no Projeto “CUIDA Chagas: Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas – ” Rumo à eliminação da transmissão congênita da doença de Chagas na América Latina”. A iniciativa é liderada pelo Instituto Nacional de Infectologia (INI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sendo financiada pela FIND (Aliança Global para Diagnósticos), pela Unitaid (Iniciativa Global da Saúde) e pelo Ministério da Saúde.

Na primeira fase do experimento, serão aplicadas duas medicações pela Fiocruz. A medicação tem fator antiparasitário e serve para interromper a evolução da doença como um todo e são as únicas fórmulas disponíveis no mercado brasileiro que tratam especificamente da Doença de Chagas.

O projeto é coordenado pelo professor Israel Molina, tendo como subcoordenador o professor Luciano Freitas Fernandes. A pesquisa será desenvolvida até 2025.

Projeto SaMI-Trop e atendimento a portadores de Chagas

A Unimontes está inserida no SaMI-Trop –Projeto Centro – São Paulo – Minas Gerais para Tratamento da Doença de Chagas. A iniciativa conduz e executa pesquisas com doenças negligenciadas, com foco na Doença de Chagas. O grupo é composto por pesquisadores colaboradores de quatro instituições públicas: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de São João del Rey (UFSJ) e Universidade Estadual de Montes Claros.
Os estudos são financiados pelo National Institute of Health (Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde, dos Estados Unidos).

A rede de pesquisadores do SaMI- Trop é coordenada pela professora Ester Cerdeiro Sabino, da Universidade de São Paulo. O grupo de Montes Claros é coordenado pela professora Ariela Mota Ferreira, do Departamento de Enfermagem da Unimontes.

Os estudos também contam com a participação das professoras da Unimontes Desirée Sant´Ana Haikal (Departamento de Odontologia) e Thallyta Maria Vieira ( Departamento de Biologia), juntamente com o professor e médico Infectologista Luciano Freitas Fernandes(do HU-Unimonte), o cardiologista Paulo Emílio Clementino e o doutor Israel Molina (pesquisador da Fiocruz e vinculado ao Hospital da Universidade Vall d’Hebron/Barcelona-ESP), professor convidado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unimontes.

O SaMI-Trop tem como principal objetivo oferecer um atendimento médico especializados aos portadores da doença de Chagas. O serviço é ofertado no Ambulatório de Chagas da Unimontes, que funciona no Centro Ambulatorial de Especialidades Tancredo Neves (CAETAN) do Hospital Universitário Unimontes. O ambulatório foi implantado pelo SaMi-Trop, com o apoio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros.

O atendimento é realizado às segundas-feiras, ofertando diagnósticos de sorologia na atenção primária. O casos mais graves são direcionados para atendimento emergencial, no qual são assistidos pacientes com sintomas com acometimento no trato intestinal, no coração e em outros órgãos identificados no diagnóstico, para a medicação e acompanhamento adequados.

“Cerca de 9% da população norte mineira possui a Doença de Chagas. Esses pacientes desconhecem sua condição clínica por falta de informação e por propagandas que informam o controle da doença. Nossos estudos foram direcionados em 21 municípios do Norte de Minas, apontando a região como endêmica da enfermidade.”, afirma o infectologista Luciano Freitas Fernandes.

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