A ocupação do território, os direitos e os costumes dos povos indígenas em Minas Gerais e no Brasil são objeto de estudos realizados pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Os trabalhos são desenvolvidos pelos professores do Grupo de Estudos de Etnologia Indígena, que conta com integrantes de três departamentos da instituição.

Nesta quinta-feira (19 de abril), quando se comemora o Dia do Índio, será realizada em Montes Claros uma jornada especial, que terá como tema central “A questão Indígena: violação de direitos em Minas e no Brasil”, composta por oficina e mesa redonda, abertas gratuitamente à comunidade.

Pela manhã, a partir das 10 horas, será promovida no Centro Cultural de Montes Claros a primeira etapa do evento, com discussão sobre “A Temática Indígena nas Escolas”. Às 19 horas, haverá a mesa redonda “Reflexões a partir de Itinerários e Etnográficos”, no auditório do prédio 3 – do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET), no campus-sede.

Atualmente, a população indígena do Brasil é de cerca de 900 mil indivíduos, espalhados por todas as unidades da Federação, somando mais de 240 povos. Dados históricos apontam que no século XVI o País alcançou uma população de 4 milhões de índios.

ESTUDOS ABRANGENTES

O Grupo de Estudos de Etnologia Indígena é integrado por professores dos Departamentos da Unimontes de Filosofia (Heiberle Hirsgberg Horácio), de Política e Ciências Sociais (Andrea Jakubasko, Carlos Caixeta de Queiroz e Fabiano José Alves de Souza) e Geociências (Cássio Alexandre da Silva). São realizados estudos de textos da etnologia indígena sobre as diversas comunidades indígenas, entre eles os povos Xakriabá, Pataxó e Krenak, que habitam o território mineiro. Os projetos de pesquisa são submetidos individualmente pelos professores ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepex) da Universidade.

Menino Xakriaba

“O grupo de Estudos Etnologia Indígena busca realizar leituras de obras que procuram compreender as formas de vida social, os contextos ambientais, os sentidos das manifestações simbólicas e a organização dos povos indígenas”, afirma o professor Heiberle Hirsgberg. “Em nossas pesquisas individuais, nos concentramos em falar com os índios – e não em falar pelos índios, em produções que colaborem nas defesas dos direitos dos povos indígenas”, afirma o pesquisador.

Adereco MFreitasHeiberle realiza trabalhos de pesquisa com o povo indígena Xakriabá, que envolve em torno de 11 mil índios, distribuídos por 33 aldeias numa extensão de 54 mil hectares, no município de São João das Missões (Norte de Minas). Ele desenvolveu o estudo “A Religiosidade do Povo Indígena Xakriabá”, ao concluir o pós-doutorado em Ciências Sociais na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atualmente, o professor Heiberle coordena na Unimontes o projeto de pesquisa “Dinâmicas da Religiosidade do Povo Indígena Xakriabá”, bem como realiza oficinas de como tratar a temática indígena nas escolas.

O mesmo povo indígena é estudado pelo professor Cássio Alexandre da Silva. Ele realizou a pesquisa “A Natureza de um Território no Sertão do Norte de Minas Gerais: A Ação Territorial dos Xacriabás”. Ele concluiu o doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordena o projeto “Uma Cartografia Social nas Comunidades Limítrofes da Terra Indígena Xakriabá no Norte de Minas Gerais”.

Outro integrante do grupo, o professor Carlos Caixeta escreveu a monografia de conclusão de curso “A Construção de uma Identidade: o Caso das Relações entre Índios Krenak e Brancos (1992)” e a dissertação “Punição e Etnicidade: Estudo de uma Colônia Penal Indígena”, no mestrado em Sociologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A professora Andrea Jakubasko, que tem experiência em política indigenista, produziu a dissertação “Imagens da Alteridade: um estudo da Experiência Histórica dos Enawene, Nawe” (do Mato Grosso), em curso de mestrado em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Já o professor Fabiano José Alves de Souza coordenou o projeto de pesquisa “Cosmologia, História e Agência Indígena: os Pataxós (MG) e seus ‘outros’ encantados” e escreveu a tese “Os Pataxós em Morros Brutos e Terras Fanosas – Descortinando o Movimento das Puxadas de Rama”.

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