Atuação de professores e acadêmicos passa, inclusive, pelos ensinamentos sobre a legislação que ampara os bens artísticos, históricos e naturais do 61º maior município em população no Estado

Além da inserção em uma série de ações no dia a dia do município, a Universidade Estadual de Montes Claros atua como protagonista na valorização da história local e regional do município de São Francisco, no Norte de Minas. Prova disso está na participação estratégica da Unimontes no Conselho de Patrimônio Cultural de São Francisco (COMPAC).

Vista do Cruzeirinho de dentro da Igreja Matriz de São José: símbolo é um dos dois patrimônios tombados do município (Foto: Guilherme Barbosa)

Atualmente, o órgão é presidido por Leandro Amaral Barbosa, acadêmico do 6º período do curso de História no campus São Francisco, e conta entre os conselheiros com a professora Filomena Luciene Cordeiro, da disciplina “História do Brasil Colônia”, e com o acadêmico Rodrigo Pereira Rocha (suplente), do 7º período do mesmo curso. A vigência do mandato é de dois anos. A próxima eleição será em 2023.

O COMPAC foi implantado em 2002, por meio da Lei Municipal nº 2033, e reúne também representantes das secretarias municipais de Cultura e de Obras, ONG “Preservar”, Associação Comunitária do Bairro Bandeirantes e da Loja Acácia Maçônica de São Francisco.

“Esta interação da Unimontes com os diferentes segmentos da comunidade em São Francisco, por si só, agrega no fortalecimento da educação patrimonial, uma das grandes propostas que o nosso curso oferece. Além disso, contribuímos para ampliar a visão dos conselheiros sobre os diversos temas associados à preservação histórica e cultural e, também, sobre as leis de amparo ao patrimônio”, observa Leandro.

Professora Luciene Cordeiro

ESTRATÉGIAS – A professora Filomena Cordeiro destaca a atuação do Conselho como um grande compromisso com os bens culturais e naturais de São Francisco. “Há um cuidado por parte dos integrantes do Conselho, em conjunto com a coordenação do Poder Executivo, em pensar estratégias e dinâmicas de proteção e preservação do patrimônio do Município. Como professora universitária e estudiosa do assunto, a ideia em agregar esforços com o Conselho consiste em aprender juntos como realizar essas práticas conservacionistas e preservacionistas, levando em consideração a experiência de todos os envolvidos”, completa.

TOMBAMENTO

Entre os principais desafios do COMPAC está a ampliação do número de bens com potencial para tombamento junto aos órgãos responsáveis pela proteção legal do patrimônio, como no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Leandro Amaral é presidente do COMPAC e já defendeu produções científicas sobre o patrimônio histórico

Atualmente, segundo o presidente do Conselho, apenas dois símbolos locais estão tombados. A história de um deles é narrada pelo advogado e memorialista João Naves de Mello, que também é conselheiro do COMPAC como representante da Maçonaria: o “Cruzeirinho”, situado entre o cais do Rio São Francisco e a Igreja Matriz de São José. Segundo ele, a grande cruz é datada da década de 1936, feita em ferro fundido para substituir o símbolo original. Foi instalada no período de reforma da Igreja. O formato antigo, ainda conforme Naves, era em madeira e foi instalado quando teve início a obra de construção da Igreja, no Século XIX (1890).

Outra referência para a comunidade e que está oficialmente tombada é a imagem de São Félix, que teria chegado à cidade em 1877 para ornar a Igrejinha de mesmo nome, segundo informações do Inventário de Proteção do Acervo Cultural de São Francisco. O tombamento ocorreu em 2009 e, sete anos depois, a imagem foi restaurada por uma empresa especializada. A Capela de São Félix é o templo mais antigo do município e foi tema de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de História da Unimontes, focando, inclusive, a necessidade de recuperação da parte arquitetônica da capelinha por causa dos efeitos das intempéries.

RELIGIOSIDADE – Entre as missões assumidas pelo COMPAC e que conta com participação direta da Universidade é o resgate histórico dos principais elementos e objetos da Folia de Reis em São Francisco, tema de pesquisa do egresso Ananias Mendes Vieira. A tradição, que abrange quase todas as regiões de Minas Gerais, inspirada nos elementos simbólicos da Igreja Católica Apostólica Romana, data do Século XVI com fortes representações em São Francisco.

Imagem de São Félix, do século XIX

Paralelamente, o Conselho conduz outras frentes junto à comunidade para a valorização dos aspectos culturais e naturais de São Francisco. Neste ano, mesmo com as limitações sugeridas com as medidas preventivas da pandemia do Novo Coronavírus, os conselheiros e a comunidade estiveram envolvidos com a visita técnica ao Parque Estadual Cavernas do Vale do Peruaçu (nos municípios vizinhos de Januária e Itacarambi); na realização da Feira Cultural São Franciscana e na participação na 8ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais/2021. Outro momento de destaque foi a comemoração dos 144 anos de emancipação político-administrativa do município (primeira semana de novembro).

O órgão está vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, Patrimônio, Turismo, Esporte e Juventude de São Francisco, comandada pelo secretário Ronaldo Alves Silva. A pasta conta com a atuação da arquiteta Danielle Figueiredo Spina Rocha e de Gesilda Rodrigues Paraizo, especialista em patrimônio histórico e memória cultural.

“Em seus cursos e projetos, a Unimontes já tem atuado ativamente na comunidade local, por meio de suas ações de projetos de ensino, pesquisa e extensão. Fazer parte do Conselho de Patrimônio Cultural de São Francisco é mais um diferencial do qual nos orgulhamos em trabalhar ao lado da comunidade”, declara a professora Bárbara Figueiredo Souto, coordenadora do campus da Universidade Estadual de Montes Claros em São Francisco.

Foto do antigo cais de São Francisco, em 1927

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