Braulino Caetano dos Santos é o novo Doutor Honoris Causa da Unimontes
Foto: Christiano Jilvan – Ascom Unimontes

Homem simples do meio rural, do município de Montes Claros, o agricultor Braulino Caetano dos Santos ganhou notoriedade como ambientalista e defensor do Cerrado e das comunidades tradicionais. Assim, tornou-se objeto de estudos, dissertações e teses em diversas universidades. Agora, por conta da sua destacada atuação em prol do desenvolvimento sustentável, Braulino tem no currículo o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), por meio de proposta aprovada pelo Conselho Universitário.

A entrega do título foi realizada na noite dessa terça-feira (24/9), na abertura do VI Colóquio Internacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, na quadra 1 do Centro Esportivo Universitário (CEU), no campus-sede, com centenas de participantes indígenas, quilombolas, geraizeiros, barranqueiros, pescadores e catadores, além de lideranças políticas e representantes do Ministério Público, pesquisadores e acadêmicos dos cursos de graduação, de mestrado e doutorado.

Vice-reitora da Unimontes, Ilva Ruas de Abreu, destacou a trajetória do ambientalista, inclusive com reconhecimento internacional

O evento também integrou as comemorações pelos 30 anos da estadualização da instituição. Ao presidir a cerimônia, o reitor da Unimontes, professor Antonio Alvimar Souza, enfatizou que a instituição vive um momento impar por “reconhecer o trabalho das pessoas simples”.

Antes da cerimônia, Braulino Caetano dos Santos foi saudado pelos índios das etnias Xacriabá (MG), Tuxá (BA), Xavante (MT) e Xerente (MT) no ritual chamado “toré”. Em seguida, a vice-reitora Ilva Ruas Abreu fez um relato da trajetória do homenageado. “De trabalhador rural a agricultor familiar, contribuiu para o desenvolvimento territorial do Norte de Minas e do Brasil”, destacou. Ela citou a atuação de Braulino na criação e manutenção de diversas entidades voltadas para a conservação ambiental e para a defesa das populações tradicionais e para a melhoria de vida no semiárido, entre elas o Centro de Agricultura Alternativa (CAA) do Norte de Minas, a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a Articulação do Semiárido (ASA) e a Rede Cerrado.

Homenagem foi entregue durante o Colóquio dos Povos e Comunidades Tradicionais, Braulino dos Santos foi saudado pelos indígenas no ritual conhecido como “Toré”

CIDADÃO SOCIAL – “A prática social de Braulino Caetano tornou-se objeto de estudo e pesquisa acadêmica em diversas universidades, pelo seu engajamento junto a outros atores, pela sua contribuição e protagonismo. Existem, assim, mais de uma dezena de teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias sobre sua trajetória e das comunidades acompanhadas pela entidade com os seus conhecimentos, saberes e contribuição para o desenvolvimento local”, relatou vice-reitora.

APELO PELA DEFESA DO CERRADO E DAS ÁGUAS

Professora Luciene Rodrigues fez a entrega da epitoche ao homenageado

Braulino Caetano dos Santos compartilhou a distinção com as comunidades tradicionais. “Esse título não é meu, mas de todos os povos tradicionais”. Ele aproveitou a oportunidade para chamar atenção para a defesa do meio ambiente. “Temos que lutar para defender o Cerrado que ainda está de pé”.

O agricultor e ambientalista também ressaltou a necessidade da conservação dos recursos hídricos, a fim de garantir o futuro. “A coisa mais importante que temos é a vida. E o que é a vida? A vida é água. Tivemos guerras, várias guerras por causa de terra; morreu gente por causa (da defesa) do seu território. Hoje, temos a guerra pela água. Então, peço a todos: vamos fazer alguma coisa pelos nossos recursos hídricos, que estão acabando”, conclamou.

RECONHECIMENTO DA SIMPLICIDADE

Reitor Alvimar: momento históricode homenagear as pessoas simples com a mais alta distinção da academia

O reitor Antonio Alvimar assinalou que a entrega do título de Doutor Honoris Causa ao agricultor e ambientalista Braulino Caetano dos Santos representa um momento marcante para a Unimontes. “Este é um momento ímpar para a Universidade porque a Unimontes deixa o seu pedestal para se aproximar de um homem simples da terra. Não existe tarefa mais importante do esta, exatamente porque esta é nossa primeira vocação, a vocação de estarmos ligados à mãe terra”, disse o reitor.

Ele completou: “este é um momento ímpar porque a universidade procura reconhecer o valor de uma pessoa que contribui de maneira muito significativa para a formação de outras pessoas”.

O reitor ressaltou também que o titulo de Doutor Honoris Causa a Braulino “representa a homenagem a todos do entorno da universidade que lutam diuturnamente na busca de uma consciência ecológica mais saudável. E nós sabemos que esta consciência ecológica mais saudável não passa só pela academia. Não adianta ser ambientalista (só) de carteirinha. É preciso, de fato, mudanças das nossas atividades; mudar a nossa maneira de vermos o planeta. O planeta exige de nós simplicidade, capacidade de conviver com as diversas expressões da vida que estão colocadas ao nosso redor”, comentou.

Ele ainda chamou atenção para a importância da biodiversidade. “Que nossas referências sejam de respeito à vida da mãe terra, ao ar que respiramos, às pessoas humanas e a todos os seres que estão ao nosso redor. Que a nossa vida seja pautada pela postura ética de respeito à biodiversidade”, ponderou.

O professor Antonio Alvimar Souza lembrou que a Universidade é um “braço do Estado” no Norte de Minas. “E como um braço do estado na região, a Universidade precisa, de fato, atuar de uma maneira contundente no processo de inclusão das pessoas”, concluiu.

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