Termina nesta quarta-feira (27/11) o X  Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, sediado na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Iniciado sábado (22/11),o evento é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, com a organização do departamento de Biologia Geral da Unimontes,  objetivando fortalecer as atividades de pesquisa, ensino e extensão. 

Durante cinco dias, pesquisadores de várias regiões do Brasil e do exterior apresentaram trabalhos e experimentações sobre o eixo central do simpósio: “Biodiversidade, Direitos e Territórios”. Conforme a coordenadora do simpósito, a professora Ana Thé, do departamento de Biologia Geral, a temática de debates foi definida a partir do crescente uso dos saberes locais como ferramenta de luta pelos direitos das comunidades tradicionais.

Um dos debatedores internacionais do encontro foi o professor Arturo Argueta, pesquisador da Universidad Nacional Autónoma do México. Ele mostrou-se motivado e,ao mesmo tempo, preocupado com o tema abordado. “Presenciamos uma diversidade cultural, mas vimos também a extinção de povos e línguas, o que nos faz pensar sobre a importância e a interdisciplinaridade da etnobiologia como proposta para uma nova realidade”, afirmou  o pesquisador mexicano. 

Arturo Argueta apresentou dados do Censo do México que revelam que, entre 1967 e 2010, cerca de 15 milhões de habitantes daquele país se declararam indígenas. “Daí, a importância de tratarmos com profundidade esse tema, que amplia as discussões em âmbito mundial. Devemos tratar o desenvolvimento desses e de outros grupos que exploram, em sua maioria de forma irracional, os recursos naturais e colocam em risco os modos de vida”, comentou.

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Arturo Argueta, pesquisador da Universidad Nacional Autónoma do México (fotos: Andrey Librelon)

A etnobióloga Eréndira Cano veio a Montes Claros com o grupo de pesquisadores do México. Ela chamou a atenção para a distribuição coletiva do tema no ambiente universitário. “Temos que ouvir as demandas dos movimentos sociais. A discussão não pode se restringir apenas ao âmbito acadêmico, mas envolver as esferas tanto ambiental quanto social”.

Programação

Há uma importante conexão do tema com as populações tradicionais e, consequentemente, com as pesquisas regionais, afirma a professora Ana Thé. “A cultura e a natureza são indissociáveis nesse contexto e estão inter-relacionadas ao ser humano. A proposta do evento é também refletir sobre as demandas atuais e os avanços dos etnobiólogos e etnoecológicos brasileiros e estrangeiros, bem como o desenvolvimento dessas discussões, que devem ocorrer em consonância  com as experiências profissionais de outros países”, afirma ela.

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Professora Ana Thé, do departamento de Biologia Geral

O encerramento oficial do simpósio  está marcado para às 19h30 desta quinta-feira, no auditório do prédio 1, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), com a divulgação do resultado dos prêmios Darrel Posey, João Zinclar e Guimarães Rosa, seguido de apresentação do professor e poeta Carlos Rodrigues Brandão e do músico e educador Popular Josino Medina. Na mesma noite, a  Orquestra Catrumana do Groove Solto encerra as atividades culturais no Solar do Sertão, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA).

 

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