Pesquisadores da UnB, USP e Unimontes apontam que a falha geológica ativa sob Montes Claros, que seria a causa dos tremores de terra ocorridos no município, pode ter uma dimensão maior do que era conhecido. Por outro lado, os sismos que foram registrados recentemente têm sido mais afastados da cidade, o que pode indicar menores conseqüências para a área urbana.
As informações foram divulgadas na noite dessa segunda-feira (28/04), durante audiência pública promovida pela Câmara Municipal para tratar do assunto, com participação de representantes da Unimontes, Secretaria Municipal de Defesa Social, Defesa Civil, Polícia Militar, Bombeiros, Faculdades Pitágoras e Copasa, além dos vereadores.
Os dados foram coletados a partir dos indicadores de três sismógrafos instalados no município e estão associados ao registro de sismos na primeira quinzena de abril. Ao mesmo tempo, esses integram o relatório da pesquisa coletiva desenvolvida pelas três universidades, sob a supervisão do professor Lucas Vieira Barros (UnB).
RELATÓRIO
A informação integra o relatório do Observatório Sismológico (SIS – UnB), elaborado em parceria com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG – USP) e o Centro de Estudos de Convivência com a Seca (CECS – Unimontes). O material foi divulgado pelo professor Expedito José Ferreira, coordenador do CECS, que participou da audiência pública como um dos representantes da Unimontes, ao lado do professor Guilherme Oliveira Guimarães, coordenador do curso de Engenharia Civil.
Entre os dias 6 e 8 de abril deste ano foram registrados 12 abalos sísmicos em Montes Claros, sendo os mais intensos de 3.3 e 2.9 graus na Escala Richter (que vai até 9). Como houve apreensão por parte da população, o professor Lucas Barros e mais dois técnicos do SIS – UnB estiveram na cidade entre 9 e 13/04 para algumas ações: coleta de dados nos sismógrafos; implantação do processo de transmissão on-line de dados e reuniões técnicas com os organismos envolvidos (município, Unimontes, Exército, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar).
Para a continuidade dos estudos que podem determinar maior precisão sobre o tamanho da falha geológica e a localização dos sismos, ainda durante a visita dos técnicos da UnB foram instalados mais dois sismógrafos na área do município. Sendo assim, atualmente estão em funcionamento cinco aparelhos, sendo quatro do Observatório da Sismológico da UnB e um da Unimontes. No entanto, a rede sísmica que está sendo montada em Montes Claros poderá ter mais quatro aparelhos permanentes.
A prefeitura anunciou o projeto para a compra de mais dois sismógrafos, mesma quantidade que será adquirida pelas Faculdades Integradas Pitágoras (FIP-MOC) para atividades dos cursos de Engenharia Civil e de Engenharia de Minas (áreas de Sismologia Aplicada à Engenharia e Métodos Geofísicos Aplicados à Prospecção Mineral). Uma vez instalados permitirão também a identificação de possíveis estruturas geológicas relacionadas com os sismos e o risco geológico do município.
AÇÕES COOPERATIVAS
“O mais importante agora é intensificar as ações cooperativas, o que será determinante para a efetivação plena do Núcleo de Estudos Sismológicos da Unimontes”, observa o professor Expedito José Ferreira. Por sua vez, o professor Guilherme Oliveira salientou sobre a importância do acompanhamento profissional em todo tipo de construção civil em Montes Claros. “Percebemos que as residências que tiveram algum tipo de comprometimento com os abalos não tiveram este tipo de suporte técnico, por diversos motivos, até mesmo de ordem financeira. O que seria pertinente neste momento é uma campanha de conscientização e, ao mesmo tempo, desenvolver uma forma de acesso menos burocrática aos serviços de Engenharia”, finalizou.