“Em muitos momentos sinto-me uma estrangeira, por causa do isolamento social,” disse a professora de libras Rosana Fróes Santos, que perdeu a audição aos treze anos de idade, ao relatar dificuldades para ações simples na vida cotidiana, como pedir um suco com açúcar ou em uma consulta médica. “Em algumas situações torna-se visível às pessoas tentando nos evitar, com receio de não conseguir se comunicar”, lamentou a professora do curso de libras.

Dentro da perspectiva de ampliar a educação inclusiva, a Unimontes formou, na quinta-feira, 29 pessoas no curso de braile e 14 no curso de libras, ajudando a reduzir o isolamento social imposto às pessoas com deficiências.

Os cursos de braile e de libras foram ofertados pelo Núcleo de Sociedade Inclusiva (Nusi) da Universidade, de forma gratuita, com o intuito de ampliar as formas de comunicação por meio dos sinais de libras e do acesso ao mundo da literatura através do código de braile.

Pedagoga graduada pela Unimontes e professora de braile, Antonia Aparecida da Silva perdeu a visão aos três anos. Relatou as dificuldades para o acesso ao mundo das obras em braile. “Existem poemas maravilhosos escritos em braile e que acabam não sendo acessados”, lamentou. Antonia e a professora Rosana Fróes Santos elogiaram a iniciativa da Unimontes de ofertar os cursos gratuitamente, pois ampliam as possibilidades de comunicação e reduzem o isolamento social.

Ao defender os recursos como forma de ampliação das formas de comunicação, a coordenadora do Nusi, professora Silvana Diamantino França destacou que as pessoas não precisam ter familiares com necessidades especiais para participar dos cursos de braile ou libras. “As instituições de ensino precisam estar preparadas para atender todos os estudantes e seus familiares e, até mesmo na vida pessoal, precisamos colocar a inclusão como prioridade”, recomendou. Lembrou que a inclusão na Unimontes é política de acessibilidade prevista no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).

O reitor da Unimontes, professor Antonio Alvimar Souza, presidente da solenidade de certificação dos alunos, defendeu que é preciso acabar com as exclusões, principalmente, nos ambientes públicos. Recomendou que as pessoas desenvolvessem mais a solidariedade, se colocando no lugar do outro, para entender como as relações precisam ser gerenciadas. “Não podemos ver o mundo apenas como se o nosso ponto de vista fosse único e correto, já que é necessário e imprescindível compreendermos a dimensão humana em suas diversas necessidades”, observou.

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