Atividades de estudo acontecem em ambulatório do Hospital Universitário
Foi realizado quarta-feira (19/07), no campus-sede da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) o lançamento nacional do Projeto CUIDA Chagas “Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas”. A cerimônia, que marcou o inicio da atividades de campo do projeto de pesquisa no Brasil, aconteceu no auditório do Centro de Ciências Humanas (CCH), com a participação do vice-reitor, professor Dalton Caldeira Rocha, representando o reitor, professor Wagner de Paulo Santiago.
A Unimontes é parceira do CUIDA Chagas que tem uma iniciativa internacional financiada pela Unitaid, cofinanciada pelo Ministério de Saúde do Brasil e liderada pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O projeto conta com o trabalho de equipes multidisciplinares em quatro países: Bolívia, Brasil, Colômbia e Paraguai. Sua investigadora principal é Andréa Silvestre, cardiologista, servidora e pesquisadora do INI e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O vice-reitor Dalton Caldeira Rocha enalteceu a importância da parceria entre a Unimontes e a Fiocruz e a relevância do estudo científico. “Esse é um momento importante em que a universidade amplia a investigação científica e aumenta também as ações conjuntas com os institutos, atuando em benefício da população”.
Ele lembrou ainda que “em toda a área de atuação da Universidade, existem índices da doença de Chagas. Desta forma, é importante receber os pesquisadores da Fiocruz para que esse projeto seja validado e possa contribuir para o combate à doença e também para a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população, não só da região, como de todo o Brasil”.
A principal investigadora e coordenadora do Estudo de Validação da Fiocruz, Franciana Rosa, salientou que “o lançamento do estudo de validação busca definir e avaliar um algoritmo de testes rápidos para diagnóstico da doença de Chagas e a parceria com a Unimontes é de suma importância para a execução do projeto”.
A coordenadora do projeto na Unimontes, professora Ariela Mota fez a apresentação das atividades do projeto. Ela lembrou que as atividades do CUIDA Chagas acontecem nos ambulatórios de chagas do Hospital Universitário Clemente de Faria (HU-Unimontes) atrelado ao Centro de Pesquisa de Chagas e a Fiocruz.
O Ambulatório de Chagas do HU- Unimontes conta com sete mil pessoas cadastradas em seu banco de dados, na fila para aplicação de testes e exames. “O lançamento de hoje traz resposta às principais questões da comunidade portadora de doença de chagas, que é o acesso fácil e rápido ao diagnóstico”, afirmou a professora Ariela Mota, que acompanha as equipes durante todo o processo.
Saiba mais sobre a transmissão do Chagas
A doença de Chagas é uma moléstia tropical negligenciada que afeta principalmente populações vulneráveis da América Latina. Porém, sua abrangência é global, estando presente no mundo todo.
“A doença de chagas pode ser transmitida em várias vias e um dos objetivos do projeto é eliminar a transmissão vertical da doença de uma mãe infectada, sem saber do seu diagnóstico, para o seu filho. Nesse sentido, o trabalho visa ampliar esse diagnóstico, oferecer tratamento e cuidado para essas pessoas, pois, a doença de chagas tem cura”, explica a Investigadora Principal do Projeto CUIDA Chagas, Andréa Silvestre.
Estima-se que de 6 a 8 milhões de pessoas são acometidas e mais de 75 milhões moram em áreas de risco, sendo que 1,12 milhão são mulheres em idade fértil. Nas Américas, aproximadamente 12.000 pessoas morrem, cada ano, por causa dessa doença e entre 8.000 e 15.000 bebês se infectam pela transmissão vertical, aquela que pode acontecer durante a gravidez ou o parto. Sem tratamento, entre 30% e 40% dos afetados desenvolve sérias complicações de saúde, principalmente no coração e no sistema digestivo.
De acordo com especialistas, o diagnóstico, o tratamento e o cuidado integral da doença de Chagas trazem benefícios importantes, incluindo a prevenção da transmissão vertical, a grande possibilidade de cura em bebês e crianças e o controle e redução da progressão para formas avançadas da doença em adultos. Todos esses benefícios podem ser adquiridos, observando-se cada contexto epidemiológico, implementando protocolos adequados, promovendo a conscientização social e incentivando um maior investimento público e privado direcionado à doença de Chagas. Para isso, mecanismos de articulação institucional, pesquisa científica e inovação tecnológica são fundamentais para melhorar a informação disponível sobre o impacto socio-sanitário da doença e viabilizar ações e políticas concretas a fim de garantir uma melhor vida às pessoas acometidas e promover a prevenção e o controle da doença.