A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) desenvolverá dois projetos de pesquisa para avaliar os impactos de mudanças climáticas e o controle da erosão em bacias hidrográficas do Norte de Minas. Os estudos serão coordenados pelo professor e pesquisador Marcos Koiti Kondo, do curso de Agronomia, vinculado ao departamento de Ciências Agrárias, sediado o campus avançado de Janaúba (Norte de Minas).
O projeto “Impacto das Mudanças Climáticas e do Uso da Terra nos Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas do Semiárido”, foi aprovado no âmbito edital Etene/Fundeci, do Banco do Nordeste, que visa o suporte “à pesquisa e difusão de tecnologias no combate à desertificação ou de convivência com o semiárido”. O valor aprovado é de R$ 298.410,00 e a pesquisa deverá ser desenvolvida durante quatro anos.
A proposta “Quantificação, Monitoramento e Controle da Erosão na Bacia do Rio Pandeiros”, no valor de R$ 183.108,45, foi aprovada no âmbito do Edital 13/2014, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que objetiva a “Sustentabilidade da Bacia do Rio Pandeiros”. O estudo deverá ser concluído dentro de dois anos.
Conforme explica o professor Marcos Koiti Kondo, por intermédio do primeiro projeto, serão realizados levantamentos nas nascentes das bacias do Rios Tabuas e Gorutuba (que deságuam no Rio Verde Grande, principal afluente da margem direita do Rio São Francisco) e do Rio Salinas (afluente do Rio Jequitinhonha).
“A proposta do estudo é desenvolver modelos de evolução climática e verificar os impactos das mudanças do clima nas bacias avaliadas”, explica o pesquisador da Unimontes. Ele lembra que serão verificados vários aspectos como o mapeamento do solo, o impacto direto das mudanças climáticas na vazão dos rios e o monitoramento das nascentes, com objetivo de observar quais foram as alterações que sofreram ao longo dos anos.
Segundo Marcos Kondo, “o objetivo principal é avaliar os impactos das mudanças climáticas e do uso da terra nos recursos hídricos de bacias hidrográficas do semiárido mineiro, para a geração de conhecimento e estratégias na conservação dos recursos hídricos, aliados à sustentabilidade e competitividade da agropecuária”
“A ausência de informações precisas e quantitativas a respeito do impacto das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos dificulta o estabelecimento de práticas sustentáveis para a conservação do solo e uso da terra. Grande parte das ações implementadas para controle da erosão hídrica em Minas Gerais é derivada de estudos realizados em condições distintas daquelas encontradas localmente, com redução significativa da sua eficiência”, comenta o pesquisador, ao justificar a necessidade da pesquisa.
Ele ressalta que os resultados poderão indicar o que acontecerá futuramente com as nascentes e com as bacias hidrográficas, diante das mudanças climáticas. Neste caso, poderão indicar ações a serem implementadas para a preservação e o retorno de nascentes que desapareceram, assim como a recuperação e a manutenção dos cursos d’água.
Lembra o pesquisador que o estudo deverá servir também para orientar os produtores rurais sobre como garantir a sustentabilidade em suas atividades.
Sobre o projeto “Quantificação, Monitoramento e Controle da Erosão na Bacia do Rio Pandeiros”, o professor Marcos Koiti Kondo salienta que o estudo vai avaliar os efeitos da erosão na bacia, apontando também as medidas para a redução dos danos ambientais. “O objetivo é, a partir do monitoramento e controle da erosão, conseguir um aumento de 20 a 30 por cento da vazão de água”, assegura.
“O grande desafio para a manutenção ou recuperação de ecossistemas como a Área de Proteção Ambiental (APA) Pandeiros é compatibilizar a produção de alimentos, fibras e energia com o uso racional e sustentável dos recursos naturais, diante do cenário do aumento da pressão sobre o uso da água e das mudanças climáticas, principalmente nas regiões semiáridas”, ressalta Koito Kondo.
“Aliado à questão das mudanças climáticas, faz-se necessário desenvolver estratégias para reduzir o efeito deletério da ação antrópica sobre os recursos naturais, de forma ágil e com redução dos custos inerentes. A coleta sistematizada de dados e a modelagem hidrológica podem contribuir decisivamente para esta redução nos ambientes em recuperação”, afirma o pesquisador.