A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), por meio do Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica – Ágora –, encaminhou ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o primeiro depósito de “patente verde” desenvolvido por pesquisadores da instituição. Trata-se de um processo que visa acelerar a germinação de mudas do coco macaúba, espécie do bioma Cerrado, que, entre outras finalidades, é usada na produção de biocombustíveis.
O trabalho, denominado “Processo de Germinação de Palmeiras com Dormência Fisiológica, especialmente Acrococomia aculeata”, foi desenvolvido pelos pesquisadores na Unimontes no âmbito do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Biotecnologia. A pesquisa foi realizada durante sete anos, sob a coordenação do professor Leonardo Monteiro Ribeiro.
O “Programa Piloto de Patentes Verdes” foi criado pelo INPI em abril de 2012, com o objetivo de incentivar a inovação sustentável, com foco na conservação do meio ambiente e, consequentemente, na redução dos impactos ambientais e o combate às mudanças climáticas. A meta é acelerar a análise dos pedidos de registros de patentes vinculados a projetos sustentáveis. São contempladas propostas nas áreas de energia alternativa, transporte, conservação de energia, gerenciamento de resíduos e agricultura.
Normalmente, o período de análise e registro de patente demora de seis a 10 anos. Os pedidos inseridos nas categorias do Programa Patentes Verdes são acelerados, devendo ser analisados dentro, no máximo, em dois anos.A pesquisa sobre o coco macaúba
O experimento sobre o “Processo de Germinação de Palmeiras com Dormência Fisiológica, especialmente Acrococomia aculeata”, foi realizado no Laboratório de Micropropagação (LAM) do campus-sede, vinculado ao departamento de Biologia Geral, com a colaboração de alunos do curso de graduação em Ciências Biológicas e do Mestrado Profissional em Biotecnologia.
Durante o estudo, foi desenvolvido o processo para viabilizar a reprodução de sementes da palmeira macaúba (Acrocomia aculeata), com rapidez e em altos índices, de modo a permitir a produção de mudas em escala agroindustrial. Os resultados obtidos vão acelerar a germinação da macaúba, que tem grande aproveitamento na fabricação de biocombustíveis e na indústria de cosméticos e de produtos de limpeza.
“O depósito desta patente no INPI representa um avanço muito significativo na linha de pesquisa com germinação da macaúba e de outras palmeiras do cerrado. Acreditamos que a invenção deverá contribuir para a produção de mudas em larga escala da macaúba e de outras palmeiras de grande interesse econômico, por viabilizar a germinação, que pode demorar anos, em condições naturais”, afirma o professor Leonardo Monteiro Ribeiro.
O pesquisador destacou a participação de todos os envolvidos no experimento. “Pesquisar é uma atividade bem árdua: esbarramos a toda hora com frustrações, decepções e cansaço. Mas quando temos um resultado assim é como a sensação feliz de chegar ao topo de uma montanha”, comenta Leonardo Monteiro Ribeiro.Ele ressaltou também o apoio do Núcleo Ágora, órgão vinculado à Coordenadoria de Inovação Tecnológica da Pró-Reitoria de Pesquisa da universidade, que é responsável por orientar, assessorar, apoiar e gerir atividades direcionadas ao processo de inovação, proteção intelectual e transferência de tecnologia.
O processo sobre a germinação da macaúba foi o quinto depósito de patente desenvolvido pela Unimontes em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e encaminhado ao INPI. O próximo passo do Ágora, juntamente com a Fapemig, será a efetivação da transferência da tecnologia, que poderá despertar o interesse de empresas de paisagismo e de indústrias de biocombustíveis, alimentos e de cosméticos.