Desenvolvida em parceria com a Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), iniciativa visa o registro da Marca Coletiva (MC) do produto.

Pólen extraído por abelhas da flor do pequizeiro dá origem a mel com características exclusivas,
propriedade antioxidante e bons teores de vitaminas A e C | Foto: Beto Magalhães

O pequi tem a sua cadeia produtiva ampliada com o surgimento de diferentes derivados. Um deles é o mel monofloral do pequizeiro. O produto natural é alvo de pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O trabalho visa também o registro da Marca Coletiva (MC) do mel d também de  outros produtos da cadeia produtiva do fruto-símbolo do Cerrado, incluindo cosméticos.

O estudo sobre o mel monofloral do pequizeiro é realizado pelo professor e pesquisador Dario Alves de Oliveira, do Departamento de Ciências Biológicas da Unimontes, juntamente com a  acadêmica Sara Gisele Veloso Macena. A iniciativa conta com a parceria da  Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi).

O professor Dario Alves de Oliveira ressalta as características e as propriedades medicinais do produto orgânico.  “O mel de pequi não tem o sabor forte do fruto, mas um sabor suave. Tem boa atividade antioxidante e bons teores de vitaminas A e C, que tem importância no organismo humano para o sistema imunológico e ajuda na absorção de ferro de alimentos”, explica o pesquisador da Unimontes.

Ele ressalta que o  mel monofloral é produzido a partir do pólen de apenas uma planta – enquanto o “mel silvestre” resulta de uma mistura de diversas espécies vegetais. “Cada mel monofloral tem uma característica peculiar”, destaca.

O pesquisador  explica que o objetivo da parceria com a Coopemapi é o registro da Marca Coletiva do mel de pequi e também de outros produtos da cadeia produtiva do fruto-símbolo do Cerrado, incluindo cosméticos.

Ele assinala que a ação  vai proporcionar benefícios diretos para os produtores extrativistas. “O registro de marcas coletivas é necessário para apoiar as comunidades, visto que, as Marca Coletiva é usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade”, diz.

 A identificação do produto por meio de marcas ou marcas coletivas é uma forma de proteger  o produto, ou seja, registrar a marca e associar a qualidade do produto com determinada peculiaridade  que foi criada”,  assegura o professor do Departamento de Ciências Biológicas da Unimontes.

Segundo ele,  já existem pequenos agricultores que se dedicam à produção do “mel de pequi” em vários municípios norte-mineiros conhecidos pela concentração de pequizeiros. Entre eles, estão: Japonvar, Campo Azul, Coração de Jesus, Bocaiuva e Guaraciama.

O professor Dario Alves de Oliveira ressalta ainda que o registro da marca garante maior valorização do produto orgânico no mercado, o que resulta em ganho financeiro os pequenos produtores. “A valorização de produtos no mercado, seja nacional ou internacional é uma forma de apoiar de maneira efetiva as comunidades que desenvolvem a atividade e consequentemente o desenvolvimento regional”, avalia.

ESTUDO EM DESTAQUE

O estudo da Unimontes sobre o mel de pequi e as ações para o registro da  Marca Coletiva e para o reconhecimento da indicação geográfica dos produtos da cadeia produtiva do pequi no Norte de Minas foram abordadas em série de reportagens publicada pelo Jornal “Estado de Minas”.  

“O produto orgânico rico em propriedades medicinais já tem iniciativas para registro da Marca Coletiva. É parte de um conjunto de ações em andamento no Norte de Minas para organização da comercialização do fruto-símbolo do cerrado e de seus derivados. Uma delas é a mobilização para o reconhecimento da indicação geográfica dos produtos da cadeia produtiva do pequi na região”, diz a matéria.

A publicação registra que, em fevereiro,  por intermédio do presidente da Coopemapi, Luciano Fernandes de Souza, e de outros integrantes da cooperativa, o mel de pequi  apresentado na Feira Líder Mundial de Alimentos Orgânicos (Biofach), em Nuremberg, na Alemanha

A reportagem  destaca ainda:  

“ESTÍMULO À PRESERVAÇÃO

A exploração do “mel de pequi” é mais um alento que surge em prol da preservação da espécie nativa, já que a produção depende da floração dos pequizeiros, que, normalmente, ocorre no mês de setembro. A observação é do engenheiro de alimentos José Fábio Soares, técnico da Cooperativa Grande Sertão, de Montes Claros.

            A entidade trabalha com o processamento de frutos nativos do cerrado e a comercialização dos seus derivados, a partir de parceria com associações de pequenos produtores do Norte de Minas. A quantidade de localidades que enviam o pequi in natura para a cooperativa dá a ideia do grande potencial do produto extrativista: são cerca de 300 comunidades da região.

 “Acredito que a produção do mel do pequi é uma motivação a mais para a preservação dos pequizeiros. Além disso, o produto ganha valor agregado, gerando mais empregos e renda nos pequenos municípios”, avalia Fábio Soares.

Registro da marca e indicação geográfica

A comercialização do fruto-símbolo do cerrado no Norte de Minas poderá ser ampliada a partir da busca do reconhecimento da indicação geográfica dos produtos da cadeia produtiva do pequi. Também é feita mobilização para o registo da Marca Coletiva do mel monofloral do pequi – ações que estão inseridas no projeto “Desenvolvimento Sustentável das Frutas Nativas e Plantadas da Agricultura Familiar para o Norte de Minas”.

O projeto é uma iniciativa é do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário para o Desenvolvimento Ambiental Sustentável do Norte de Minas (Codanorte), em convênio com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

A coordenadora de Desenvolvimento Regional do Codanorte, Soraya Cavalcante Nunes Ottoni, salienta que o projeto envolve cerca de 200 produtores extrativistas e prioriza os 25 municípios norte-mineiros do chamado Arranjo Produto Local (APL) do Pequi.

Soraya lembra que a ação visa a assegurar o desenvolvimento sustentável, com a geração de renda e preservação da espécie nativa. Com o projeto, afirma, espera-se um manejo adequado e consequentemente uma exploração sustentável dos recursos naturais, pela maior utilização da produção e ampliação das áreas de frutas nativas, pelo fortalecimento do APL do Pequi via aumento da ocupação de mão de obra, além da agregação de valor aos produtos e renda para o agricultor familiar.

“Ao mesmo tempo, são preservados os germoplasmas das frutas nativas e a diferenciação qualitativa de desenvolvimento social e territorial por meio da Identificação Geográfica do pequi do Norte de Minas Gerais”, acrescenta a representante do Codanorte.

Ela chama atenção para a importância do pequizeiro para a sobrevivência nas pequenas comunidades do Norte de Minas. “Trata-se da planta nativa símbolo do cerrado brasileiro e o seu fruto é muito apreciado. Além do pequi, todas as frutas do cerrado e da caatinga têm grande importância para os produtores e para a população consumidora, geram emprego, geram renda, geram dignidade e, muitas vezes, representam a única fonte de renda de muitos produtores e catadores”, observa”.

Fonte: Estado de Minas – 27/02/2023

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