A startup Reabilitare, iniciada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Inemontes), vinculada à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), devolve dignidade e qualidade de vida a pacientes que sofreram mutilações em decorrência de cirurgias para a remoção de câncer. A iniciativa consiste na confecção de próteses bucomaxilofaciais, essenciais para restaurar funções como fala, deglutição e respiração, além de promover a reintegração estética e social dos pacientes. O projeto surgiu em 2018, em parceria com o Hospital Dilson Godinho (HDG).

Primeiro caso
Fundadora e responsável pela Reabilitare, a cirurgiã-dentista Cristina Paixão Durães conta que a ideia nasceu durante a disciplina de Empreendedorismo e Inovação do Mestrado em Ciências da Saúde (PPGCS/Unimontes). Na época, os mestrandos atendiam pacientes oncológicos no HDG e perceberam a carência de profissionais especializados na região para reabilitar pessoas submetidas a cirurgias mutiladoras.
O marco inicial foi o atendimento à dona Geralda Veloso Soares, primeira paciente beneficiada. Ela havia perdido parte do palato – estrutura conhecida como “céu da boca”, responsável por separar boca e nariz e fundamental para falar, mastigar e respirar. A mutilação trouxe graves dificuldades para se alimentar, se comunicar e até mesmo respirar. Diante do cenário, Cristina e outros colegas buscaram especialização em Prótese Bucomaxilofacial na Universidade de São Paulo (USP), garantindo o tratamento necessário.
Inemontes
O contato com a Inemontes foi decisivo para a consolidação do projeto que hoje é considerado case de sucesso. “A incubadora foi essencial para dar forma à iniciativa, inserindo conceitos de gestão e empreendedorismo e permitindo que a ideia deixasse de ser apenas acadêmica para se transformar em uma startup com impacto real na vida das pessoas”, destaca Cristina.
Alegria de viver
Desde então, a profissional que agora é doutoranda na Unimontes já atendeu muitos pacientes – grande parte deles vivendo em isolamento social devido às marcas das mutilações. Dona Geralda, que tinha 47 anos à época do tratamento e hoje está com 54, é um exemplo de superação. Após receber a prótese bucomaxilofacial, recuperou autoestima e qualidade de vida. “Graças a Deus, consigo falar bem, me alimentar e respirar normalmente”, relata em vídeo de divulgação da Reabilitare.
Para Cristina, a startup vai além de um tratamento odontológico. “É um projeto de resgate humano, que reintegra indivíduos às suas atividades cotidianas, familiares e sociais”, sintetiza.

Motivação
No início, Cristina contou com a parceria da dentista Larissa Lopes Fonseca e, posteriormente, do biólogo Victor Hugo Guimarães Dantas. Atualmente, conduz a Reabilitare de forma individual e exclusiva.
“Cada prótese representa uma vida resgatada, uma história que volta a ser contada sem medo ou vergonha”, afirma Cristina Paixão Durães, mestre e doutoranda em Ciências da Saúde pela Unimontes, especialista em Prótese Bucomaxilofacial pela USP e em Odontologia Hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Com ampla experiência no cuidado de pacientes oncológicos, ela dedica sua trajetória ao desenvolvimento de soluções de reabilitação complexa.
