Que a alimentação é importante, todo mundo sabe, mas nem todos sabem que existe um trabalho criterioso para garantir a nutrição adequada aos pacientes dentro de uma instituição hospitalar. É o caso do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), que possui uma equipe específica para atender aos pacientes que dão entrada, diariamente, nas unidades de internação.
A assistência nutricional realizada pela equipe de Nutrição Clínica do HUCF baseia-se na utilização de uma ferramenta de trabalho segura, pela qual se estabelece a classificação do atendimento nutricional por níveis de assistência. Esta categorização do atendimento nutricional mostra-se vantajosa para que sejam priorizados os pacientes em maior risco nutricional.
- SAIBA QUAIS SÃO OS TRÊS NIVEIS DE ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL UTILIZADOS
– Primário: pacientes cuja patologia de base, ou problema apresentado, não exija cuidados dietoterápicos específicos e que não apresentam fatores de risco nutricional. São avaliados e monitorizados, uma vez por semana, pela equipe de Nutrição Clínica;
– Secundário: pacientes cuja patologia de base, ou problema apresentado, não exija cuidados dietoterápicos específicos, porém, apresentam fatores de risco nutricional associados. São avaliados e monitorizados, duas vezes por semana pela equipe de Nutrição Clínica;
– Terciário: pacientes cuja patologia de base, ou problema apresentado, exija cuidados dietoterápicos específicos e que apresentem fatores de risco nutricional associados. São avaliados e monitorizados, diariamente, pela equipe de Nutrição Clínica.
O Grupo de Apoio Nutricional e Pesquisa (GANP) do Hospital Universitário, que tem como integrantes as nutricionistas Maria Teresa Silva Antunes, Danielle Aguiar Zita e Ana Paula Cruz (foto) – foi implantado em abril de 2000, com o objetivo de prestar assistência nutricional aos pacientes internados e dar continuidade na assistência nutricional ambulatorial aos pacientes no CAETAN, conforme critérios pré-estabelecidos pela equipe.
Compete ao grupo realizar a triagem, avaliação e acompanhamento nutricional, por meio de protocolos pré-estabelecidos, visando, por meio da recuperação/melhora do estado nutricional, contribuir para a diminuição do tempo de internação. Além disso, o GANP faz acompanhamento do estágio supervisionado em Nutrição Clínica, conforme convênio firmado em 2005 com a UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri).
Félix Ferreira da Silva é aposentado e está internado no HUCF há duas semanas. Faz tratamento contra a cirrose, doença que ataca o fígado. “Eu, que careço de uma alimentação balanciada, avalio positivamente o setor de nutrição do hospital”, destaca. Ferreira tem razão, já que o cuidado com a qualidade dos alimentos no ambiente hospitalar, em muitos casos, é essencial para a reabilitação dos pacientes. Assim que terminar o tratamento, Félix promete voltar para casa e rever a família.
A assessora parlamentar, Maria Fernanda Oliveira Moraes, acompanha o filho Heitor de cinco meses, que faz tratamento contra uma disfunção metabólica. “Meu filho precisa de uma dieta bem específica. Como mãe, percebo que as nutricionistas estão bem atentas a alimentação dos pacientes do hospital. Parabenizo o hospital no cuidado com os pacientes que precisam de uma atenção específica”, agradece a mãe.
O serviço conta, atualmente, com uma equipe técnica formada por 05 nutricionistas clínicas especializadas em Nutrição Clínica, Educação em Saúde, Terapia Nutricional Enteral e Parenteral e Saúde da Família. Além da equipe de nutricionistas, possui, ainda, 01 profissional fonoaudiólogo, 01 enfermeira e 01 técnica de enfermagem, contando, ainda, com a colaboração do coordenador clínico, Dr. Antônio Sérgio Barcala Jorge.
A utilização da nutrição adequada, ofertada aos pacientes de forma humanizada, respeitando-se sempre a individualidade dos mesmos, possibilita benefícios relevantes aos pacientes e aos profissionais de saúde, especialmente ao Nutricionista, que vislumbra a eficiência prática do seu trabalho cotidiano.
COMO FUNCIONA?
A assistência nutricional aos pacientes internados inicia-se com a visita ao paciente, realizada em até 48 horas após sua admissão. Na primeira visita ocorre:
– ACOLHIMENTO – identificação do (a) profissional e estabelecimento do vínculo nutricionista/paciente. Nesta fase, são repassadas informações sobre a importância da dieta no seu tratamento.
– ANAMNESE ALIMENTAR – Uma entrevista objetiva, realizada para identificar preferências, intolerâncias, aversões, alergias, tabus, condições do apetite e da mastigação e funcionamento do trato gastrintestinal.
– AVALIAÇÃO NUTRICIONAL – realizada para identificação e classificação do seu nível de assistência nutricional e definição do seu diagnóstico nutricional. Aqui é utilizado o PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SUBJETIVA GLOBAL (ANSG). A classificação, em níveis de assistência, é realizada na instituição, desde 2009, baseando-se nas informações fornecidas pela AVALIAÇÃO NUTRICIONAL, pelos marcadores bioquímicos e pela história clínica.
O paciente pode ser diagnosticado como:
– Sem desnutrição;
– Com desnutrição presente (leve moderada ou grave);
– Em risco de desenvolver desnutrição.
Logo depois, define-se a conduta nutricional individualizada para os casos em que há necessidade de intervenção nutricional e as visitas diárias, a cada 4 ou 7 dias, são realizadas para obter informações sobre:
– aceitação e evolução da dieta;
– avaliação frequente da ingestão alimentar;
– controle do estado nutricional;
– necessidade de modificação da conduta nutricional.
Essas informações são complementadas pela consulta ao prontuário e pelas informações da equipe. Todas as avaliações realizadas pela equipe são evidenciadas em prontuário do paciente. Finalizado o trabalho, caso haja necessidade de o paciente receber alta com uma dieta especial, é realizada a orientação nutricional para que o paciente e seus familiares deem continuidade à reabilitação nutricional, em casa.
PERFIL DOS PACIENTES INTERNADOS NA INSTITUIÇÃO
Analisando-se os dados referentes ao mês de novembro/2012, verifica-se que foram realizados 109 acompanhamentos nutricionais, sendo que, desse total, 73,39% (n=80) foram classificados em nível secundário de assistência nutricional, seguidos por 22,94% (n=25) em nível terciário e 3,67% (n=4) em nível primário. Esse resultado reflete o perfil de atendimento da instituição, que recebe, frequentemente, pacientes com patologias como HIV/AIDS, hepatopatias, tuberculose (TBC) e pneumonias, entre outras, que comprometem o estado nutricional dos pacientes.