– Com dados sobre a mata seca no Norte de Minas, estudo apresenta resultados de pesquisa sobre florestas secundárias em oito países –

Os professores da Universidade Estadual de Montes Claros, Maria das Dores Magalhães Veloso, Mário Marcos do Espírito Santo e Yule Roberta Ferreira Nunes, estão entre os co-autores do trabalho internacional “Biomass resilience of Neotropical secondary forests”, publicado neste mês na Revista Nature.

A pesquisa, que tem como foco a regeneração natural de florestas em áreas tropicais, foi desenvolvida por mais de 60 cientistas de 32 países da América do Norte, América Latina e da Europa, que integram a Rede Internacional “Secondary Forests” (2ndFOR). O holandês Lourens Poorter é o coordenador desta rede.

A publicação mundial é sem precedentes para a Unimontes. A Nature é uma das mais importantes e mais influentes revistas científicas do mundo, cujos critérios para a análise e divulgação de pesquisas são dos mais rigorosos. O estudo foi publicado no último dia 11/2, nas edições eletrônica e impressa.

MATA SECA

A participação da Universidade Estadual de Montes Claros está associada aos estudos que os seus pesquisadores desenvolvem sobre Mata Seca há pelo menos dez anos – financiados pelo CNPq e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e integrado à Rede Internacional Tropi-Dry [que tem suporte do Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI)]. Os pesquisadores da Unimontes também fazem parte da Rede Matas Secas e do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota-Brasil), dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Educação (MEC) e do Meio Ambiente (MMA), além da Capes, FNDCT e CNPq.

Mapa printInicialmente, os trabalhos começaram no município de Manga (Norte de Minas) e foram expandidos para outras três regiões com registros de Mata Seca: na margem direita do Rio São Francisco (municípios de Jaíba e de Matias Cardoso), na Serra do Cipó, na região central de Minas Gerais, e em Patos, município da Paraíba.

Biólogo, mestre e doutor em Ecologia, o professor Mário Marcos do Espírito Santo explica que a pesquisa coletiva “Biomass resilience of Neotropical secondary forests”, em resumo, apresenta números inéditos sobre a regeneração de florestas em 45 áreas do continente americano e o volume de biomassa recuperada acima do solo, que é associado à absorção (sequestro) de gás carbônico (CO²).

Confira

“São estudos extremamente importantes para a mitigação dos efeitos do lançamento do CO², como o efeito estufa, ressaltando a necessidade de proteger florestas que estão em regeneração”, acrescenta. Conforme protocolo da Rede Tropi-Dry, o monitoramento é realizado em diversas parcelas de 0,1 hectare e são obtidas diversas informações – para as análises estatísticas – como “se e quando a área foi desmatada, qual o porte médio das árvores e a densidade de sua madeira – para determinar o estágio de regeneração. Há florestas de diferentes idades”, justifica o pesquisador.

PRESTÍGIO

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Pesquisadores desenvolvem o estudo há dez anos (foto: Andrey Librelon)

A Rede 2ndFOR foi formalizada no primeiro semestre de 2014, com a submissão dos textos e dados para o Conselho Editorial da Revista Nature em setembro de 2015. Após as observações para revisão de dados, o artigo foi publicado em 15 páginas, com gráficos, mapas, resumos e referências bibliográficas com dados sobre florestas monitoradas em períodos que variam entre 10 e 20 anos da Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Peru e Porto Rico.

“Uma produção publicada na [Revista] Nature torna-se algo de prestígio em nível mundial para qualquer pesquisador. Estamos muito orgulhosos em alcançar esta projeção, absolutamente difícil diante do processo complexo e do alto grau de exigência da Revista”, revelaram as biólogas Yule Roberta e Maria das Dores, mestres em Ecologia e Educação, respectivamente, e doutoras em Engenharia Florestal.

Os pesquisadores acreditam que a produção científica da Unimontes ganha mais visibilidade em nível internacional. “Definitivamente, com o esforço intenso, a Universidade torna-se referência mundial em estudos sobre a mata seca”, finaliza o professor Mário Marcos.

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