Na busca por orientações sobre o acesso ao ensino superior e informações que possam ajudar na escolha da futura profissão, alunos da comunidade quilombola de Agreste Vereda Viana, do município de São João da Ponte (Norte de Minas), cumpriram uma agenda de visitas aos prédios do campus-sede da Universidade Estadual de Montes Claros, nesta quarta-feira (20). As ações tiveram o apoio do departamento de Geociências, através da coordenadora do curso de Geografia, professora Márcia Versiane Fagundes.

A turma de 33 estudantes, entre 15 e 17 anos, integra o projeto “Projovem Adolescente”, iniciativa do Governo Federal de incentivo à convivência familiar e comunitária em regiões de risco social. Os trabalhos têm a duração de um ano e meio, divididos em dois módulos. Localizada a 60 quilômetros da sede do município, Agreste Vereda Viana conta com cerca de 300 habitantes.

PRIMEIRA VEZ

Ensino Superior“Até agora não conhecia nenhuma universidade ou faculdade. Percebi que a Unimontes é imensa e tem de tudo um pouco”, disse o estudante Iran Martins de Souza, de 16 anos, caçula de uma família de sete filhos. Apenas a irmã mais velha está no ensino superior. Autodidata em poemas e versos mostra-se tendencioso a cursar Artes ou Letras/Português, mas confessa afinidade também com Geografia e História. “Ainda não me decidi, mas se eu puder fazer algo curso perto da minha casa vou gostar mais ainda”, disse.

Já Regina Silva de Oliveira faz planos de ingressar na Unimontes pelo programa de avaliação seriada (PAES). Aos 15 anos, a aluna da Escola Estadual de sua comunidade se inscreverá para as provas da primeira etapa e se for bem sucedida nas etapas subsequentes acredita que será uma das calouras em Medicina em 2014. “É uma área que sempre gostei pelo bem que faz às pessoas”, depôs a jovem.

ORIENTAÇÕES – Egressa da Unimontes, a assistente social Genilza Mendes Ribeiro Fagundes é a coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Crase), responsável pelo Projovem Adolescente em São João da Ponte. “Muitos alunos ainda não têm noção de qual carreira seguir e até mesmo de como chegar a Universidade, por isso considero este trabalho de suma importância”, disse, referindo-se à visita ao campus.

Essa é foi terceira turma de alunos de escolas públicas do município em visita à Universidade. Nos últimos meses, outros 76 jovens da mesma faixa etária conheceram a estrutura da Unimontes. “O programa visa, basicamente, promover a melhor convivência comunitária e familiar dos jovens atendidos, com ações nas áreas de meio ambiente, cultura, arte e educação”, completa Genilza Fagundes. Ao final dos módulos, as turmas devem apresentar sugestões de projetos de ação coletiva para a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Para os quilombolas de Agreste Vereda Viana, a ideia é de viabilizar uma campanha de coletiva seletiva de lixo e um telecentro na comunidade, como ação efetiva de inclusão social.

ACESSOS

Entre as visitas à Biblioteca Central Professor Antonio Jorge, laboratórios de geociências, biologia e anatomia do campus-sede, os quilombolas puderam conhecer um pouco mais de como funciona o acesso aos cursos da Unimontes. O professor Claudionor Barros, membro efetivo da Comissão Técnica de Concursos (Cotec), explicou aos visitantes sobre o funcionamento do programa de avaliação seriada, realizado a cada ano para os alunos das séries do ensino médio (da 1ª à 3ª etapa), e quais são as ações afirmativas da Unimontes para ingresso ao ensino superior.

Em destaque nesse último aspecto, o sistema de reserva de vagas, que atende às categorias dos afrodescendentes (20%), egressos de escolas públicas (20%) e portadores de deficiência e indígenas (5%), em cumprimento à lei estadual 15.259. “É importante salientar que a participação em um programa não impede fazer parte do outro. O aluno que atualmente cursa o primeiro ano do ensino médio pode iniciar-se no PAES e, quando alcançar a terceira etapa poderá se inscrever também no vestibular tradicional”, explicou o representante da Cotec.Ensino Superior

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