Amigos e Amigas da UNIMONTES.

Senhores e Senhoras.

Esta Solenidade Unificada de Outorga de Grau constitui, indubitavelmente, em motivo de enorme júbilo e privilégio incomensurável, especialmente porque, nesta noite memorável, estão sendo entregues à sociedade regional mais 388 formados, desta vez nos cursos de Administração, Artes/Música, Artes/Teatro, Artes/Visuais, Ciências Biológicas, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Filosofia, Geografia, História, Letras/Inglês, Letras/Português, Serviço Social e Sistemas de Informação.

Foram nossos alunos de ontem, são os colegas de hoje e serão os amigos de todo o sempre, após a superação dos sacrifícios, durante todos estes anos, para, enfim, atingirem o ápice da vitória, com a diplomação nos cursos que elegeram.

E vitoriosos especialmente num momento em que a palavra crise, acoplada ao abalo econômico, tem sido a mais repetida mundo afora. Derivada do grego krisis, a palavra, no entanto, sugere discernir, escolher, distinguir, o que indica ter olhos críticos.

Assim, crise não deveria comportar em si o senso comum de negação, de visão negativa. Indica transformação, como parte da evolução da natureza. É aprendizagem para a vida, sempre em mutação. Desta forma, não pode ser entendida como obstáculo ao novo, nem ser utilizada como mecanismo desestimulador.

Nos piores momentos da história da humanidade, onde houve até mesmo quem conduzisse parcelas sociais à escravidão, à opressão, por força econômica ou das armas, sempre surgiu o vento cálido da libertação, ofertando o berço aos desamparados, secando a ferida do opresso com um penso branco da paz, abrindo portas para novas empresas, dando forças para novas jornadas e realizações.

E nessa travessia existencial foi necessária a existência de pontes. As vidas são pontes por onde trafegam as almas. Uma Universidade, como é a Universidade Estadual de Montes Claros, comporta várias pontes-almas e ela mesma se transforma em elevado que conduz vidas à metamorfose que valoriza a existência holística, abarcando os seres na sua completude plena.

É esta ponte sagrada que permite a milhares de pessoas, como deu direito a vocês, hoje graduados, de sonhar e realizar a inserção social, cultural, econômica, pessoal e coletiva, profissional e anímica.
Hoje, são incluídos entre os que podem fazer essa travessia afrodescendentes, índios, egressos do ensino público, portadores de necessidades especiais, todos valorizados na Unimontes, que pratica e acredita na inclusão e não poderia ser ponte de exceções.

Mas há os que ainda não têm direito à peregrinação pelos espaços educacionais, do ensino fundamental ao ensino universitário, e para esses devemos erguer passarelas que permitam que atravessem para o outro lado do rio, como desejava Guimarães Rosa.

Muitos excluídos têm o universo conspirando contra eles, mas cabe à educação lutar pela liberdade de todos, retirando os grilhões que oprimem quem jaz no limbo do abandono. Perseverar. Perseverar.
Exemplos de insistência pelo viver nós temos muitos.

Ficaremos com a vida de Louis Braille, responsável final pela criação do alfabeto para cegos, cujo bicentenário de nascimento se comemora neste mês de janeiro.

Filho de celeiro, aos três anos feriu-se com instrumento de trabalho do pai. Perdeu uma visão e a necrose se espalhou ao outro olho. Em 1809, mesmo na França pós-iluminista, ao cego restava somente a mendicância. A família conseguiu que um professor aceitasse que o menino Braille frequentasse as aulas como ouvinte. Foi a ponte que necessitava.

Aprendeu a citar, de memória, o que se ensinava em sala de aula. Antes de adolescente, já conseguia ir à escola, desacompanhado, batendo a bengala pelos caminhos do tempo. Até que aos 11 anos ingressou na Escola de Cegos de Paris.

Da observação de livros feitos com letras em alto relevo, ele criou o alfabeto que hoje leva o seu nome. No entanto, ao apresentar sua criação pela primeira vez em 1830, foi rechaçado pelas autoridades educacionais. Ficou vinte anos insistindo para que o alfabeto para cegos fosse aceito, mas continuou sem reconhecimento e assim morreu aos 43 anos, em 1852, vítima de tuberculose.

O alfabeto que ganhou no nome de seu criador, somente passou a ser empregado em 1887, após realização de um congresso internacional que discutiu a questão do ensino aos cegos.

Braille tornou-se ponte divina para milhares de almas que tateavam no escuro da ignorância e da dor. Permitiu que homens e mulheres seguissem para longe do fosso abismal excludente.

Nas universidades é comum a retórica acadêmica. É isso muito importante e de valor. No entanto, de mais valia são os exemplos de vida, como a de Louis Braille.

Quantas pontes vocês atravessaram para chegar até aqui? Quantas ainda atravessarão? Quantas crises enfrentaram e quantas outras virão?

É preciso perseverar, como persevera a Unimontes no seu devir existencial de ser condutora de vidas, ponto de chegada e de partida, obra que dignifica a ápice da Criação Divina, o ser humano.

E é exatamente este perseverar que nos traz aqui neste momento de densa significação para nós e para nossa Universidade.

Universidade esta que, rumo ao meio século, é escada no planalto que tem se oferecido como mecanismo de inserção social através da educação. Que é exemplo de suporte para a travessia da sociedade diante do mar revolto, congregando profissionais hábeis nas mais variadas áreas do conhecimento, do saber e do fazer.

A união de forças dentro da Unimontes, o trabalho solidário e propósitos definidos formam a bússola condutora para o desenvolvimento nos seus mais variados matizes.
Associa a fé ao amor, propõe a amalgama da diversidade e se apresenta plural para agregar novos atores que farão do clímax do desenvolvimento, mesmo quando o cenário for adverso, a bem-aventurança contínua para a vida.

Diante de platéia magna é possível contemplar um horizonte além deste cenário. Cada vida presente nesta hora sublime e solene representa uma história individual e coletiva, célula única e incorporada ao todo.

Este é o entendimento de viver para servir, como servirão à vida os novos profissionais aqui graduados.

Caríssimos Amigos. Caríssimas Amigas.

Permitam-me, neste momento, especial deferência ao Estimado PATRONO GERAL, Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Doutor ALBERTO DUQUE PORTUGAL, aqui representado pelo Senhor Subsecretário de Ensino Superior, Professor Octávio Elísio Alves de Brito.

A atuação séria, honesta e competente do nosso PATRONO GERAL e o elevado espírito público sempre demonstrado por ele em todas as funções exercidas, por si só, justificariam a escolha e a homenagem.

Sem dúvida alguma, ele fez e faz por merecer. No exercício do honroso cargo de Secretário de Estado, sob a liderança do Governador AÉCIO NEVES e do Vice-Governador, Professor ANTONIO AUGUSTO ANASTASIA, o Secretário ALBERTO PORTUGAL tem apoiado e incentivado todas as ações desenvolvidas pela UNIMONTES em favor da população das regiões onde atua.

Assim, Caríssimo Amigo, Professor OCTÁVIO ELÍSIO, solicito a Vossa Excelência a especial fineza de transmitir ao Secretário ALBERTO PORTUGAL a reiteração do especial apreço e da profunda admiração de todos e de todas que integram a UNIMONTES.

Aproveito, também, para externar-lhe, Estimado Professor OCTÁVIO ELÍSIO ALVES DE BRITO, o nosso franco agradecimento em nome de toda a comunidade acadêmica, pois Vossa Excelência tem sido, em todos os momentos, poderoso e valioso aliado desta Universidade.

Amigos e Amigas da UNIMONTES. Senhores e Senhoras.

Ao concluir este pronunciamento, dirijo-me de modo muito especial aos novos graduados, ratificando os VOTOS DE SUCESSO PROFISSIONAL E PESSOAL, e de que todos vocês cultivem sempre em suas carreiras o sentimento descrito por Aristóteles:

A ALEGRIA QUE SE TEM EM PENSAR E APRENDER FAZ-NOS PENSAR E APRENDER AINDA MAIS!

A todos e a todas que aqui comparecerem, renovo os votos fraternos de UM 2009 ABENÇOADO E DE MUITA PAZ, SAÚDE, AMOR E HARMONIA.

QUE DEUS CONTINUE NOS ILUMINANDO E ABENÇOANDO!

BOA NOITE! MUITÍSSIMO OBRIGADO!

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