Além do cotidiano das salas de aula e das atividades práticas nas clínicas e hospitais, os acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros encontraram no cinema uma forma de fomentar as discussões sobre quadros clínicos e outros assuntos relacionados à área. Trata-se do projeto de extensão “MedCine”, com a exibição de filmes com temas centrais relacionados à saúde.
A iniciativa é supervisionada pela professora e psiquiatra Danielle de Carvalho Vilela, coordenadora e preceptora do internato de Saúde Mental para o 12º período, com o apoio do Centro Acadêmico “Mário Ribeiro” (CAMR) e da Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina (IFMSA/Brazil).
Nesta sexta-feira, às 17h30, na sala 301 do prédio 7 (Fadenor), será exibido o filme espanhol “Mar Adentro”, do diretor Alejandro Amenábar (2004). A história é sobre um homem que passou a ser tetraplégico após um acidente e por causa do problema tenta na Justiça por fim à própria vida. A produção relata, também, o comportamento da família e da Igreja com o caso.
LINGUAGEM UNIVERSAL
O cronograma do projeto “MedCine” prevê a realização de uma sessão a cada mês, em espaços do campus-sede, abertos às turmas de todos os períodos do curso – com o limite de 40 vagas. Ao final, debate sobre as particularidades dos casos clínicos evidenciados em cada vídeo.
A professora Danielle Vilela explica que a associação entre cinema e ensino já faz parte das atividades do internato em Saúde Mental desde 2006, mas como ele é restrito aos acadêmicos do 12º período, está sendo ampliado às demais turmas do curso e até mesmo às outras graduações do campus-sede.
“O cinema oferece uma linguagem universal para a análise de temas polêmicos e, ao mesmo tempo, atuais na área médica, como aborto, gravidez precoce, eutanásia, amputação, anomalias, dentre outros”, completa a coordenadora. Outro objetivo do projeto é de sensibilizar o futuro profissional para que associe os procedimentos de diagnóstico e tratamentos à humanização.
“Além de proporcionar uma atividade cultural ao nosso curso, o projeto incentiva a discussão sobre assuntos pertinentes à profissão. Os filmes selecionados evidenciam casos reais e, embora raros, podem e devem ser estudados”, avalia a presidente do C.A., Thaís Borges.
INÍCIO
A primeira sessão do “MedCine” foi realizada ao final de maio, com o filme “O Homem Elefante”, do diretor David Linch (1981), que recebeu indicações para o Oscar, Globo de Ouro e César, dentre outros prêmios. Nele, o personagem central sofre de uma doença rara (Síndrome de Proteus), que provoca a deformidade de praticamente todo o corpo. Ao assisti-lo em um espetáculo de circo, um médico resolve interná-lo para tratamento.
Ao final da exibição, a coordenadora Danielle Vilela e o professor e homeopata Eugênio Antônio Barros coordenaram os debates juntos aos acadêmicos sobre temas como “dignidade, preconceito, ética médica, responsabilidade social, estigmas e a relação médico-paciente, além da própria deformidade física”.