Montes Claros sedia um vigoroso projeto que tem como objetivo o plantio da macaúba, visando à produção de biocombustíveis. Trata-se do Centro de Tecnologia e Inovação do Agronegócio, o Acelen Agripark, que receberá um investimento de R$ 314 milhões em sua implantação. O empreendimento da empresa multinacional Acelen Renováveis utilizará tecnologia desenvolvida pela Universidade Estadual de Montes Claros para a germinação de sementes de macaúba.

O projeto foi discutido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em audiência pública da Comissão de Minas e Energia. A reunião atendeu a requerimento do deputado Gil Pereira, presidente da comissão.
A audiência contou com a participação da pró-reitora de Pesquisa da Unimontes, professora Maria das Dores Magalhães Veloso, que representou o reitor, professor Wagner de Paulo Santiago, juntamente com o professor Leonardo Monteiro, do Departamento de Biologia Geral da Unimontes, responsável pela patente referente ao processo de transferência de tecnologia da germinação da semente da macaúba para a Acelen. Entre outras lideranças, contou tambem com a participação do prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães.
Durante a audiência, a professora Maria das Dores Magalhães Veloso destacou a importância da contribuição da Universidade ao projeto, que agrega valor à cadeia produtiva da macaúba, impulsionando o desenvolvimento regional.
“A Universidade, por intermédio dos seus pesquisadores em todas as áreas do conhecimento, se coloca à disposição para atuar não somente no desenvolvimento desse processo de germinação da semente da macaúba, mas também em outras linhas que a empresa Acelen vai desenvolver no Norte de Minas”, afirmou a pró-reitora de Pesquisa.

O Centro de Tecnologia e Inovação do Agronegócio, o Acelen Agripark, foi construído em uma área de 138 hectares. No futuro, a unidade terá capacidade para a produção de 1,7 milhão de sementes por mês e 10,5 milhões de mudas por ano.
Durante a audiência pública na Assembleia, Gil Pereira, além de enaltecer o potencial energético do projeto, lembrou que a macaúba é uma cultura perene e que não compete com a produção de alimentos, já que pode ser utilizada para recuperar terras degradadas. Por esse motivo, segundo ele, a empresa de energia Acelen se programa para, por meio da melhoria genética e de cultivo, estabelecer em Minas Gerais uma cadeia de produção de biocombustíveis a partir dessa planta.
O investimento inicial da Acelen no Brasil é de US$ 3 bilhões, com potencial para gerar até 85 mil postos de trabalho diretos e indiretos — sobretudo voltados para a agricultura familiar — e movimentar, até 2035, um total de R$ 40 bilhões na economia nacional, destacou o parlamentar.
“Trata-se de um projeto ambicioso, de forte impacto econômico e social em Minas Gerais e na Bahia, e que promete ser parte da solução para o desafio da descarbonização global. E o melhor é que está sendo implementado de forma integrada com instituições de ensino superior, como a Unimontes e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), utilizando tecnologia já desenvolvida por elas”, afirmou Gil Pereira.
A reunião contou com a presença do vice-presidente operacional da Acelen Renováveis, Marcelo Cordaro. Ele abordou a promissora proposta do uso da macaúba na produção de biocombustível para aviação comercial.
Segundo Cordaro, atualmente, 23% da emissão de gases de efeito estufa decorre da mobilidade, sendo que a aviação em geral é responsável por 3% desse total. Embora esse número possa parecer pequeno, trata-se de um custo ambiental elevado, com poucas alternativas. É nesse contexto que a macaúba surge como matéria-prima para o combustível sustentável de aviação — o SAF (sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel), um promissor nicho de mercado.
Essa escolha pelo Norte de Minas, segundo ele, pareceu a mais lógica e viável após cerca de dois anos e meio de prospecção pela empresa, tanto que o Acelen Agripark, a ser inaugurado no próximo mês, foi erguido em apenas dez meses.
“Nosso ponto de partida foi o contexto das mudanças climáticas e a necessidade de novos combustíveis renováveis como solução em termos de mobilidade para reduzir o aquecimento global”, justificou.
(Com informações da ALMG)