O aumento da obesidade, especialmente, entre os adolescentes, foi abordado na 1ª defesa de tese do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O estudo foi produzido pela professora e nutricionista Lucinéia de Pinho que, durante a pesquisa, desenvolveu o trabalho “Obesidade: Diagnóstico e Padrão Alimentar em Adolescentes, Educação Nutricional e o Papel da Dieta conforme Estudo de Novas Vias Moleculares”. O levantamento apontou que 18,5% dos adolescentes de Montes Claros têm excesso de peso.

As atividades do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde foram iniciadas em 2006, com um curso de mestrado profissional e outro acadêmico. Em 2011, foi iniciado o doutorado em Ciências da Saúde, primeiro doutorado institucional  da história da universidade, que, atualmente, conta com 44 acadêmicos.

Conforme explica a nutricionista – e agora, doutora em Ciências da Saúde – Lucinéia de Pinho, nos últimos anos, a incidência de obesidade cresceu consideravelmente em várias partes do mundo, tornando-se um problema de saúde pública. Por isso, ela desenvolveu a tese com o objetivo de avaliar a prevalência da obesidade e consumo alimentar em adolescentes de Montes Claros e, ainda, o papel da dieta na modulação de vias moleculares em modelos experimentais.

Como foi feito – A nutricionista relata que foi desenvolvido o estudo por amostragem com 600 adolescentes da rede pública municipal de ensino de Montes Claros – escolhidos aleatoriamente. “Para caracterização da obesidade nos adolescentes avaliou-se o estado nutricional, o consumo alimentar e prática de exercícios físicos. E para o diagnóstico da atenção à saúde para esse agravo nutricional foi verificado o conhecimento dos profissionais da atenção primária do mesmo município”, esclarece a autora do estudo, que foi desenvolvido em parceria com o Município.

Foram identificados três padrões alimentares no grupo de adolescentes. Junk Food (como são chamados os alimentos de baixo valor nutricional) Saudável e Tradicional. Ao final, foi constatada a prevalência de excesso de peso de 18,5% entre os adolescentes.

“O nível socioeconômico, atividade física e consumo alimentar foram associados à obesidade em adolescentes”, disse a nutricionista, lembrando que “o desempenho dos profissionais de saúde no teste de conhecimento foi no geral insatisfatório, de modo que ações de educação nutricional são potenciais para reverter esse quadro”.

Doutoranda Lucineia de Pinho e Comissão Examinadora

Professores Sérgio Henrique Souza, Antonio Prates Caldeira, Ana Cristina de Carvalho, Lucineia de Pinho (doutoranda) e as professoras Andréa Maria Eleutério, Eliete Flávio Fernandes e Luciana Neri Nobre – comissão examinadora

Ela relata também que, “considerando os resultados obtidos na avaliação do consumo alimentar, paralelamente, foi realizado um estudo experimental com animais de laboratório, com o objetivo de testar o efeito de diferentes dietas na expressão de componentes do sistema “renina angiotensina” e “enzimas sirtuínas”, moduladores de processos inflamatórios no tecido adiposo (gorduras)”.

Os resultados mostram que “as dietas com alto teor lipídico induziram um estado degenerativo associado com a desregulação na expressão das proteínas no tecido adiposo”. Portanto, observa a especialista, “a prevenção e controle da obesidade pelos profissionais de saúde, especialmente por meio da avaliação do estado nutricional, o consumo alimentar e atividade física, são essenciais para reverter esse cenário”.

Cartilha – Durante o estudo da tese também foi proposta uma intervenção para capacitar os profissionais de saúde da atenção primária, incluindo médicos, enfermeiros, dentistas e agentes comunitários de saúde, na prevenção de excesso de peso em adolescentes. Desta forma, foi elaborado o “Manual do Caderno do Tutor: Alimentação saudável na Adolescência”.

A cartilha trata da discussão de três temas básicos: ações de educação em saúde, estado nutricional e aconselhamento nutricional. “O método empregado na capacitação, bem como as estratégias selecionadas e tecnologias desenvolvidas, foram pautadas sobre os conceitos de promoção da saúde e educação nutricional problematizadora”, explica a doutora. Ela lembra que o material de capacitação foi elaborado de acordo com as recomendações nacionais para alimentação saudável na adolescência.

A nutricionista explica que o “Manual do Caderno do Tutor: Alimentação Saudável na Adolescência” representa uma estratégia para a qualificação das práticas de promoção da saúde e do cuidado aos adolescentes obesos na atenção primária. Nesse contexto, ressalta, o material poderá ser utilizado para subsidiar planos de ação de combate ao sobrepeso e obesidade em adolescentes, desenvolvidos por secretarias municipais de saúde e de educação, escolas e, também, pelos próprios profissionais de saúde.

Contribuição importante – A professora Ana Cristina de Carvalho Botelho, que atuou como orientadora da tese de doutorado, salienta que o estudo representa uma contribuição importante para se discutir e combater a questão do excesso de peso, resultando na publicação de dois artigos e no envio de outros quatro trabalhos para revistas de expressão nacional na área de saúde.

Cartilha Alimentação Saudável na Adolescência

Cartilha produzida a partir da tese de doutorado: Alimentação Saudável na Adolescência, pela Editora Unimontes

“A obesidade já é considerada um problema de saúde pública. Com a avaliação da prevalência da obesidade e do consumo alimentar em adolescentes de uma população de Montes Claros, pudemos constatar que a prevalência de excesso de peso foi de 18,5% entre os adolescentes, sendo que o nível socioeconômico, atividade física e consumo alimentar foram associados a este quadro de obesidade na população avaliada”, relata Ana Cristina.

O estudo também ressalta a importância dos profissionais de saúde na redução dos casos de obesidade juvenil. “A participação dos profissionais de saúde é fundamental para reverter o atual quadro de obesidade, especialmente, por meio da avaliação do estado nutricional, do consumo alimentar e da atividade física”, observa.

“Avanços”

“A primeira defesa de tese do doutorado em Ciências da Saúde tem grande significado, pois demonstra a melhoria da formação proporcionada pela Unimontes”, considera o pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade, professor Hercílio Martelli Junior. “A Unimontes oferece os cursos nos níveis de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Atende uma extensa demanda reprimida das regiões Norte e Noroeste de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri”, afirma o pró-reitor.

“A partir dos cursos de mestrado e doutorado é proporcionada a melhoria não somente do corpo docente da Universidade, mas dos professores de todas a instituições das regiões onde atua a Unimontes”, acrescentou Hercílio Martelli. Ele assinala que, com a primeira defesa de tese do doutorado em Ciências da Saúde, a instituição “ratifica sua proposta de consolidar cada vez mais as ações da pós-graduação”.

O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, professor André Luiz Sena Guimarães, destaca a relevância do estudo realizado pela aluna Lucinéia de Pinho durante o programa. “Trata-se de um trabalho de alta qualidade, desenvolvido dentro de um curto prazo e que trouxe novos conhecimentos sobre o problema da obesidade”, avalia. Ele ressalta que, com a implantação do doutorado institucional, a Unimontes vem alcançando uma série de avanços. “As orientações de alunos de iniciação científica têm se expandido consideravelmente a cada ano e com resultado em progressos científicos e humanos importantes”, observa André Sena Guimarães. 

 

 

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