A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) contará com um novo centro de excelência em pesquisa voltado para a área de saúde, com um investimento da ordem de R$ 20 milhões, a serem liberados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A aprovação do Centro de Excelência em Saúde da Unimontes foi anunciada pelo presidente da Fapemig, professor Carlos Alberto Arruda, nesta sexta-feira (26/09), durante o III Congresso Internacional de Educação e Inovação, no Teatro Universitário, no campus-sede da universidade.

Na oportunidade, ocorreu a sessão comemorativa dos 40 anos da Fapemig, que contou ainda com as presenças do diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação, professor Luiz Gustavo Lopes Cançado, e do reitor da Unimontes, professor Wagner de Paulo Santiago, juntamente com pesquisadores, professores e estudantes bolsistas de iniciação científica.
O Centro de Excelência em Saúde tem como objetivo promover a inovação, a excelência científica e a aplicação prática do conhecimento para o enfrentamento dos principais desafios em saúde pública, com foco nas realidades regionais e nas prioridades globais. Trata-se do segundo centro avançado de estudos da Unimontes viabilizado com financiamento da Fapemig.
Em março deste ano, foi inaugurado pela Universidade Estadual de Montes Claros o Centro de Excelência no Semiárido – “Sertão”, que receberá dotação de R$ 20 milhões da Fapemig ao longo de 20 anos. O “Sertão” é o primeiro centro de excelência destinado às pesquisas da região semiárida do Brasil. A sua criação foi aprovada pela Fapemig em dezembro de 2024.
Durante o evento, o presidente da Fapemig contou um pouco da história dos 40 anos da Fundação e destacou as iniciativas e a parceria histórica com a Unimontes. Atualmente, a universidade é contemplada com parte do orçamento da Fundação destinado a editais exclusivos de bolsas e projetos.
“Nós entendemos que é importantíssimo que Minas Gerais gere conhecimento relevante e nós queremos apoiar a excelência em pesquisa nas suas instituições. Então, começamos a trabalhar no conceito que chamamos Centros de Excelência, que são grupos de pesquisas temáticas específicas e bem direcionadas, em que, durante o período de cinco anos, a Fapemig se compromete a apoiar esse grupo de maneira crescente e significativa, colocando R$ 20 milhões”, comenta o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa.
Carlos Alberto Arruda ressaltou que a meta da Fapemig é incrementar cada vez mais a investigação científica e tecnológica em Minas Gerais, contribuindo com o desenvolvimento econômico do estado e com a melhoria da qualidade de vida da população. “Nós queremos que Minas Gerais seja um estado onde o conhecimento desenvolvido na universidade converse com a realidade do mundo econômico e empresarial, gerando soluções aplicadas, seja por meio de transferência de conhecimento ou de patentes aproveitadas pela indústria”, disse o presidente da Fapemig.
Projetos Inspiradores
Durante a comemoração dos 40 anos da Fapemig, no III Congresso Internacional de Educação e Inovação, foi realizada a apresentação dos “Projetos Inspiradores”, estudos avançados que contam com o apoio da Fundação.
O pesquisador Victor Martins Maia apresentou a palestra “A história da pesquisa com o cacau em Minas Gerais: principais desafios e a importância do apoio da Fapemig”. Coordenador do Centro de Tecnologia para Cacauicultura em Regiões Não Tradicionais, o professor Victor Maia destacou que o apoio recebido por meio da Fundação foi fundamental para o início dos projetos em 2011. Atualmente, o apoio se expandiu e tem sido crucial, principalmente, para a captação de mão de obra especializada e a formação de recursos humanos para o andamento dos estudos sobre a cultura do cacau irrigado no semiárido, realizados na fazenda experimental do campus da Unimontes em Janaúba.
O professor Victor Martins destacou a possibilidade de parceria com outras universidades e empresas, permitindo a troca de experiências. “Temos um estudante de doutorado da Unimontes participando do programa de fermentação do cacau na Universidade Federal de Lavras (Ufla), com bolsa da Fapemig. E o que aprendermos lá, vamos aplicar na fazenda experimental em Janaúba, com o cacau que já está pronto. Vamos, quem sabe, criar um terroir do sertão, um cacau específico com características próprias da região e, quem sabe, ganhar prêmios de qualidade do mundo todo”, contou o pesquisador sobre os sonhos futuros.
Já o pesquisador Leonardo Monteiro, coordenador do Laboratório de Reprodução Vegetal da Unimontes, abordou a “Propagação das palmeiras do Cerrado: do básico ao aplicado”. O professor destacou em sua fala a riqueza da biodiversidade do cerrado e a sua importância social e econômica.
“A gente trabalha especialmente com as frutíferas, plantas do nosso ambiente que podem ser usadas como alimento, mas também como fonte de matérias-primas muito variadas. Há cerca de 20 anos, começamos as pesquisas com um grupo de palmeiras endêmicas da nossa região, como o Buriti, a Macaúba e o Babaçu”, contou.
Um dos grandes focos de sua pesquisa é trabalhar o tempo de dormência e germinação das palmeiras, uma vez que há demora de anos para a semente começar a brotar. Outro ponto de impacto são as pesquisas com a Macaúba, devido à sua diversidade de utilização, desde a alimentação até o uso como biocombustível.
Ele lembrou que, nos anos 1980, foram feitos os primeiros estudos sobre a possibilidade de produzir biodiesel com espécies nativas, sendo a Macaúba uma das espécies testadas. “Desde aquela época, ficou demonstrado que o biodiesel da Macaúba é excelente, tanto no âmbito produtivo quanto pelo grande potencial para uso como biocombustível”, contou o professor, destacando que atualmente o óleo da Macaúba tem sido destinado principalmente à produção de biocombustível para a aviação.
A partir da pesquisa coordenada pelo professor Leonardo Monteiro, foi reduzido o tempo de dormência (de germinação) da Macaúba. Como resultado do estudo, a Unimontes teve o registro de patente e efetivou a transferência da tecnologia para a Acelen Renováveis. A empresa instalou no município de Montes Claros o Centro de Tecnologia e Inovação Agroindustrial, o Acelen Agripark. O local reúne pesquisa, inovação e tecnologia para o desenvolvimento da Macaúba, que será usada como matéria-prima inovadora na produção do Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e Diesel Verde (HVO).
Instalado próximo ao distrito de Nova Esperança, o empreendimento ocupa uma área de 138 hectares. O local terá capacidade de germinar 1,7 milhão de sementes de Macaúba por mês e produzir 10,5 milhões de mudas da espécie por ano.
A série de eventos “Projetos Inspiradores” foi criada em celebração aos 40 anos da Fapemig, comemorados em 2025. O objetivo foi homenagear pesquisadores e instituições que desenvolveram estudos com impacto positivo tanto para o campo da ciência quanto para a qualidade de vida da população. Até o momento, o projeto já realizou atividades nas cidades de Uberlândia, Viçosa, Lavras e Belo Horizonte. O próximo encontro está marcado para o dia 15 de outubro em Uberaba.





