Três projetos de pesquisa e inovação desenvolvidos pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) foram selecionados para a mostra do evento “Inova Minas”, organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Geraise que teve início nesta segunda-feira (23/11), no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Foram selecionados para a mostra setenta (70) projetos financiados pela própria Fapemig com projeção no âmbito da investigação científica. As atividades prosseguem até esta terça-feira.

Foram selecionados para o “Inova Minas” os projetos “Processo de Germinação de Palmeiras com Dormência Fisiológica – especialmente Acrocomia aculeata” – e “Aquisição de Equipamentos e Acessórios para instalação de duas Estações Sismográficas em Montes Claros”.

Outra pesquisa apresentada no evento que está vinculada à Unimontes está ligada ao tratamento do câncer, denominada “Proteína ANG (1-7) para Tratamento de Carcinoma – Células Escamosas de Cavidade Bucal”.

GERMINAÇÃO PRECOCE

A pesquisa “Processo de Germinação de Palmeiras com Dormência Fisiológica, especialmente Acrocomia aculeata” tem como autores os professores Vanessa Sales Carvalho, Leonardo Monteiro Ribeiro, Cleidiana de Oliveira Agostinho e Maria Olívia Mercadante Simões. “O objetivo do estudo é a germinação mais rápida da semente do coco macaúba”, explica o professor Leonardo Ribeiro.

Ele ressalta que, atualmente, a germinação do coco macaúba, espécie nativa do cerrado brasileiro, demora de um a dois anos. “Com a aplicação da metodologia é possível a obtenção da germinação de 90 a 100% das sementes no prazo de 12 dias e, dentro de 30 dias, a produção de plantinhas que podem ser utilizadas para a produção de mudas. A única exigência é que as sementes sejam de boa qualidade e não estejam contaminadas por microrganismos”, afirma.

O pesquisador destaca que o experimento apresenta vantagens econômicas para a região. “O método favorece o uso das palmeiras nativas como fonte de renda e alternativa para lidar com as mudanças climáticas e a crise hídrica, uma vez que estas plantas que não necessitam de irrigação, mesmo em condição do clima seco que ocorre em grande parte do Brasil”, comenta o pesquisador, lembrando que a iniciativa conta, também, com o apoio do Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica da Unimontes – Ágora.

TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Também apresentada no evento “Inova Minas”, a pesquisa “Proteína ANG (1-7) para Tratamento de Carcinoma – Células Escamosas de Cavidade Bucal” tem como o principal objetivo o desenvolvimento de um novo medicamento para o tratamento oncológico. Participam do estudo os pesquisadores André Luiz Sena Guimarães, Alfredo Maurício Batista de Paula, Carlos Alberto de Carvalho Fraga, Talita Antunes Guimarães, Lucyana Conceição Farias, Robson Augusto Souza dos Santos, Natalia Alenina, Sérgio Henrique Sousa Santos e Michael Bader.

A pesquisa é desenvolvida pela Unimontes no âmbito do Hospital Universitário Clemente de Faria, em parceria com o Laboratório de Hipertensão e com o Departamento de Fisiologia e Biofísica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), juntamente com o Max Delbruck Center For Molecular Medicina (MDC), Centro de Medicina Molecular, de Berlim (Alemanha).

O professor André Luiz Sena explica que o experimento poderá resultar em um novo medicamento voltado para o tratamento do câncer. Segundo ele, trata-se de “estudo metastático, um microambiente especializado que suporta a manutenção, regulação funcional e a proliferação das células neoplásicas”. Lembra que a pesquisa consiste no testes sobre a aplicação do tratamento do câncer com um peptídeo, a ANG (1-7), “até então usada no tratamento de casos de obesidade”.

“Os estudos existentes descrevem o envolvimento desse peptídeo em doenças relacionadas à idade, obesidade, funções cardiovasculares, neurológicas e em diversas neoplasias malignas”, observa André Luiz Sena. Ele enfatiza que, além dos próprios avanços no tratamento do câncer, a nova tecnologia poderá proporcionar importante benefício para o Sistema Único de Saúde, gerando também um novo produto para a indústria farmacêutica.

TREMORES

O projeto “Aquisição de Equipamentos e Acessórios para Instalação de Duas Estações Sismográficas em Montes Claros” foi elaborado pelos professores Expedito José Ferreira e Maykon Fredson Ferreira, ambos do Núcleo de Estudos Sismológicos da Unimontes. Por intermédio do projeto, foram liberados pela Fapemig R$ 142.022,00 para aquisição dos equipamentos da Estação Sismográfica própria da Unimontes. A instituição também conta com o apoio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes).

De acordo com o professor Expedito Ferreira, coordenador do referido Núcleo, o projeto possibilitou que o monitoramento e o aprofundamento dos estudos sobre os tremores de terra registrados em Montes Claros e na região. Com a estação sismográfica, instalada em terreno do Parque Estadual da Lapa Grande, os dados sobre os abalos sísmicos são acompanhados e transmitidos em tempo real para o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) e para o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) – as duas maiores referências nacionais no assunto.

“As buscas de respostas tranquilizadoras pela população local, quanto aos riscos que os tremores possam trazer, são comuns no cotidiano das pessoas, em diferentes classes sociais, principalmente quando estes eventos são superiores a 3,0, na escala Richter”, relata o professor Expedito Ferreira.

E completa: “estas ocorrências têm sido acompanhadas pela Unimontes, que trabalha na busca pelo domínio do conhecimento desse segmento da ciência para se posicionar com segurança junto à sociedade em termos de esclarecimentos e de apoio em momentos necessários”.

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