A pesquisa sobre a Lapa Pintada de Jequitaí foi apresentada à arqueóloga Niéde Guidon, uma das autoridades sobre o assunto no Brasil (Divulgação)

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) sugere o tombamento estadual do patrimônio arqueológico em Jequitaí, no Norte de Minas, para a preservação e desenvolvimento do potencial turístico regional, além de propor trabalhos consequentes de identificação pré-histórica. O estudo foi elaborado pelo acadêmico Thiago Pereira, do oitavo período de História no campus-sede e bolsista de Iniciação Científica Voluntária (ICV), da Unimontes, como tese de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em dezembro último.

O campo da pesquisa “A proteção do Patrimônio Arqueológico de Jequitaí”, iniciada em 2007, foi o sítio arqueológico da Lapa Pintada, às margens do rio Jequitaí (afluente do São Francisco), a 2,6 quilômetros da sede do município. Além das riquezas naturais, o município apresenta vestígios de habitação, líticos (rochas) e ossos, além dos grafismos de animais, armas e de humanos em suas pinturas rupestres. A professora Marta Verônica Vasconcelos Leite orientou o estudo.

O interesse pelo local surgiu a partir de uma ação social em Jequitaí com o flagrante de ações de vandalismo sobre as pinturas rupestres. “No Projeto Crescer realizávamos duas visitas a cada semana em Jequitaí e tive a oportunidade de conhecer o sítio da Lapa Pintada. As pinturas primitivas estavam danificadas com carvão e tinta. Assim, surgiu a oportunidade de desenvolver uma pesquisa para preservar e promover o patrimônio arqueológico, além de divulgá-lo”, analisou o pesquisador.

Conforme a pesquisa, o município de Jequitaí possui outros dez sítios arqueológicos catalogados no Sistema de Gerenciamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas que ainda demonstram a necessidade de continuação dos estudos e de pesquisas mais intensas acerca do potencial arqueológico.

INTERCÂMBIO

Como referências sobre a Arqueologia, o estudo teve como conseqüência a aproximação a outros centros de Minas Gerais, como o Museu de História Natural da Universidade Estadual de Minas Gerais (UFMG), em especial com o professor André Prous. Francês de nascimento, está entre as maiores autoridades do assunto no Brasil e há mais de três décadas desenvolve trabalhos fundamentados na pré-histórica na região norte de Minas.

Outro reforço para a repercussão do projeto foi o recente encontro com a arqueóloga Niède Guidon, especialista de renome internacional responsável pelo reconhecimento do Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí. Entre janeiro e fevereiro últimos, em ações extensionistas naquele estado, uma equipe de acadêmicos, professores e egressos da Unimontes esteve visitando o local. Na área se encontra o mais importante patrimônio pré-histórico do Brasil. Atualmente, ela dirige a Fundação Museu do Homem Americano, instituição responsável pelo manejo do parque, que detém o título de Patrimônio Cultural da Humanidade (Unesco).

MAIOR DEMANDA

Conforme a pesquisa, o sítio arqueológico do município de Jequitaí, a 90 quilômetros do campus-sede da Unimontes, pode concentrar um dos mais consideráveis acervos rupestres de Minas e do País. “Pela demanda de tempo, nem todos os sítios pré-históricos existentes na região foram visitados, razão pela qual optamos pela metodologia micro-histórica, concentrando nossas ações na Lapa Pintada”, acrescentou Thiago Pereira.

Para ele, Jequitaí como todo o norte de Minas Gerais, possui potencialidades consideráveis para as pesquisas arqueológicas, tanto em áreas conhecidas em nível nacional como o Parque Nacional do Vale do Peruaçu, como áreas ainda não tão estudadas em Coração de Jesus e Montes Claros, todas no norte de Minas. “Necessita, portanto, de preservação para estudos e pesquisas permanentes”, concluiu.

PUBLICAÇÕES

Além de sua apresentação para a comunidade acadêmica, na forma de pôsteres, artigos e resumos em congressos, a pesquisa “A proteção do Patrimônio Arqueológico de Jequitaí: o sítio da Lapa Pintada” mereceu destaque em publicações especializadas de todo o País e ainda na Revista de Arqueologia Comechingonia da Universidade Nacional de Córdoba (Argentina). O trabalho do acadêmico Thiago Pereira também foi apresentado no XVIII Seminário de Iniciação Científica da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e citado em artigo pela professora Anna Donard, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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