Foto: Neto Macedo/Ascom Unimontes

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) proporcionou novas revelações sobre a efetividade das vacinas contra a COVID-19. Desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), o estudo mostrou que, embora a vacinação seja altamente eficaz, a proteção vacinal pode ser um pouco menor em grupos mais vulneráveis da população, como pessoas com transtornos mentais graves, transtornos relacionados ao uso de álcool e tabaco e usuários de substâncias ilícitas, exigindo atenção especial.

A pesquisa integra a tese intitulada “Efetividade das vacinas e mortalidade causada pela pandemia da COVID-19 em pacientes com transtornos mentais e uso de substâncias psicoativas”, defendida por Fabrício Emanuel Soares de Oliveira na conclusão do doutorado em Ciências da Saúde. Ele também é mestre em Cuidado Primário em Saúde e professor do curso de Psicologia da Unimontes.

Defendida no último dia 6 de junho, a tese de doutorado teve como orientador o professor Hercílio Martelli Júnior e coorientadora a professora Daniella Reis Barbosa Martelli. O estudo sobre a efetividade das vacinas contra a COVID-19 foi realizado em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade da Califórnia (EUA), e contou com a participação direta do professor Eduardo Araújo Oliveira, doutor em Ciências da Saúde pela UFMG e pós-doutor pela Universidade da Califórnia.

A partir dos resultados da pesquisa, foram produzidos seis artigos científicos, orientados pelo professor Hercílio Martelli Júnior. Cinco deles já foram publicados e outro está em processo de avaliação para publicação.

Conforme explica Fabrício Emanuel Oliveira, os pesquisadores analisaram dados de mais de 2 milhões de brasileiros hospitalizados por COVID-19 entre 2020 e 2023. Eles utilizaram informações do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), base de dados mantida pelo Ministério da Saúde do Brasil.

Entre os principais achados, informa o pesquisador, destaca-se o impacto positivo da vacinação em pacientes com esquizofrenia. Esse grupo, antes da vacinação, apresentou um risco 65% maior de morte em comparação à população geral. No entanto, após a vacinação, especialmente com a dose de reforço, a proteção foi altamente eficaz, reduzindo significativamente o risco de morte e alcançando níveis próximos aos de pessoas sem o transtorno.

Entre os pacientes com transtorno por uso de álcool, os resultados também mostram a importância da vacinação, embora o uso de álcool tenha um impacto negativo maior nos efeitos das vacinas, levando a uma proteção reduzida. Nesse grupo, a eficácia da vacina foi de 44,4% após a dose de reforço, enquanto na população geral chegou a 67,8%. Além disso, pessoas que fazem uso exagerado de álcool apresentaram mais que o dobro do risco de morte, mesmo após três doses da vacina, evidenciando o impacto negativo do álcool na evolução da doença.

No caso dos tabagistas, o risco de morte por COVID-19 foi 20% maior em comparação com a população geral. Entretanto, após a vacinação completa, a proteção contra a morte foi semelhante entre fumantes e não fumantes. O estudo também observou que pessoas que combinam o uso de álcool e tabaco apresentam uma resposta vacinal ainda mais comprometida.

O levantamento mostrou ainda que usuários de substâncias ilícitas tiveram mortalidade mais elevada relacionada à COVID-19. Contudo, não foi possível analisar detalhadamente a eficácia da vacina nesse grupo devido à subnotificação, provavelmente relacionada ao estigma que ainda cerca o uso dessas substâncias.

“Apesar de algumas diferenças nos níveis de proteção, a pesquisa reforça que as vacinas continuam sendo a principal ferramenta para salvar vidas, inclusive entre os grupos mais vulneráveis”, afirma Fabrício Emanuel Oliveira.

Ele salienta que os resultados evidenciaram que a vacinação reduz drasticamente o risco de morte, mesmo em pessoas com transtornos relacionados ao álcool e ao tabaco, e se mostrou ainda mais benéfica para pacientes com esquizofrenia.

Diante desses resultados, informa o doutorado do Programa em Ciências da Saúde da Unimontes, os pesquisadores recomendam que indivíduos com transtornos mentais ou histórico de uso de substâncias sejam prioritariamente incluídos em campanhas de reforço vacinal, monitoramento de sintomas e estratégias específicas de proteção, já que continuam a enfrentar maiores riscos e demandam atenção especial dos serviços de saúde.

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