Foto: Arquivo Pessoal

O Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), é uma das 12 instituições hospitalares da Macrorregião Norte de Minas abrangidas pelo estudo intitulado “Fadiga por Compaixão em profissionais de saúde no contexto pós-pandemia Covid 19”.

O objetivo é verificar a prevalência da “síndrome de exaustão biológica, psicológica e social, que pode acometer indivíduos que liberam energia psíquica, em forma de compaixão, a outros seres vivos”, em profissionais de saúde que assistiram pacientes durante a pandemia do Novo Coronavírus, verificada oficialmente de 11 de março de 2020 a 5 de maio de 2023, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A meta ainda é compreender como a Covid 19 tem se apresentado em enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, médicos, psicólogos, farmacêuticos, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, profissionais que atuaram no período da pandemia.

A iniciativa, que contempla mais de 200 pessoas, iniciou em 2024, sob coordenação da professora doutora Carla Silvana de Oliveira e Silva, do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), ambos da Unimontes, finaliza a etapa de coleta de dados neste mês de abril e segue com a análise de dados até dezembro de 2025. A previsão é que o projeto termine em dezembro de 2026, com elaboração e envio do artigo para publicação em revistas científicas.

Relevância

Carla Silvana destaca que a pesquisa “é muito importante porque faz um diagnóstico de condições de saúde dos trabalhadores de saúde”.  Até porque a iniciativa chega para ajudar a suprir a carência de conhecimento na associação dos métodos avaliativos para melhor diagnosticar, preparar, instrumentalizar, intervir e acompanhar os profissionais de saúde, proporcionando a eles uma melhor qualidade de vida refletida na satisfação no cuidado de si e do outro.

A docente acrescenta ser a pesquisa “fundamental para elaboração de políticas públicas, que visam ter esse público de maneira humanística e empática”. O que significa, conforme o estudo, subsidiar políticas públicas destinadas à saúde do trabalhador, por meio de “projetos futuros de intervenção que contemplem as variáveis analisadas e auxiliem as instituições hospitalares na busca de uma melhor qualidade de vida no trabalho e de um melhor serviço prestado aos usuários e à sociedade”.

Locais

A pesquisa descritiva, epidemiológica, longitudinal, analítica e inferencial é desenvolvida nos serviços de referência em Oncologia, Nefrologia e Hemodiálise e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Adulto, além de Urgência e Emergência, de cinco municípios da Macrorregião Norte: Montes Claros (Hospital Universitário Clemente de Faria, Hospital Nossa Senhora das Mercês – Santa Casa, Hospital Dilson Godinho, Hospital das Clínicas Mario Ribeiro da Silveira, Hospital Aroldo Tourinho e Hospital Dr. Alpheu Gonçalves de Quadros), Brasília de Minas (Hospital Municipal Senhora de Santana), Janaúba (Hospital do Rim e Fundajan), Pirapora (Serviço de Nefrologia e Hospital Dr. Moisés Magalhães Freire) e Taiobeiras (Hospital Santo Antônio).

Coleta de dados

Para a coleta dos dados, foram autoaplicados questionários online, via Google Formulários, organizados em um único instrumento com nove seções de 168 questões, disponibilizados por link ou email. Os dados são tabulados por meio do software estatístico Statistical Package of the Social Science (SPSS), versão 20.0 for Windows® e submetidos a tratamentos estatísticos específicos.

Foto: Arquivo Pessoal

Fadiga por Compaixão

A Fadiga por Compaixão, de acordo com o estudo, afeta, mais facilmente, determinadas profissões cujo contato com quem sofre é inevitável, caso dos profissionais de saúde. Eles estão expostos a fatores de risco internos e externos, pela rotina estressante do trabalho, sobrecarga e setor de atuação, e também por questões pessoais, como conflitos familiares, idade e condição financeira. Situação agravada pela pandemia, que sujeitou ainda mais os profissionais de saúde à ocorrência da Fadiga por Compaixão pelo estresse, sobrecarga e jornadas exaustivas de trabalho, receio de contaminação própria, de seus pares, e de familiares, além, claro, da perda de pacientes. Trata-se de ambiente que favorece a incidência de agravos à saúde como estresse, ansiedade, depressão e Burnout (estresse ocupacional), além da Fadiga por Compaixão propriamente dita.

Objetivos

Entre os objetivos específicos da pesquisa consta identificar o perfil dos profissionais que atenderam pacientes em serviços de referência durante a pandemia Covid-19; correlações entre a Fadiga por Compaixão e a qualidade de vida no trabalho dos profissionais de saúde; e a influência da Fadiga por Compaixão sobre as relações pessoais e familiares dos profissionais de saúde. Visa também analisar os agentes estressores em profissionais de saúde e sua associação com a fadiga por compaixão; verificar características da personalidade hardiness (coragem) nos profissionais de saúde e a relação dos profissionais de saúde com a espiritualidade; além de avaliar o nível de ansiedade nos trabalhadores da saúde.

Trata-se da continuidade de outro projeto, “Fadiga por compaixão em profissionais de saúde: fatores associados” (2016), no sentido de avaliar a doença no contexto pós-pandêmico. A equipe técnica do estudo é composta de 10 pesquisadores.

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