– Projeto conta com oficinas de artesanatos e grupos de apoio para dinâmicas, leitura e troca de experiências –
Com o objetivo de minimizar a ansiedade vivida pelas pessoas que acompanham os pacientes assistidos na ala de Pediatria do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), a Escola Ciranda da Vida realiza de segunda a sexta-feira, sempre no período noturno, o projeto de Oficinas Terapêuticas. O trabalho permite potencializar habilidades, troca de experiências e, ao mesmo tempo, a socialização.
Profissional residente do HUCF em Psicologia, Joelma da Silva Freitas é a responsável pela orientação nas oficinas. “Com esta ação, já percebemos a significativa redução da ansiedade e até mesmo do estresse que a internação provoca em alguns casos”, explica a coordenadora.
Segundo ela, para quem vivencia um longo período de internação no ambiente hospitalar, ainda há obstáculos consideráveis a serem superados. “Elaboramos ações que proporcionem o bem-estar dos pacientes e dos acompanhantes que recebem tratamento no HUCF. O foco das oficinas está em trabalhos com produtos reciclados e artesanatos, além das rodas de conversa, dinâmicas de grupo e leitura de textos”, afirma.
Para fugir da rotina, há uma ação diferente a cada dia. Já houve caso de uma mãe, por exemplo, que não pôde fazer a atividade na Escola por causa do tipo de tratamento, mas fez o pedido para que pudesse aprender algo no próprio leito.
Sobre a causa da ansiedade, a coordenadora pedagógica da Escola Ciranda da Vida, Vilma Dias, enumera algumas das percepções junto aos participantes das oficinas: o sofrimento propriamente dito que a doença provoca, a distância de casa e da família, a interrupção da vida social e a ausência do território de vivência.
“As oficinas entram como ponto forte de apoio para a esperança. Objetivamos canalizar sentimentos e angústias em ações positivas por meio dos artesanatos produzidos e dos trabalhos realizados”, afirma Vilma Dias. Parte dos produtos das oficinas é doado pelos alunos do Programa Poupança Jovem, desenvolvido pelo Governo de Minas Gerais com alunos de escolas públicas do ensino básico.
O artesanato produzido fica com a pessoa (paciente ou acompanhante). A orientação, em alguns casos, é para que a pessoa, quando voltar para casa, se organize e tenha mais uma opção de renda nas horas. “É grande a aceitação e o sentimento para quem participa das ações é dos mais nobres. Muitas mulheres conseguem vender os produtos das oficinas para os próprios servidores”.
EXPERIÊNCIA
A dona de casa Valéria Rodrigues está no HUCF ao lado do filho, que segue à risca um tratamento de Leishmaniose Visceral (calazar). Os dois deixaram a casa e a família em São João da Ponte (Norte de Minas) e entende que as oficinas têm dois benefícios: distração e, ao mesmo tempo, acalma o coração das mães.
“Na oficina a gente até esquece que está dentro de um hospital. Não que seja ruim estar no HU, mas esse ambiente de hospital é muito triste. Estou aprendendo do zero; nunca fiz uma oficina como esta de produção de canetas. Pretendo continuar e espero me sair muito bem”, avalia Valéria.
Joyce Rodrigues da Silva também é dona de casa e veio de Capitão Enéas, outra cidade do Norte do Estado. Há 15 dias acompanha o filho de um ano no tratamento de anemia e se diz muito animada com o aprendizado.
“É muito bom aprender coisas novas. Quero fazer mais em casa. Estou ansiosa para que o meu filho receba alta. Enquanto ficarmos aqui, vou continuar a fazer; é muito bom”, descreve.