O Museu Regional do Norte de Minas (MRNM), vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), divulga programação especial para agosto, mês mais simbólico da cultura popular no município. Música, exposições, cinema e história para celebrar as Festas de Agosto e, assim, valorizar a identidade do povo norte-mineiro. O local fica na rua Coronel Celestino, 75, Corredor Cultura Padre Dudu, centro histórico da cidade.
O MRNM oferece, a partir das 9h do dia 16 de agosto, Museu aberto para visitação no sábado; Violão no Museu – Violão de Agosto – Jukita Queiroz, no dia 17, às 11h; e, no dia 20, às 15h, Palestra Clio no Museu sobre “Abolicionismo e Pós-Emancipação no Brasil”, com a professora Jonice dos Reis Procópio.
Os interessados também poderão apreciar o documentário “Os Olhos da Casa” e as exposições “Ventos Ancestrais” e “Decomposição”.
Os Olhos da Casa
A exibição do documentário “Os Olhos da Casa” poderá ser vista até o dia 25 de agosto, sempre das 8h às 17h30min. A produção conta, a partir das vivências de Ojuilê (Os Olhos da Casa), a trajetória e a história do quinquagenário Terreiro de Umbanda Pai Luiz de Congo e sua transformação na Roça Branca de Oshum Amadupé Ashé Gomeia.
Fundada em Montes Claros por Humberto Ruas Abreu, a Roça Branca de Oshum Amadupé Ashe Gomeia exerce importante papel na preservação e difusão da cultura afro-brasileira na cidade de Montes Claros e no Norte de Minas. Uma das mais antigas Roças de Candomblé, ainda em funcionamento no município, é retratada pelo olhar sensível de seu Babalaxé, Ojuilê. A produção quer honrar memória, saber e ancestralidade.
Ventos Ancestrais
A exposição “Ventos Ancestrais”, que pode ser visitada até 31 de agosto, apresenta um diálogo entre fotografia e bordado, memória e tradição, em homenagem às Festas de Agosto e aos grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos. A mostra é fruto da colaboração entre o fotoativista Lucas Viggi e o artista e bordador Elton Souza. Une a força da imagem à delicadeza do trabalho manual.
São dois quadros de fotografias bordadas, além de três instalações imersivas que exploram diferentes formas de olhar e sentir a cultura popular:
Retratos de fé – Fotografias de dançantes nos cortejos, impressas em tecido voil e suspensas no espaço, criando a sensação de movimento e presença.
Memórias por um fio – Instalação interativa criada em parceria com Elton Souza, em que o público observa as imagens através de monóculos, despertando a nostalgia das antigas formas de apreciar fotografias.
Melodia dos ventos: Pipas e Mestres – Homenagem aos mestres já ausentes, utilizando pipas como símbolos de liberdade, infância e da continuidade das tradições.
Mais do que um registro visual, “Ventos Ancestrais” propõe uma experiência sensorial que conecta passado e presente, preservando a memória coletiva e valorizando os guardiões da cultura local.
Decomposição
A exposição “Decomposição” começa no dia 14, com abertura às 18h, e segue até o dia 29 de agosto. Pode ser resumida como uma instalação site specific e foi pensada para o MRNM dialogar com o espaço. Trata-se de pesquisa que parte da ideia do apagamento histórico, que, para o artista visual Pedro Milagres, já acontece onde se localiza o Museu. “Sempre me chamou atenção o fato de que a parte histórica de Montes Claros é conhecida como Corredor Cultural”, conta ao afirmar que “essa redução” foi o ponto de partida de sua investigação para desenvolver a instalação.
Ele explica que, “dentro da minha prática, eu opero na ideia de geoprocessamento aplicado no campo das artes, então, durante a pesquisa, tenho algumas etapas: coleto informações sobre o território de diferentes maneiras, caminhadas pelo local, registro da paisagem sonora, conversas, pesquisa histórica da região… depois levo essas informações pro meu ateliê pra processar como vai ser a visualização desses dados, ou seja, qual forma essas informações coletadas vão tomar”.
Pedro Milagres utiliza na mostra o que chama de “diálogo entre alguns objetos e esculturas”, à base de micélio, numa simbiose com dispositivos tecnológicos. Micélio é a estrutura vegetativa dos fungos, composta por uma rede de filamentos finos chamados hifas. É responsável por absorver nutrientes e desempenhar funções importantes nos ciclos de vida dos fungos, como a absorção de água e nutrientes, e a reprodução. Além disso, o micélio tem ganhado destaque como material sustentável em diversas aplicações, desde construção até embalagens.
Pedro Milagres conclui que, “mais do que matéria viva, o micélio atua como um sensor ambiental com grande potencial energético, traduzindo suas conexões subterrâneas, e, assim, podemos acessar informações valiosas sobre os fluxos e estados de um território”. ⠀



