A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), por meio do Museu Regional do Norte de Minas (MRNM), recebe a exposição “Bernardo Magalhães – Fotografias”. A mostra com cerca de 40 imagens, que chega à cidade com apoio da Galeria da Chica, em Diamantina (MG), iniciou quinta-feira, 15 de maio, e segue até 06 de junho. Os interessados podem visitar a exposição de segunda a sexta-feira, sempre das 08h às 17h30min, no MRNM, que fica na rua Coronel Celestino, 75, no Corredor Cultural Padre Dudu.
Abertura
Durante a abertura da mostra, o fotógrafo, pesquisador e artista visual Bernardo Magalhães, que tem 55 anos de carreira, desnudou a peça que classifica como sua obra-prima. Ele conta que, nos anos 1970, levou “a pré-história de Minas Gerais, na região de Lagoa Santa, para dentro de Belo Horizonte, mostrando a destruição do Serra do Curral”. Diante da foto, explica tratar-se de “uma imagem rupestre, que eu manipulei digitalmente” para ficar em cima da serra encontrada em postais e, então, “fiz uma impressão em papel japonês”, que resultou na “pré-história de Minas Gerais reverberando dentro de Belo Horizonte, na Serra do Curral”.
Noutra imagem, Bernardo Magalhães explicou ter manipulado digitalmente o original analógico, quando “fiz uma brincadeira com a fotografia de várias igrejas e imprimi em papel fotográfico; aí eu peguei clichês antigos das gráficas e imprimi em cima”, a exemplo do que apresenta a Prefeitura antiga de Diamantina.
Já em frente a outras duas, ele garantiu ter usado fotogramas. Numa, 10 fotogramas que tirou dos filmes, montou e digitalizou. Noutra, encaixa dois fotogramas de imagens da década de 1960 para criar uma única imagem.
“Fotografar é gravar a luz”
Para o escritor e editor Sávio Grossi, na apresentação do site do artista, https://bmagalhaes.fot.br/, “fotografar é gravar a luz que emana dos entes que se apresentam ao nosso olhar em tal dimensão de tempo e circunstância de espaço. Nem sempre é preciso uma câmera para gravar essa luz. O próprio lápis da natureza é capaz de inscrever imagens em nossas retinas, ora como registro de memória, ora como revelação de estranhas maravilhas”.




Quem é
Bernardo Tavares da Silva Magalhães nasceu na cidade de Belo Horizonte, no dia 09 de maio de 1950. Enquanto os “Tavares da Silva” têm origem em Pernambuco, os “Magalhães” no Rio Janeiro.
Num ambiente familiar onde fervilhavam cultura e arte, tirou as duas primeiras fotos de forma intuitiva: de seu pé engessado após queda de moto e de Ella Fitzgerald no palco do Teatro Municipal de São Paulo, em 1971.
Durante a ditadura militar (1964-1985), adotou o codinome Nem de Tal. Tratava-se da recusa de fazer parte do sistema. Sávio Grossi afirma que “o apelido foi sugerido pelo escritor Roberto Drummond, entrevistado no ‘Gol a Gol’, jornal editado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No meio da entrevista, Roberto pergunta o nome do fotógrafo do jornal, que responde pelo nome familiar ‘Nem’. O escritor insiste: ‘Nem de quê? Tem que ter nome completo, Nem de Tal…’”.
Morou por quase três anos em Nova York, de 1979 a 1982, onde estudou e apresentou vários ensaios fotográficos. De volta ao Brasil, permanece na cidade de São Paulo (SP) até 1989, época em que se muda para a Bélgica e monta um estúdio na capital Bruxelas. Retorna em 1997. “A iconografia rupestre dos sítios arqueológicos brasileiros sempre exerceu irresistível fascínio sobre o fotógrafo. Desde seu percurso inaugural e ao longo das décadas seguintes, ele registrou e catalogou um considerável acervo de imagens da pré-história”, revela Sávio Grossi.

