Lesão cervical não cariosa (LCNC). De longe, o nome pode soar bem técnico, acadêmico, mas trata-se de um assunto bastante corriqueiro e, por vezes, desconhecido por pacientes e negligenciado por cirurgiões-dentistas. Uma advertência sobre o problema está na recente pesquisa publicada em forma de artigo científico no Journal of Dentistry, periódico referência mundial na área da Odontologia, com participação de professor da Unimontes. A pesquisa aponta que dos pacientes que apresentam LCNC, em torno de 12% são indivíduos jovens, e acima dos 35% são indivíduos com mais de 50 anos de idade, evidenciando o efeito acumulativo dos fatores de risco.

A publicação internacional teve a participação direta do professor, pesquisador e doutor em Ciências da Saúde e pós-doutor em Epidemiologia molecular, Danilo Cangussu Mendes, da Unimontes, que divide a autoria do artigo com o professor e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Paulo Vinícius Soares, considerado uma das maiores autoridades no assunto, e a mestre da UFU, Daniela Navarro. O professor Soares recentemente publicou um livro sobre a temática da pesquisa, que foi reeditado na versão inglês para distribuição em vários países.

O que é a LCNC

Trata-se de uma perda de estrutura dentária próxima ao nível da gengiva, que envolve não somente uma causa, mas uma combinação de fatores causais e predisponentes, dentre eles, a dieta ácida, doenças gastrointestinais, como o refluxo, escovação por técnica inadequada, hábitos deletérios, como o bruxismo (ranger os dentes) e mau posicionamento dentário, gerando forças excessivas em determinados dentes.

“As diferentes etiologias podem levar o paciente a desenvolver tanto a lesão cervical não cariosa, que é o desgaste dentário, como desencadear outros problemas como a recessão gengival, e a hipersensibilidade dentinária”, acrescenta o professor Danilo Cangussu, explicando que a recessão gengival proporciona uma diminuição da quantidade de gengiva que cobre o dente, deixando-o mais exposto. Já a hipersensibilidade dentinária é uma resposta exagerada ou uma dor passageira relacionada à exposição da dentina a estímulos químicos, táteis e térmicos.

Banca mestradoUFU

Banca composta pelo professor da Unimontes, Danilo Cangussu (1º à direita) no mestrado da UFU (Divulgação)

“Coletividade e pesquisa conjunta’. O professor Danilo Cangussu revela que o desenvolvimento da pesquisa surgiu da participação, como membro externo em banca de mestrado da então mestranda Daniela Navarro, ligada ao Programa de Pós-Graduação da UFU. “Foi a partir do grupo de pesquisa em Uberlândia que decidimos editar o artigo, mas foi a dissertação da acadêmica que direcionou o trabalho”, acrescenta o pesquisador da Unimontes.

Resultados e Extensão Universitária

A pesquisa aponta que a interação entre estas diversas condições e o caráter multifatorial traz à tona a necessidade do cirurgião dentista tratar não somente a consequência da lesão, mas de atuar na eliminação ou minimização dos fatores causais diversos.

“Além de destacar a importância da publicação no Journal of Dentistry, referência mundial, é importante enaltecer o papel do Programa de Pós-Graduação da Unimontes, a partir de parcerias estabelecidas com programas de outras instituições. Cabe ressaltar também o incentivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), essenciais para o desenvolvido do trabalho”, acrescenta o professor Danilo.

A expectativa é que, como produto da investigação científica, um projeto de Extensão Universitária possa contemplar uma iniciativa de atendimento gratuito aos pacientes acometidos pelas lesões cervicais não-cariosas e sensibilidade dentária. O projeto está em fase de elaboração e, assim como a pesquisa, será feito por meio do grupo de professores da UFU e da Unimontes.

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