Divulgado o balanço do IX Congresso Norte-Mineiro de Pesquisa em Educação, realizado na última semana, no campus-sede da Unimontes. Durante três dias de evento, foram apresentados 190 trabalhos científicos, entre comunicação oral, pôsteres e relatos de experiências. O tema central neste ano foi “Currículo: Desafios e Implicações Político-Pedagógicas”, com conferências, mesas redondas, oficinas, sessões de metodologia e minicursos, reunindo, em média, 500 pessoas entre os dias 30/8 e 1º/9.

O evento foi organizado pelo Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE), do Centro de Ciências Humanas, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Reitoria e Pró-Reitorias.

Além da interação sobre as experiências dos supervisores da educação básica no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), o IX Coped Norte de Minas criou oportunidades para discussões sobre as ferramentas de divulgação de pesquisas, a reformulação curricular no ensino médio, a prática social na elaboração do plano de aula e as matrizes nas pesquisas da educação.

“A satisfação é imensa pela repercussão do evento, especialmente pela abordagem de um tema atual que contempla a graduação, a pós-graduação Lato e Stricto sensu no âmbito da Universidade Estadual de Montes Claros”, destaca a professora Cláudia Machado, da comissão organizadora do Coped. Ela ressalta o envolvimento de alunos e professores tanto das licenciaturas como dos bacharelados, além dos cursos de mestrados e doutorados institucionais e em rede.

CURRÍCULO E DIVERSIDADE

Filósofo, doutor em Filosofia e pós-doutor em Ética, o professor Antonio Sidekum ministrou a conferência “Currículo e Diversidade”, no encerramento do Congresso, com mediação do vice-reitor da Unimontes, professor Antonio Alvimar Souza, também docente do Departamento de Filosofia da Universidade.

“É visivelmente perceptível que não há interação e harmonia dos grupos que assumem suas identidades culturais. Os paradigmas que ainda são seguidos são de uma educação conservadora; diria que é um caso de crise de identidade”, afirmou Sidekum, que é um dos organizadores da enciclopédia Latino Americana de Direitos Humanos, publicada pela editora Nova Harmonia, do Rio Grande do Sul.

O pesquisador, que também atua como docente em El Salvador, foi exilado político nos anos 70 e integrou a Comissão da Verdade entre 2013 e 2015. “A diversidade se traduz como liberdade de pensamento, expressão e informação. É justamente isto que possibilita o surgimento das expressões culturais numa sociedade”, expôs o pesquisador.

SEM FORMALIDADES

“A diversidade cultural precisa estar presente no currículo e ser tratada como tal. Deixar de lado as formalidades; voltar-se para o seu cotidiano”, comentou o professor doutor Antonio Alvimar, coordenador da mesa. Para ele, o professor Antonio Sidekum deixou algumas provocações e pontos importantes que iluminam e apontam caminhos para o debate da temática do currículo no âmbito da universidade.

“Destacamos três aspectos: o primeiro se refere à articulação profunda existente entre currículo e cultura. Entendendo que o mesmo é expressão das práticas cotidianas das pessoas. A cultura é algo dinâmico, assim sendo, o currículo também não pode ser estático. O mesmo deve acompanhar a dinâmica da vida humana”, acrescentou.

A segunda questão, de acordo com o vice-reitor, “coloca a percepção que o currículo deve manifestar os rostos das pessoas envolvidas no mesmo. Sendo assim, uma pergunta deve orientar nosso caminho. Com quais rostos lidamos com eles no nosso cotidiano? Os currículos manifestam estes rostos? Estes rostos se vêem dentro das nossas estruturas curriculares”.

Sobre a terceira questão, ainda de acordo com o vice-reitor, “Sidekum chama atenção para a necessidade do currículo contemplar situações do cotidiano da vida das pessoas. O currículo não pode ser um instrumento castrador e homogeneizador. O mesmo não deve fragmentar e ser instrumento de morte da cultura. O currículo é expressão de vida e expressa a própria alegria do viver quando os envolvidos se vêem dentro dele”.

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