Principais influências estão no custo com mensalidades e materiais escolares, alta da carne e aves e os efeitos do clima nos centros produtores de hortifrutis
Com um percentual de 0,95% em janeiro, o ano começou com alta no custo de vida para o montes-clarense, influenciado não apenas pela alta dos alimentos in natura, mas, também, por despesas onde os reajustes que são comuns nesta época, como educação, impostos e aluguel. É o que revela o relatório do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), estudo mensal sobre a inflação que é produzido pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros. Em dezembro, o índice foi de 0,89%.
A medição em Montes Claros é maior que a média das principais capitais brasileiras. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação apurada nas maiores cidades do País chegou a 0,54% – contra 0,73% de dezembro.
O maior período de chuvas intensas teve forte influência nos preços dos hortifrutigranjeiros, analisa a professora Vânia Vilas Bôas Vieira, coordenadora do IPC/Unimontes. Com maior sensibilidade à umidade, várias safras ficaram comprometidas, com pouca oferta, o que refletiu no aumento no custo de produtos como andu (40%), chuchu (39,8%), cenoura (35,6%), cebola (19%), beterraba (18,5%), inhame (18,1%), banana (16,6%), tomate (13,7%) e batata (13,3%).
No cardápio de proteínas, a possibilidade de variação ficou restrita, já que houve aumento nos preços da carne bovina (4,6%), pescados (4,16%) e aves (1,26%) – além do preço médio dos ovos (3,25%).
CAFEZINHO MAIS CARO
Alimentos que são populares e, ao mesmo tempo, com poucas opções para mudança, caso do café (6,92%), açúcar (4,72%) e da farinha de trigo (3,98%), também impactaram o custo de vida do primeiro mês de 2022. Dessa forma, nem mesmo a queda no preço do arroz (- 3,11%) e feijão (- 0,89%) ajudou a aliviar o bolso do montes-clarense.
Além da alta do aluguel, com 1,03%, entre as outras despesas com forte influência no IPC de janeiro estão o seguro veicular (13%), tarifa de transporte público (17,1%), taxas de cartório (20,9%), plano médico e odontológico (20%) e os tradicionais custos de início de ano com a educação: matrícula (10%), pré-vestibular (17,1%) e cursos técnicos (9,89%). Outra influência predominante é o reajuste no preço dos combustíveis (diesel e etanol, com 3,5% e 2,2%, respectivamente), com impacto principalmente no custo dos fretes.
VEJA O RELATÓRIO DE JANEIRO | 2022 (PDF)
“Quase sempre, janeiro é marcado por uma inflação alta, embora seja historicamente normal que isso aconteça por ser a época das matrículas, mensalidades e de compra dos materiais escolares”, contextualiza a professora Vânia Vilas Bôas, ao interpretar porque o índice chegou próximo a 1% já no primeiro mês de 2022.
A pesquisadora lembra, ainda, que houve o impacto pelo aumento do salário-mínimo, o que interfere nos custos na prestação de diversos serviços, algo parecido ao que acontece quando se registra a alta nos combustíveis. Sobre o reajuste no preço de diversos tipos de alimentos mais comuns na feira do consumidor, a coordenadora do IPC/Unimontes associa dois tipos de adversidades: “excesso de chuva em algumas regiões produtoras e, curiosamente, ao mesmo tempo vemos a forte estiagem em outros centros produtores”.
CESTA BÁSICA
Analisando somente os gêneros que compõem a cesta básica, a variação positiva para o montes-clarense foi de 2,78%, com custo médio de R$ 460,40 na compra dos 13 itens.
Proporcionalmente, este valor representa 37,99% do novo salário-mínimo. Para efeito de comparação, a cesta básica em São Paulo, por exemplo, custou ao trabalhador R$713,00, contra R$692,00 na cidade do Rio de Janeiro, também segundo o IPCA/IBGE.
Além das altas já citadas, como carne bovina, café, tomate, batata e açúcar, também subiram os preços do óleo de soja (1,74%), margarina (1,56%) e pão de sal (1,16%).
INFLAÇÃO EM MONTES CLAROS
Janeiro 2022 – 0,95%
Janeiro 2021 – 0,60%
Dezembro 2021 – 0,89%
Dezembro 2020 – 1,05%
Geral – 2021 – 10,32%