
O Índice de Preços ao Consumidor de Montes Claros (IPC-Moc) praticamente não variou em fevereiro, quando registrou 0,60% contra 0,61% no mês de janeiro de 2025. É o que aponta a pesquisa de variação de preços, realizada pelo Setor de Índice de Preços ao Consumidor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Com esse resultado, o acumulado no ano chega a 1,21%.
A professora e economista Vânia Silva Vilas Bôas, coordenadora do IPC Moc, alerta que, apesar da ligeira queda, 0,61% para 0,60%, o índice preocupa porque, “historicamente, janeiro é um mês de inflação bem mais alta, em função dos gastos que nós temos, principalmente com o Grupo Educação, e, agora em fevereiro, ele foi um pouco menor, mostrando como que a alimentação continua a pressionar a inflação”.
Ela dá uma ideia do que isso significa ao esclarecer que, “para as famílias que ganham de um a seis salários mínimos – e que fazem parte do IPC, nós temos aí um comprometimento de mais 27% da renda com os produtos alimentares e eles tiveram um peso bem expressivo, contribuindo 0,30% desse 0,60% total”. E conclui: “dá para a gente perceber como que a alimentação vem pressionando o bolso das famílias”.
Calculado desde 1982 pela Unimontes, o IPC-Moc é o indicador da evolução do custo de vida das famílias montes-clarenses. O objetivo é medir a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes das despesas habituais de famílias com renda entre um e seis salários mínimos mensais. Isso significa verificar, ao longo do tempo, o nível geral de um conjunto de produtos, bens ou serviços no varejo, a forma como eles chegaram ao consumidor final e serve de referência para avaliação do poder de compra da população.
Alimentação e Transporte Urbano
Os grupos que compõem o IPC-Moc apresentaram as seguintes variações em fevereiro: Alimentação – variação de 1,02% e contribuição de 0,30% para o resultado final do índice geral; Transporte e Comunicação – variação 0,87% e contribuição de 0,17%; Saúde e Cuidados Pessoais – variação de 0,57% e contribuição de 0,06%; Educação e Despesas Pessoais – variação de 0,52% e contribuição de 0,05%; Habitação – variação de 0,35% e contribuição de 0,07%; Artigos de residência e serviço domésticos – variação de 0,30% e contribuição de 0,02%; e Vestuário – variação negativa de -1,26% e contribuição de -0,07% .
No Grupo Alimentação, entre os produtos com variação positiva de preços estão café, mortadela, iogurte e leite condensado (industrializados); chuchu, mamão, maxixe, tomate e abacaxi (in natura); além de ovos, miúdos e vísceras e pescados (elaboração primária).
Entre os produtos que ficaram mais baratos estão óleo de soja, sopão e macarrão talharim (industrializados); abacate, banana caturra, laranja e batata inglesa (in natura); e carne bovina, arroz e feijão (elaboração primária).
A professora Vânia Silva explica que “o Grupo Alimentação foi pressionado principalmente pelos hortifrugranjeiros, frutas e verduras; além disso, nós vimos aí que as hortaliças tiveram preços elevados, principalmente em função das condições climáticas, com essa falta de chuvas na região”.
Alguns itens, segundo ela, como o café, por exemplo, continuam em alta, devido também às condições climáticas e ao aumento da exportação. A economista lembra ainda o efeito do período da Quaresma, que favorece a elevação de preços de alguns produtos típicos e que já foi observada nas duas últimas semanas de fevereiro. Caso dos pescados, miúdos e ovos.
No Grupo Transportes e Comunicação, o segundo mais influente no IPC-Moc de fevereiro – atrás somente do Grupo Alimentação – aumentaram de preço tarifas de ônibus urbano, óleo diesel, etanol e gasolina e seguro particular de veículo, enquanto ficaram mais baratos taxa de renovação de licenciamento de veículos.
Cálculo e metodologia do IPC-Moc
O cálculo do IPC Moc baseia-se nas despesas de consumo obtidas por meio da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que possibilita conhecer quais são os bens e os serviços utilizados durante um ano pelas famílias, além da representatividade de cada um desses bens e serviços na despesa global das famílias.
A metodologia de cálculo é a comparação dos preços médios do mês atual com os preços médios do mês imediatamente anterior. Os preços são pesquisados por uma equipe de seis coletores, todos eles estudantes do curso de economia da Unimontes, que visitam 400 estabelecimentos varejistas, distribuídos nos diversos bairros da cidade, com início da coleta de preços todo primeiro dia útil do mês.
Cesta Básica aumenta 0,55%
Os preços dos gêneros básicos que compõem a Ração Essencial Mínima registraram alta de 0,55% em fevereiro, contra 4,16% do mês anterior. O cálculo da cesta básica de Montes Claros utiliza a base de dados da pesquisa mensal de preços ao consumidor, realizada desde 1982.
Após a aquisição da Cesta Básica, composta por 13 produtos alimentícios, em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, restaram ao trabalhador R$ 938,17 para as demais despesas, como moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte.
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica, em fevereiro, foi de 104 horas e 33 minutos, em oposição a 103 horas e 59 minutos do mês anterior.