As inscrições para o III Xirê da Consciência Negra já estão abertas na modalidade ouvintes, enquanto as inscrições para apresentação de trabalho em sessão temática começam na próxima sexta-feira (10/10) e seguem até o dia 10 de novembro. Os interessados devem garantir participação pelo site https://xiredaconsciencian.wixsite.com/my-site.
O evento será realizado entre os dias 17 e 19 de novembro, no campus-sede e nos campi de São Francisco e Janaúba da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Organizado pelas professoras Leonara Delfino, Vânia Siqueira e Valéria Leite, vinculadas ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da instituição de ensino superior, o evento traz como tema “Território, meio ambiente e cosmopolíticas afrodiaspóricas”.
Programação
A conferência de abertura está prevista para ocorrer às 19h do dia 17 de novembro, no auditório do campus 2 em Janaúba, com Mariléa de Almeida, professora adjunta do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Em seu doutorado, desenvolveu o tema “Devir quilomba e a feminização do conceito de quilombo no Brasil” e é autora do livro “Devir quilomba: território, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas” (2022, Editora Elefante), além de ser membro da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros.
No dia 18, as atividades começam às 14h, na rua São Geraldo, 16, bairro Todos os Santos, em Montes Claros, com uma roda de conversa sobre “Candomblé e modernidade, descolonialidade, educação e os desafios para as novas gerações dos terreiros”, proposta por Ailton da Guia Gonçalves Júnior, e oficina de capoeira e musicalização com o Mestre Aberrê, também na rua São Geraldo. Às 17h, haverá a Oficina de Trança Afro – “Fios de memória e história: tranças negô como expressão cultural”, com Suellen Martins, acadêmica do curso de História no campus de São Francisco. Às 19h, será realizada, no mesmo local, a mesa “Território, fazeres de cura e transatlanticidade: comunidades negras e meio ambiente”, com participação da professora Mariléa de Almeida (UnB), do professor Léo Carrer Nogueira (Universidade Estadual de Goiás – UEG), de Wanderson Gomes (Quilombo Bom Jardim da Prata) e de Lívia Tomaz (Quilombo Pena Branca).
No dia 19 ocorrerá a mesa “O saber das folhas: território, acolhimento e cosmopolíticas afrodiaspóricas”, às 19h, no auditório do Centro de Ciências Humanas (CCH), campus-sede da Unimontes. Os componentes serão Pai Ricardo de Moura, Ravena Souza (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Unimontes) e o professor Léo Carrer Nogueira (UEG).
Xirê
O III Xirê da Consciência Negra visa refletir sobre o Sertão como espaço de territorialidades étnico-raciais, domínio de experiências e representações de contracolonialidade produzidas por grupos sociais não brancos, integrados ao meio ambiente e resistentes ao processo de colonização e à hegemonia da monocultura da agroindústria. O evento propõe discutir os marcos regulatórios dessas comunidades, os direitos constitucionais de povos tradicionais reconhecidos por legislações nacionais e por tratados e convenções internacionais, além dos descentramentos teóricos que permitem compreender a importância da ecologia dos saberes emancipatórios, forjada em territórios pluriétnicos e historicamente ameaçados.
Nego Bispo
Como dizia o Mestre Nego Bispo, segundo as docentes organizadoras, o papel dos saberes tradicionais quilombolas consiste, historicamente, em preservar, compartilhar e confluir. “Não é possível pensar em direitos socioambientais desconsiderando a necessidade de contracolonizar o discurso predatório capitalista que concebe a natureza como fonte de recursos para atender ao consumismo desenfreado das populações contemporâneas industrializadas”, alertam as professoras ao destacar que a biointeração, “a ideia de que somos da terra”, surge como proposta emancipatória da cosmopolítica quilombola, ao agregar outra relação da diversidade societária com o meio, “fazendo prevalecer o senso de coletividade, a vivência comunitária e o reconhecimento dos regimes de saberes fecundos, nos quais os usos coletivos e os manejos da terra são partes formativas das experiências de territorialidade dos grupos tradicionais diversificados”.
Organizadoras
A professora Leonara Delfino é pós-doutora em História, integrante do Grupo de Trabalho Nacional Emancipações e Pós-Abolição, dos grupos de pesquisa Emancipações e Pós-Abolição em Minas Gerais (Universidade Federal de Juiz de Fora) e do Grupo de Pesquisa para uma Educação Decolonial PluriEtnoPopular/Unimontes, além de atuar no Laboratório de Teoria da História e História Pública (Unimontes). Vânia Siqueira possui graduação em História e Pedagogia, mestrado em História Social e doutorado em Museologia e Patrimônio pelo Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio. Valéria de Jesus Leite é professora da Educação Básica e docente da Unimontes, com mestrado e doutorado em História Social.