
A inflação em Montes Claros caiu de 0,30% em julho para 0,21% em agosto, acompanhando a tendência observada no cenário nacional. É o que aponta pesquisa de variação de preços realizada pelo Setor de índice de Preços ao Consumidor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que calcula o Índice de Preços ao Consumidor do Município de Montes Claros (IPC Moc). Com o resultado, o acumulado no ano é de 4,14%, enquanto que, nos últimos 12 meses, o acumulado chega a 6,85%.
Tarifaço
A professora Vânia Vilas Boas Vieira Lopes, coordenadora geral do IPC Moc, alerta para os impactos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre as importações brasileiras, em vigor desde 6 de agosto, mas que ainda não foram refletidos no índice do mês. “Mas há uma projeção que, a partir de setembro e outubro, nós tenhamos um impacto inflacionário progressivo aqui no Brasil, especialmente em alguns segmentos como alimentação, eletrônicos e setores que são dependentes de importação”, antecipa a docente da Unimontes a respeito de possíveis elevações de preço nos próximos dois meses que podem impactar o IPC Moc.
Além disso, a coordenadora do IPC Moc prefere ser cautelosa quanto à perda de fôlego do custo de vida. “Nós sabemos que essa queda acontece, mas precisamos ter ainda mais variações nesses preços para considerar o fato como algo consistente”. Segundo a coordenadora, apesar da queda recente, os preços ainda permanecem elevados em relação ao patamar anterior.
Alimentação
Em agosto de 2025, o Grupo Alimentação, que possui o maior peso (29.4700) na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,40% e contribuiu com 0,12% para o resultado final do IPC Moc. Entre os aumentos constam água mineral, 5%; pudim em pó, 4,85%; coco ralado, 2,50%; margarina, 1,98%; doce de frutas, 1,44%; achocolatados, 1,41%; queijo minas, 1,34%; geleia de frutas, 1,29%; milho verde, 0,96%; chuchu, 48,57%; abóbora, 48,51%; banana caturra, 25,45%; limão, 23,96%; maracujá, 23,53%; melancia, 17,44%; melão, 15,37%; mandioca, 11,70%; cenoura, 8,59%; maxixe, 8,41%; kiwi, 6,20%; ameixa, 5,79%; pescados, 1,68%; fritas, 5,74%; churrasco/moquecas/peixes fritos e grelhados, 5,09%; salada de frutas/vitaminas, 1,23%; vitaminas de frutas, 1,06%; e porções, 0,86%. Entre as variações negativas estão óleo de oliva, -4,17%; café, -3,69%; açúcar, – 2,77%; requeijão cremoso, -2,19%; sopão, -1,93%; sucos de garrafa, -1,72%; água de coco, -1,44%; maionese, -1,35%; manteiga, -1,21%; massa de tomate, -1,20%; creme de leite, -1,00%; sardinha lata, -0,80%; cebola seca, -16,49%; alho, -16,28%; tomate, -14,30%; banana maçã, -11,44%; morango, -11,10%; batata inglesa, -6,67%; mamão, -6,48%; côco verde e seco, -5,16%; mexerica/tangerina, -4,06%; coentro/cebolinha/salsa/agrião, -3,43%; pêra, -3,20%; alface, -2,85%; abacaxi, -2,51%; ovos, -4,79%; carne bovina, -3,03%; arroz, -2,65%; feijão, -1,43%; e carne suinã, -1,07%.
“Nós temos visto [redução de preços], desde o mês de maio, em decorrência dos preços de produtos alimentares, principalmente alimentação na residência, que tem tido variações maiores”, aponta Vânia Vilas Boas. Para ela, alguns fatores como o período de safra “explicam essa queda nos produtos alimentares”, inclusive muitos dos itens essenciais da Cesta Básica, caso da batata, do tomate, o óleo de soja. “Vimos também na questão arroz, açúcar, feijão” que, devido também à demanda interna, chegaram com o preço mais baixo no varejo.
Vânia Vilas Boas ainda destaca que, além da alimentação, houve quedas nos grupos Vestuário e Habitação, que têm uma grande importância para o IPC. Isso colaborou para que “nós tivéssemos um resultado tão favorável, agora, no mês de agosto”, esclarece.
Vestuário
O Grupo Vestuário, que representa um peso de 5.9800, apresentou variação negativa de -0,69% e contribuiu com -0,04% para o resultado final do IPC Moc. Entre os itens que aumentaram de valor constam lençol infantil, 3,20%; travesseiro, 1,48%; fralda de tecido, 2,22%; blusa de malha, 4,12%; vestido, 1,89%; macacão, 1,88%; calça jeans, 1%; bermuda, 2,48%; e cueca, 1,11%. Entre os que tiveram queda estão vestido/short/blusa, -8,80%; conjunto de pagão, -4,49%; maiô/biquini, -15,46%; pijama/camisola, -4,17%; e calça social, -1,91%.
Habitação
O Grupo Habitação, com peso de 21.2500, apresentou variação positiva de 0,19% e contribuiu com 0,04% para o resultado final do índice. As principais variações foram: Aumentos – energia elétrica, 0,15%; aluguel do imóvel, 0,36%; amaciante, 2,28%; desinfetante, 1,79%; detergente, 0,64%; despesas com cuidados pets, 2,01%; revestimento, 6,08%; ripa, 5,80%; areia, 4,90%; e tanque, 4,04%. Quedas: saco de lixo, -1,91%; alvejante, – 1,46%; esponja de aço, -1,32%; carvão, -1,06%; óleo para peroba, -0,92%; e toalha papel, -0,87%; arame, -1,74%; padrão de luz, -1,67%; e fechadura/dobradiça, -1,29%.
Demais grupos
O Grupo Saúde e Cuidados Pessoais, que tem peso de 9.7400, registrou variação positiva de 0,77% e contribuiu com 0,07% para o resultado final do índice. Já o Grupo Transportes e Comunicação, cujo peso é de 19.6200, apresentou variação positiva de 0,11% e colaborou com 0,02% para o índice de agosto. Enquanto o Grupo Educação e Despesas Pessoais, que representa peso de 8.7000, variou 0,01%, e o Grupo Artigos de Residência e Serviços Domésticos, com peso de 5.2400, apresentou variação positiva de 0,04%. Ambos não impactaram o IPC Moc.
IPC Moc
O IPC Moc é o indicador da evolução do custo de vida das famílias montes-clarenses. Calculado desde 1982, o índice visa medir a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas habituais de famílias de nível de renda entre um e seis salários mínimos mensais. O cálculo é realizado com base nas despesas de consumo obtidas através da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que possibilita conhecer quais são os bens e os serviços utilizados durante um ano pelas famílias. Verifica ainda a representatividade de cada um desses bens e serviços na despesa global dessas famílias.
O cálculo compara os preços médios do mês atual com os do mês anterior, a partir de levantamentos em 400 estabelecimentos varejistas distribuídos pelos bairros da cidade. A coleta tem início sempre no primeiro dia útil de cada mês.
Cesta Básica
Os preços dos gêneros básicos que compõem a Cesta Básica, também chamada Ração Essencial Mínima, registraram alta de 0,04% em agosto de 2025 contra -5,21% do mês anterior. As informações necessárias para o cálculo da cesta básica de Montes Claros utilizam a base de dados da pesquisa mensal de preços ao consumidor.
A pesquisa baseia-se em decreto que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais. O dispositivo determinou que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta.
Em agosto de 2025, o trabalhador local, com renda bruta de R$ 1.518 utilizou 37,20% de seu salário para a compra da cesta básica, que custou ao trabalhador R$ 564,80, contra R$ 564,60 do mês anterior.
Restaram ao trabalhador R$ 953,20 para as demais despesas, como moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte.