O Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), por meio do Núcleo de Educação Permanente (NEP), realizou, na última terça-feira, (3/11), o evento “Letramento LGBTQIAPK e Direitos em Saúde: Periferias em Foco”, no Auditório do HU.
A iniciativa, promovida pelo movimento Periferias no Centro, teve como objetivo fomentar o debate sobre identidade de gênero, orientação sexual e diversidade no contexto da saúde pública. A ação buscou capacitar os participantes a compreenderem as especificidades e demandas da população LGBTQIAPK, com foco na melhoria do atendimento e acolhimento dessa comunidade em espaços hospitalares. O evento foi direcionado, principalmente, a profissionais da saúde, além de membros do setor administrativo e da equipe de atendimento direto ao público do HUCF.
Para Waldete Ruas de Mendonça, especialista em saúde pública e coordenadora dos serviços intra-hospitalar de doação de órgãos do Hospital Universitário, “eventos assim servem para a integração de mais conhecimentos, onde as pessoas podem compreender melhor todas essas questões que estão agregadas à nossa vida, que são comuns no nosso dia a dia no trabalho.”
A atividade recebeu o apoio do projeto de extensão universitária Inserto – Núcleo pela Diversidade Sexual e de Gênero da Universidade Estadual de Montes Claros, que, em parceria com o movimento Periferias no Centro, visa promover a inclusão e visibilidade dos temas LGBTQIAPK na sociedade.
“Estar no hospital, que é parte da universidade, é fundamental para que nós possamos pensar as questões da identidade de gênero e da orientação sexual e a diversidade de uma forma geral como ponto fundamental para o atendimento cada vez mais humanizado e que respeite os direitos das pessoas”, afirma o professor Marcelo Brito, coordenador do projeto Inserto da Unimontes.
O evento contou com palestras de cinco especialistas nos assuntos levantados. Entre os convidados, estavam o professor Welington Coimbra, mestre em Educação, e as educadoras sociais Juliane Bento e Larissa Nogueira, ambas com vasta experiência em questões relacionadas à LGBTversidade. Também participaram representantes da comunidade transgênero, como Monique Borges, integrante do projeto Transidentidade, e Carla Santos Arruda, comunicóloga, consultora em diversidade e inclusão, além de fundadora da Arambê – Soluções para a Diversidade.
“A relevância desse evento ocorre justamente porque nós sabemos que a saúde é um bem comum a todos. E o HU, o Hospital Universitário, é um hospital referência da nossa região e da nossa cidade. E assim, nós temos pessoas LGBTQIA+, que acessam esses espaços. E a nossa preocupação é justamente como lidar com o diferente. Então, a importância desse evento no HU é justamente para que as pessoas sejam letradas, elas conheçam a realidade, conheçam as particularidades dos grupos, justamente para minimizar e mitigar violências, que já são violências que ocorrem socialmente. E o espaço do hospital deve ser um espaço de segurança, deve ser um espaço de acolhimento, e não um espaço de violência, porque o espaço de violência já é a sociedade”,
Welington Coimbra, um dos organizadores do evento e membro do projeto Periferias no Centro
ENTENDENDO A SIGLA
Segundo Welington Coimbra, o acrônimo LGBTQIAPK abrange as seguintes identidades: o “L” representa as lésbicas, mulheres atraídas por outras mulheres; o “G”, os gays, homens atraídos por outros homens; o “B”, os bissexuais, que se atraem por ambos os gêneros; o “T”, que diz respeito à identidade de gênero, incluindo travestis, transexuais e transgêneros, pessoas que não se identificam com o sexo atribuído ao nascimento.
O “Q” é para os queer, indivíduos que não seguem as normas tradicionais de gênero e sexualidade; o “I”, os intersexos, com características biológicas fora da binaridade de gênero; o “A”, assexuais, que sentem pouca ou nenhuma atração sexual, mas podem ter relacionamentos afetivos; o “P”, os pansexuais, atraídos por pessoas independentemente de gênero; e o “K” significa kink, que representa pessoas que são atraídas, sexualmente e afetivamente, por relações consentidas de extrema submissão.
SOBRE O PROJETO PERIFERIAS NO CENTRO
O projeto Periferias no Centro é uma iniciativa da Comunidade Quilombola dos Nogueira ou Aquino, situada no Bairro Camilo Prates, em Montes Claros. Seu principal objetivo é proporcionar um espaço de discussão e debate sobre as questões e realidades enfrentadas pelas pessoas LGBTQIA+. Através dessa ação, busca-se promover a inclusão, a cidadania e o fortalecimento de políticas públicas para essa comunidade.
O projeto é vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e à Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, reforçando o compromisso com a promoção dos direitos humanos, a igualdade e a não discriminação. A ação também visa criar um ambiente seguro e acolhedor para as pessoas LGBTQIA+, especialmente na periferia, onde frequentemente enfrentam desafios significativos para o exercício pleno de seus direitos.